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quarta-feira, 31 de julho de 2024

Heráldica dos Duques de Lafões


Fiéis Leitores do Corriere della Mesolcina, hoje Sua Alteza Sereníssima o Príncipe D. Andrea Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Duque de Mesolcina, 18º Príncipe de Mesocco e do Sacro Império Romano, 21º Conde-Duque d'Alvito, irá vos falar sobre uma das mais queridas famílias de Portugal, a Casa de Lafões.


A Casa Ducal de Lafões, que tem o mesmo sangue da Casa de Mesolcina, ou seja, são Capetianos, descendentes diretos do Rei Hugo I, dito O Capeto, de França. 


A origem da Casa de Lafões se deu com o casamento do Infante de Portugal D. Miguel de Bragança (1699-1724) filho ilegítimo, depois legitimado Del-Rei D. Pedro II de Portugal, e a Princesa D. Luísa Casimira de Sousa Nassau e Ligne, filha do Príncipe Carlos José de Ligne e de sua esposa a Marquesa Mariana Luísa Francisca de Sousa Tavares e Mascarenhas da Silva, 2ª Marquesa de Arronches, 5ª Condessa de Miranda do Corvo e 29ª Senhora e Chefe da Casa de Sousa.


Do casamento do Infante D. Miguel de Bragança e D. Luísa de Sousa e Ligne nasceram dois varões, que foram:

1: D. Pedro Henrique de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, que foi criado 1º Duque de Lafões por El-Rei D. João V no mesmo dia de seu Batizado, em 17 de fevereiro de 1718.


O Ducado de Lafões foi criado de jure e herdade, ou seja, hereditário, e com Honras de Parente da Casa Real, no grau de Sobrinho Del-Rei. Posteriormente, com a morte do seu pai e de sua mãe, herdaria todas as propriedades paternas e todos os títulos maternos, entre os quais a Chefia da Casa dos Sousa. 


O 1º Duque de Lafões foi prometido em casamento a Rainha D. Maria I, para que assim a descendência desta mantivesse a Varonia Régia dos Capetianos de Portugal. Todavia, nos tempos Del-Rei D. José I, o seu primeiro-ministro Marquês de Pombal, querendo debilitar a nobreza, proibiu o casamento da futura rainha e o Duque de Lafões, proibindo que este mesmo viesse a se casar, morrendo sem descendência em 1761. 


Foi o brasão concedido aos titulares do Ducado e da Casa de Lafões um escudo partido: I as Armas do Reino de Portugal, II as Armas dos Sousa, que é esquartelado, I e IV de Portugal com a diferença de um filete em contrabanda, II e III de goles com uma quaderna de crescentes de prata.

Por serem os Duques de Lafões os chefes da Casa de Sousa, o timbre é o castelo dourado dos Sousa, mesmo que os Lafões tenham por varonia a de Bragança.

Muitas pessoas enganan-se ao supor que no I campo do escudo, Portugal pleno, levaria também um filete de preto em contrabanda, por ser o pai do 1º e 2º Duques o Infante D. Miguel, filho natural Del-Rei D. Pedro II, mas isso é um engano, pois os Duques de Lafões são filhos legítimos de D. Miguel e sua esposa a Princesa Luísa de Sousa e Ligne, que foi, por sinal, entitulada como Duquesa honorária de Lafões, já o Infante D. Miguel não recebeu o título de Duque de Lafões, tendo já o de Infante de Portugal com o tratamento de Alteza. Dessa forma o Ducado de Lafões não levou o filete de filhos naturais.  


Com a morte sem descendência do 1º Duque de Lafões, este foi sucedido, não só no Ducado, mas em todos os seus direitos, por seu irmão, o segundo filho do Infante D. Miguel de Bragança e da Princesa Luísa de Ligne, que foi:


2: D. João Carlos de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, 2º Duque de Lafões entre 1761 a 1806. O 2º Duque de Lafões casou-se com 1788 com D. Henriqueta Júlia de Lorena e Meneses, filha dos Marqueses de Marialva, título depois herdado pela Casa de Lafões a partir da 3ª Duquesa. 


Como D. João Carlos de Bragança, 2º Duque de Lafões, não teve descendência masculina, surgiu a questão de que a Casa Ducal de Lafões perderia a Varonia Régia dos Capetianos, a Raça da Flor-de-Lis. Para evitar isso, D. João Carlos buscou casar sua filha mais velha, e herdeira, D. Ana Maria José Domingos Francisca Júlia Senhorinha Mateus Joana Carlota de Bragança e Ligne Sousa Tavares Mascarenhas da Silva com o Marquês D. Sigismundo Caetano Álvares Pereira de Mello, que por ser o segundo filho do 5º Duque de Cadaval, tinha a varonia régia dos Bragança.  


