Passa quase que despercebido pelos Lazaristas de nosso tempo, os costumes e rituais de nossa Ordem no tempo em que era reunida com a de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Para tentar sanar esse fato, postarei algumas matérias com os antigos Rituais, usos e costumes que tínhamos, quando éramos a Real Hospitalária e Militar Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém.
Ritual de Profissão e Consagração dos Cavaleiros
junto a
Real Militar e Hospitalária Ordem de
Nossa Senhora do Monte Carmelo & de
São Lázaro de Jerusalém
Terminada a Missa o Eclesiástico que a havia presidido, vestindo a capa de asperges, benzia a Cruz e a Espada do novo Cavaleiro, aqui chamado de Noviço. Nesse ritual o noviço permanecia de joelhos.
Levantava-se então o noviço, que era então conduzido ao Grão Mestre, ou a seu representante, que pemanecia sentado em uma cadeira de espaldar. O Noviço então ajoelhava-se aos pés do Grão Mestre que iniciava o Ritual dizendo:
Grão Mestre: "Que pedis?"
Noviço: "Humildemente vos suplico admissão na Ordem de Cavalaria de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém".
Grão Mestre: "Só pode conceder-se essa Graça ao Mérito e à Nobreza: aos que estiverem dispostos a praticar as Obras de Misericórdia para com os pobres de Jesus Cristo, e a derramar seu sangue em defesa da Igreja Católica e em serviço d'El-Rei. Suficientes provas temos de que vos concorrem as boas partes e disposições requeridas. Estais disposto a empregar a vossa espada em defesa da Igreja, a Serviço do Rei, à Honra da Ordem e à proteção dos infelizes?"
Noviço: "Sim, Senhor, com a Ajuda de Deus."
Grão Mestre: "NA ORDEM REAL MILITAR E HOSPITALÁRIA DE NOSSA SENHORA DO MONTE CARMELO E DE SÃO LÁZARO DE JERUSALÉM VOS RECEBO, EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO."
Nessa hora o Grão Mestre fazia o Sinal da Cruz sobre o Noviço, também levantava-se, tirava a espada da bainha, e com ela lhe dois leves golpes, um no ombro direito, outro no esquerdo, enquanto isso dizia:
"Por Nossa Senhora do Monte Carmelo e por São Lázaro, vos faço Cavaleiro"
(Tinha também nessa hora o costume do Grão Mestre dar um leve tapa no rosto do Noviço, enquanto dizia "Isso é para que tu não te esqueças", porém esse costume foi perdido com o tempo.)
O Noviço, que a partir desse momento passa ser um Cavaleiro, permanecia de joelhos diante do Grão Mestre, e dele recebia a espada e lhe beijava a mão.
Grão Mestre: "Empregai essa espada segundo o espírito da Religião, e não segundo o impulso de vossas paixões. Lembrai-vos de que a ninguém deveis ferir injustamente. Cavaleiro! Doravante sede vigilante no Serviço de Deus e da Religião, obediente a vossos superiores, submisso às suas ordens, paciente às suas correções. As leis da Religião* em que haveis entrado vos obrigam à prática de todas as virtudes cristãs e morais em grau muito mais elevado do que o comum dos cristãos".
Nesse momento o Grão Mestre entregava a Cruz da Ordem ao Cavaleiro enquanto dizia:
Grão Mestre: "Eis a Cruz de nossa Ordem. Toda a vida a trareis em Nome da Santíssima Trindade, o Pai e Filho e Espírito Santo. Deve ela recordar-vos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e a incitar-vos à observância das Santas Regras e Estatutos da Religião. Adornada de Flores-de-Lis, aprendei nela a fidelidade no serviço do Rei, que por seu zelo e piedade tanto apoio e glória tem dado à nossa Ordem."
Então o Grão Mestre entregava ao novo Cavaleiro o Livro das Orações (Breviário, ou Liturgia das Horas) e o Estatuto da Ordem enquanto dizia:
Grão Mestre: "Também vos dou o Livro das Orações e Estatutos da nossa Ordem; nele estudareis os vossos deveres."
Nesse momento o Grão Mestre abria o Livro dos Evangelhos na passavem da Ressurreição de Lázaro, ou na do Paixão de Cristo, onde Cristo fava "Pedro, guarda a tua espada na bainha", e o Cavaleiro colocava a mão direita sobre o Livro, e realizava o seu JURAMENTO DE CAVALEIRO:
Cavaleiro: " Prometo a Deus Todo Poderoso, à Gloriosa Virgem Maria, Mãe de Deus, a São Lázaro e ao Grão Mestre, observar em toda a minha vida os Santos Mandamentos de Deus, e da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana: defender com grande zelo a Fé, quando me for ordenado por meus superiores.
Praticar caridade e Obras de Misericórdia com os pobres, especialmente os Leprosos, segundo as minhas possibilidades.
Guardar ao Rei inviolável fidelidade.
Guardar ao Rei inviolável fidelidade.
Dar perfeita obediência ao Grão Mestre.
Guardar durante a vida inteira castidade livre e conjugal.
Assim Deus me ajude, e estes Santos Evangelhos em que tenho as mãos."
O Grão Mestre abraçava então o Cavaleiro, que para isso se levantava, e logo em seguida novamente se ajoelhava
Grão Mestre: "Agora vos reconheço como Irmão e Cavaleiro de nossa Ordem, e nessa qualidade, como Defensor da Fé, Defensor fiel do Rei, protetor dos pobres, e submisso aos nossos regulamentos. Ide agradecer a Deus a Mercê que vos foi feita, e assinar a vossa profissão".
Nessa hora o Cavaleiro punha-se em pé, e era abraçado pelos demais Cavaleiros que estivessem presentes na Cerimônia, assinava a sua Profissão, e terminava o Ritual.
*Nota: o termo Religião presente no texto do Ritual, não faz referência a fé religiosa, ou à igrejas, pois para a Ordem a única Fé é a Católica. Religião quer dizer Ordem de Cavalaria.
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