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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Análise heráldica: Rei da Dinamarca altera seu brasão de armas / Heraldic analysis: King of Denmark changes his coat of arms


Sua Majestade o Rei Frederick X da Dinamarca anunciou, no dia 20 de dezembro de 2024 a adoção de seu novo brasão d'Armas, uma vez que até essa data, havia utilizado o brasão de sua mãe, a Rainha Margareth II, que abdicou do Trono danês há pouco mais de um ano. 

A mudança causou pouco, para não dizer nenhum impacto no mundo dos heraldistas (se bem que tenho certeza que, após essa publicação o tema será alvo de muitas outras "análises" daqueles pseudo-entendidos, que afirmam que jamais leem meus textos, que são "originais" nos seus temas, porém bem sabemos que não saberiam nada, nem de nobreza, nem de genealogia, muito menos de heráldica, se não copiarem o que escrevo). Todavia essa mudança é da maior importância, pois, se quando o Rei Charles III do Reino Unido levantou grande alarde apenas por utilizar um novo formato de coroa em seu brasão, muito mais comentários deveriam surgir com essa mudança do Rei da Dinamarca.

O Rei Frederick X, ao adotar um novo brasão de armas para si, com um desenho realmente muito diferente daquele adotado pela sua mãe em 5 de julho de 1972, recorda a todas aquelas pessoas que entendem pouco de heráldica alguns pontos fundamentais dessa Ciência Heroica, que são:

  1: Não existe "brasão de sobrenome": um brasão é sempre pessoal e, mesmo nos altos postos como o de um Chefe de Estado Hereditário, ao se herdar a Coroa o novo Rei determina qual brasão irá utilizar. No caso das demais pessoas, que não sendo Reis ou Chefes de Casas Soberanas ex-Reinantes, que portanto não são Fons Honorum, ou seja, que não podem simplesmente "adotarem" um novo brasão como um Fons Honorum faz, devem buscar a concessão do seu brasão d'Armas na autoridade heráldica competente. 

2: Que mesmo dentro de uma Família ou Linhagem Armigerante (linhagem que possui antepassado direto e legítimo que tenha recebido uma Concessão de Cota de Armas), e cujas Armas poderiam ser renovadas em sua descendência legítima e masculina, o brasão não é imutável, muito pelo contrário: deve sempre se buscar representar na realidade heráldica (ou seja, do brasão) a realidade social daquele novo armigerante (pessoa portadora do brasão).


Neste último ponto os Chefes da Casa Imperial do Brasil sempre agem corretamente, alterando seu brasão d'Armas, tradicionalmente agregando o mesmo número de estrelas em orla, que correspondam ao número das unidades federativas do Brasil; mesmo que utilizem por esta mesma forma um brasão d'Armas diferente daquele utilizado por D. Pedro II, último Imperador do Brasil.



O Rei Frederick X da Dinamarca, com seu novo brasão d'Armas, pretende lembrar ao mundo as suas possessões como Rei da Dinamarca: No primeiro quartel d'ouro com nove nenúfares (folhas-do-mar, geralmente representadas em formato de corações) de goles, com três leões de blau (azul) passantes, linguados de goles (vermelho) e coroados do campo, para a Dinamarca. No segundo quartel, de blau (azul) um carneiro de prata com chifres d'ouro para as Ilhas Faroé. No terceiro quartel de blau (azul) um urso polar de prata, rompante, para a Groenlândia. No quarto quartel, de ouro, dois leões passantes de blau, linguados de goles (vermelho) para o Schleswig. O escudo é esquartelado por uma cruz patente de prata filetada de goles (vermelho), para o Dannebrog, que é a bandeira do Reino da Dinamarca, e um escudete com o brasão da Casa de Oldenburgo. 

Note-se que o Rei abriu mão do campo de blau com as três coroas d'ouro, que representam a União de Kalmar (união histórica entre os Reinos da Dinamarca, Suécia e Noruega), e hoje representam o Reino da Suécia, para manter apenas representações de territórios onde é realmente o Soberano, e com isso, também lembrar ao mundo que faz parte do Reino da Dinamarca, além da própria Dinamarca e o Scleswig, as Ilhas Faroé e a Groenlândia. 


O exemplo do Rei dinamarquês deveria servir de exemplo para muitos heraldistas, e mesmo muitos armigerantes: a heráldica deve ser sóbria, elegante. Nessa ciência, quanto menos elementos tiver um brasão, mais forte ele se torna, uma vez que, para manter uma identificação com menos elementos, que portanto é mais fácil de ser copiado, mais importante o armigerante demonstra ser.


Por:

Sua Alteza Sereníssima o Príncipe D. Andrea Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli,

18º Príncipe de Mesolcina, 21º Duque de Alvito, 25º Marquês de Melzo.

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