Seguidores

domingo, 23 de março de 2025

A família real da Geórgia/ The Royal Family of Georgia


 

Caros Leitores do Corriere della Mesolcina, hoje devemos falar sobre uma interessante dinastia europeia, e as voltas da história ao redor da mesma. Falaremos sobre a Família Real da Geórgia, que é um pequeno país na região do Cáucaso, localizado entre os limites da Europa com a Ásia, porém um país cheio de história, tendo sido o primeiro Reino do mundo a adotar oficialmente o Cristianismo, como religião de Estado.


A dinastia que sempre reinou sobre a Geógia foi a Casa de Bragation (ou Bragationi), que inicialmente foram Príncipes de Kartli, chegando ao posto de Reis da Geórgia ainda no século VIII. A Geórgia permaneceu como um Reino até o século XV, quando o país foi dividido em três reinos, cada um governado por um ramo da dinastia Bragationi, que foram os Reinos de Kartli, de Kakheti e o de Imeriti. O Reino de Kartli existiu de 1478 até 1762, quando foi unido ao Reino de Karkheti, para formar o reino de Kartli-Kakheti, que deixou de existir quando o Império Russo tomou o dito Reino, e sua família Real optou por passar a fazer parte da Nobreza Russa com o título de Príncipes, em 1762. Já o Reino de Imeriti continuou a existir até 1801, sendo que seus Reis reunificaram o território georgiano, passando a serem os últimos Reis da Geórgia, quando essa foi tomada pela Rússia, permanecendo nessa situação política até o início dos anos 90 do século passado. Não haja dúvidas que os Bragationi "de Imeriti" sempre foram considerados como a família Real da Geórgia, chamados de Bragationi-Gruzinsky (que, literalmente quer dizer "da Geórgia") enquanto o ramo dos Bragationi de Kartli e de Kakheti formaram casas principescas no Império Russo, sendo a mais famosa atualmente os Bragationi, Príncipes de Mikhrani (representantes do antigo reino de Kartli). 


Acontece, porém, que o Chefe da Casa Real da Geórgia, S.A.R. o Príncipe Nuzgar Bragationi, Príncipe da Geórgia e Príncipe de Gruzinsky, teve apenas filhas mulheres, e para assim a extinção da família, casou sua filha mais velha, a Princesa Ana com o Príncipe David Bragationi de Mukrani. Isso iria parecer um final feliz, pois, nesse casamento, uniram-se os dois ramos da Casa de Bragationi... porém, não foi bem assim, pois o Príncipe David de Mukrani, assim como seu pai e seu avô antes dele, passou a reivindicar para si o extinto trono da Geórgia, afirmando que seu ramo da Dinastia Bragationi era o genealogicamente mais velho. 


Todavia, a reivindicação de ser o ramo mais velho da Dinastia Bragátida não tem qualquer importância política, vez que a tradição georgiana nunca foi seguir a primogenitura (muito diferente da tradição Capetiana francesa), mas sim que o Rei no trono escolhia entre seus descendentes o que fosse mais apto para governar. De fato, as pretensões dos Príncipes de Mukrani ao Trono da Geórgia não são tão antigas, datam do período da "cortina de ferro", quando os regimes comunistas que assolaram vários países da Europa impediam a comunicação entre os povos que estavam abaixo do jugo das ditaduras comunistas e das pessoas do mundo livre. Neste período os Bragationi-Mukrani, que viviam na Espanha, supuseram que os Príncipes da Geórgia teriam sido mortos, e o Príncipe Irakli Bragation-Mukrani fez a reivindicação ao extinto Trono da Geórgia e fundou uma Ordem de Cavalaria, chamada de Ordem da Águia da Geórgia e da Túnica sem Costuras de Nosso Senhor Jesus Cristo (da qual o Príncipe D. Andrea Gian-Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Príncipe de Mesolcina, autor deste texto, foi feito Cavaleiro da Grã-Cruz). 


Porém, como era de se imaginar, descobriu-se depois que o ramo real da Casa de Bragationi havia sim sobrevivido na Geórgia; mesmo assim, após a morte do Príncipe Irakli, em 1977, seu filho Jorge Bragation, novo Príncipe de Mukrani, reivindicou para si a Chefia da Casa Real da Geórgia, mesmo enfrentando os protestos de Sua Alteza Real o Príncipe Nuzgar Bragationi, descendente do Rei Jorge XII da Geórgia, último Rei daquele país. Após a morte do Príncipe Jorge de Mukrani, em 2008, seu filho David Bragation também afirmou ser o Chefe da Casa Real da Geórgia, como visto acima... 


Todos realmente pensaram que após o casamento do Príncipe David com a Princesa Ana da Geórgia, as lutas pela Chefia da Dinastia Bragationi cessariam, todavia isso nunca ocorreu. O casal teve um único filho, o Príncipe Jorge Bragationi, que tornou-se o herdeiro incontestável dos dois ramos da Dinastia Bragationi. Todavia, o Príncipe Nuzgar exigiu que seu genro assinasse uma declaração oficial, na qual reconhecia o sogro como o único pretendente ao Trono da Geórgia, o que nunca aconteceu.


S.A.R. o Príncipe Nuzgar da Geórgia faleceu no dia 01 de março de 2025, e agora é sua filha, Ana quem mantém a disputa dinástica com seu ex-marido, David, pela Chefia da Casa de Bragatini. Todavia, com a morte do Príncipe Nuzgar, todas as pretensões recairão sobre o Príncipe Jorge, filho do casal, que pode ser que um dia seja o Rei Jorge XIII da Geórgia... só Deus dirá.