por Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Andre Trivulzio-Galli, Príncipe de Mesocco, Príncipe Hereditário de Mesolcina, Príncipe do Sacro Império Romano-Germânico.
Muitas vezes somos levados a questionarmos: "Qual a função a Nobreza de Sangue, em uma sociedade globalizada e capitalista, como a do século XXI ?" "Será que em nossos dias, os Nobres ainda têm uma 'utilidade social' ?"
Verdadeiramente, a função da Nobreza é uma função sagrada, que não deve ser comparada com a atividade da burguesia, ou das classes dominantes em nossas repúblicas modernas.
A função da Nobreza é a de ser o verdadeiro pilar de sustentação moral da sociedade, sem o qual, a sociedade desanda em um mar de corrupção. São Carlos Borromeo, exemplo de nobre dos séculos passados, que apesar de ser filho de Gilberto II Borromeo, rico Conde de Arona, que deixou o mundo de luxo e riquezas da Nobreza da época, para servir a Deus.
São Carlos I Borromeo tornou-se Arcebispo de Milão em 1560, mesmo ano em que foi feito Cardeal pelo Papa PIO IV, seu tio materno. Os sermões de São Carlos Borromeo, dedicados muitas vezes à Nobreza, lhe valeram muitas honras, como a de ser feito Cavaleiro da Insigne Ordem Trivulziana de São Miguel Arcanjo, sendo contado entre os Cavaleiros que recebeu o Colar de Número 10 (vale-se lembrar que esta Ordem somente admite 20 Cavaleiros, cada um recebendo um Colar numerado, de 01 a 20).
Nos dias de hoje, muitas vezes as famílias Nobres encontram-se sem posses econômicas, muitas até levadas à falência econômica total, porém isto não deve servir de desculpas para a Nobre abandonar suas obrigações com a Nobreza, e com a própria sociedade, que muitas vezes nega-lhe a própria existência como Nobre.
"Antes de tudo, o esplendor do Sangue, a virtude dos antepassados e os feitos famosos predispõem de modo maravilhoso o varão nobre a marchar sobre as pegadas daqueles de quem ele descende" (1).
Por mais que a sociedade contemporânea, capitalista e cética, negue a existência da Classe Nobre, é dever desta deixar sempre claro a sua existência, mas como fazer isto?
"Uma elite? Vós (os Nobres) bem o podeis ser. Tende atrás de vós todo um passado de tradições seculares, que representam valores fundamentais para a sadia vida de um povo. Entre estas tradições, das quais o justo título vos ufanais , contais em primeiro lugar a religiosidade, a Fé Católica viva e operante" (2).
É sempre o dever da Nobreza, embora muitas vezes empobrecida materialmente, ser o farol da sociedade em que vive. Deve o Nobre, em pleno século XXI, ser uma fonte de moral e de lealdade à Igreja Católica, sem a qual não há verdadeira Nobreza.
Em tempos atuais, todos os trabalhos, que não ofendam a moral e os bons costumes, são tidos como dignos, logo, podem ser operados por Nobres e por descendentes da Nobreza. Embora não seria de todo operacional, que os Nobres busquem ser reconhecidos como tal, em seus ambientes de trabalho, estes mesmos Nobres devem demonstrar ser o que são, realizando seu trabalho com o máximo de honestidade e boa conduta, assim, logo serão reconhecidos espontaneamente pelos colegas de trabalho, e mesmo pelos patrões.
Porém a Nobreza não deve buscar apenas o lucro, deve antes buscar ganhar tesouros junto a Deus, pois "A Nobreza que viva para o lucro e não para a Fé, sem ideais católicos, aburguesada, é um cadáver de Nobreza!" (1).
Notas:
(1) São Carlos Borromeo, sermão de 08 de setembro de 1584.
(2) Papa PIO XII, Alocuções ao Patriciado e a Nobreza de Roma.
CONTINUA...
Ótimo texto! Traduz verdadeiramente o dever da Nobreza contemporânea. Sou descendente de uma família nobre italiana, mas nada muito relevante, como uma casa real. Parabéns!
ResponderExcluir