Foram então os 3º Duques de Lafões D. Ana Maria de Bragança e Ligne de Sousa Tavares da Silva e D. Sigismundo Caetano Álvares Pereira de Mello (de varonia Bragança). D. Sigismundo Caetano, pelo acordo matrimonial, não foi considerado apenas "duque consorte" de Lafões, como a Wikipedia e muitos na internet erram: foi mesmo considerado iux-uxoris, 3º Duque de Lafões junto de sua esposa. Foi no tempo da 3ª Duquesa da Lafões que o título de Marquês de Marialva, junto com todos os bens daquela Casa foram herdados pela Casa de Lafões.


Brasão do 3º Duque de Lafões, D. Sigismundo Caetano Álvares Pereira de Mello, aquelas de seu pai, o Duque de Cadaval, ou seja, de prata, uma aspa de goles com cinco escudetes de blau carregados de cinco besantes de prata postos em aspa (Bragança antigo), com a diferença de quatro cruzes de Pereira na aspa (Cadaval). Por timbre o 3º Duque de Lafões usou a timbre antigo dos Bragança.

Como D. Ana Maria de Bragança e Ligne de Sousa Tavares da Silva e D. Sigismundo Caetano Álvares Pereira de Mello tiveram apenas filhas mulheres, novamente surgiu a questão da possível perda da varonia real na Casa de Lafões. Para o evitar, casaram sua filha mais velha e herdeira, D. Maria Carlota de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, 4ª Duquesa de Lafões, que pelo acordo do matrimônio de seus pais, herdou o tratamento de Dona de seu pai, e o brasão e o sobrenome de sua mãe, além dos títulos todos da Casa de Lafões. 


D. Maria Carlota de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, futura 4ª Duquesa de Lafões, foi dada em casamento a D. Pedro João de Portugal e Castro (com varonia de Bragança), filho dos Marqueses de Valença e Condes de Vimioso, que também tinham a Real Varonia Capetiana da Casa de Bragança, de modo que o Sangue Real se mantivesse na Casa de Lafões. D. Maria Carlota de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, foi a 4ª Duquesa de Lafões entre 1851 a 1865, e tal qual ocorreu com seu pai, seu marido, D. Pedro João de Portugal e Castro foi iux uxoris, o 4º Duque de Lafões.


Brasão de Armas de D. Pedro João de Portugal e Castro, 4º Duque de Lafões, em direito de sua esposa, D. Maria Ana de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, 4ª Duquesa de Lafões. As armas são as de seu pai, o Marquês de Valença, que são de Bragança, ou seja, de prata, uma aspa de goles com cinco escudos de Portugal (Bragança), com a diferença de quatro cruzes de Pereira na aspa. Por timbre o 4º Duque de Lafões usou a timbre antigo dos Bragança.


Contudo existe um sério erro em alguns sites da internet, inclusive na Wikipedia, ao dizerem que D. Maria Ana não teria sido Duquesa de Lafões "apenas" teria sido 6ª Marquesa de Arronches, 34ª Senhora da Casa de Sousa, 10ª Condessa de Miranda do Corvo, Marquesa de Marialva, etc... e qual o motivo que dão para tentarem apagar o nome da 4ª Duquesa da Lafões da história? É simples, por ter ela sido educada em uma família legitimista, onde seu pai, o 3º Duque de Lafões lutou na Guerra dos dois Reis ao lado de D. Miguel I contra seu irmão, D. Pedro IV, a mesma opinião defendida pelo marido da 4ª Duquesa, D. Pedro João de Portugal, afirmam então que D. Maria Ana de Bragança não teria "se encartado" no título de Duquesa de Lafões... hora qual é a lógica dessa afirmativa?! Não seria o título ducal de Lafões em juro e herdade, ou seja, a sucessão a ela recaiu após a morte de sua mãe, da mesma forma que o título de Marquesa de Arronches, onde a mesma também não buscou os reis liberais para se encartar, mas mesmo assim sucedeu?! 


É certo e óbvio que D. Maria Ana de Bragança e Ligne de Sousa Mascarenhas da Silva foi a 4ª titular do Ducado de Lafões, juntamente com todos os demais títulos que a ela se atribuem por juro e herdade.


A 4ª Duquesa de Lafões foi sucedida por seu filho mais velho, D. Caetano Sigismundo de Bragança e Ligne Sousa Mascarenhas da Silva, 5º Duque de Lafões entre 1865 a 1927. O 5º Duque de Lafões abandonou o Palácio do Grilo como residência, e mandou construir um palacete novo, no qual mandou pintar suas armas pessoais no teto da sala de jantar, ao mesmo tempo que mandou fazer de pedra as grandes Armas dos Duques de Lafões (do 1º e do 2º Duques, que o 5º Duque retomou) no frontão da casa. Também mandou pintar as armas dos Ligne, de sua ilustre antepassada, a Princesa Luísa Casimira de Ligne, o brasão do Marquesado de Marialva, além do brasão de seu avô, o 3º Duque de Lafões (armas dos Cadaval). Este foi o brasão pessoal escolhido por D. Caetano Sigismundo de Bragança e Ligne Sousa Mascarenhas da Silva, 5º Duque de Lafões:


Escudo esquarelado: I e IV as Armas do Reino, II e III de blau com uma quaterna de crescentes de prata. 

Essas Armas do 5º Duque de Lafões chamam a atenção, pois, como Chefe da Casa de Sousa, poderia ter usado Sousa pleno, porém não o fez, com certeza, por essas armas já serem usadas pelos Duques de Palmela, da família Sousa Holstein, famosa por se porem ao lado de D. Pedro IV na "Guerra dos dois Reis", ao contrário dos Duques de Lafões e dos Duques de Cadaval, então D. Caetano Sigismundo não queria fazer alusão a qualquer "semelhança" com os Palmela em seu palacete. Outra razão pelo uso da cor azul no lugar do vermelho era por ser de fundo azul, com três flores-de-lis d'ouro, o brasão do Marquesado de Marialva, do qual era o titular. O 5º Duque foi casado com Leonor de Osete y del Alamo, tendo com ela quatro filhos (1 varão e 3 moças), sendo sucedido por seu único filho, D. Afonso. 


O 6º Duque de Lafões foi D. Afonso de Bragança e Ligne Sousa Mascarenhas da Silva, que foi o Duque entre 1927 a 1946, sendo que antes, havia recebido o título de Duque de Miranda do Corvo, até suceder seu pai como 6º Duque de Lafões. Esse título, uma elevação do Condado de Miranda do Corvo, passou a ser então utilizado como o título do herdeiro do Ducado de Lafões.



O 6º Duque parece ter retomado plenamente as Armas do Ducado de Lafões, ou seja, escudo partido: I as Armas de do Reino de Portugal, II as Armas dos Sousa, que é esquartelado, I e IV de Portugal com a diferença de um filete em contrabanda, II e III de goles com uma quaderna de crescentes de prata. Também foi o 6º Duque quem abandonou o uso do apelido composto de cinco partes: de Bragança e Ligne Sousa Mascarenhas da Silva, para usar tão somente o apelido de Bragança, que passou a sua descendência de seu casamento com D. Alice Cândida de Macedo, com quem teve sete filhos, sendo os três varões D. Lopo de Bragança, Duque de Miranda do Corvo, e mais tarde 7º Duque de Lafões; O Marquês honorário de Lafões D. Miguel Eduardo de Bragança; e D. Diogo de Bragança, encartado como Marquês de Marialva. 

O 7º Duque de Lafões (1946 a 2008), D. Lopo de Bragança casou-se com Maria José da Graça Focco Viana Salvação Barreto. Como o 7º Duque não teve descendência, foi sucedido por seu sobrinho, D. Afonso Caetano de Barros e Carvalhosa de Bragança, filho do Marquês D. Miguel Bernardo de Bragança e de sue esposa D. Maria da Assunção de Barros Carvalhosa, filha dos Viscondes de Santarém. D. Afonso Caetano foi o 8º Duque de Lafões entre 2008 a 2021. 

Os 8º Duques de Lafões, D. Afonso Caetano de Bragança e D. Maria de Barros Carvalhosa foram pais de D. Miguel Bernando de Casal Ribeiro Bravo de Bragança, nascido de 1982, e que é o 9º Duque de Lafões, bem como 4º Duque de Miranda do Corvo, 11º Marquês de Arronches, 14º Conde de Miranda, 10º Marquês de Marialva, 11º Conde de Cantanhede, 5º Conde de Cavaleiros e 11º Marquês de Arronches desde 2021. 


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