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sábado, 3 de setembro de 2011

ANTIGA DIVISÃO DA ORDEM: Malta X Paris



Muitas vezes repetimos coisas como a "Obediência de Malta", ou a "Obediência de Paris", sem sabermos ao certo o por que de tal divisão, que embora já tenha sido superada, ainda marca muito fortemente nossa tão Nobre e Distinta Ordem. Em breve linha, tentarei explicar um pouco sobre tal divisão, embora isso seja apenas uma pequenina parte, desta tão vasta história.
Vamos aos fatos:

Após a II Guerra Mundial a Ordem Militar e Hospitalária de São Lázaro de Jerusalém chegou a seu apogeu. Milhares de novos Confrades agiam em diversas frentes Missionárias, em um tempo em que junto a Ordem somente eram aceitos Católicos Romanos, as Palavras do Santo Padre o Papa passaram a serem espalhadas por todos os Continentes pelos Cavaleiros Lazaristas.

Nessa época, em 1952, faleceu Duque de Sevilha, Dom Francisco de Paula y de La Torre, Eleito XLIV Príncipe e Grão Mestre em 1930. Seu filho, Dom Francisco Enrique de Bourbon y de Bourbon fora eleito XLV Príncipe e Grão-Mestre tempo depois.

O novo Príncipe Grão Mestre era então Oficial do Exército do Reino da Espanha, e como tal, não dispunha de tempo suficiente para as exigências do Grande Magistério. A solução temporária para essa falta de tempo a dedicar à Ordem, foi dada quando o Duque de Sevilha nomeou o XII Duque de Brissac como Administrador Geral da Ordem.

Pierre Timoléon de Cossé, XII Duque de Brissac entrou junto a Ordem Militar e Hospitalária de São Lázaro de Jerusalém em 1954, apenas dois anos depois alcançou o tão alto cargo, que causou a desfragmentação da Ordem.

O Duque de Brissac não esforçou-se para honrar a confiança recebida pelo Príncipe Grão Mestre, muito pelo contrário, assim que a possibilidade chegou, Brissac iniciou sua campanha para tentar depor o Duque de Sevilha de seu Magistério. Com acusações cada vez mais assíduas, Brissac espalhou a tese de que o Duque de Sevilha era incapaz de Reger a Ordem.

O Duque de Sevilha, assim que tomou conhecimento da amarga campanha travada contra ele pelo XII Duque de Brissac, emite decreto anulando sua nomeação como Administrador Geral da Ordem, porém já era tarde demais: Brissac em companhia de seus asseclas convocou o Capítulo Geral da Ordem com a finalidade de depor o Duque de Sevilha de seu Trono.

Tal Capítulo Geral fora condenado pelo Grão Mestre, porém isso mostrou-se ineficaz, já que tal reunião resultou da Eleição  do Príncipe Charles-Philippe d'Orleans, Duque d'Alençon, I Príncipe de Sangue da França, como o novo Grão Mestre.

O objetivo do Duque de Brissac fora alcançado, havia a partir daí uma cisão no Ceio da Ordem de São Lázaro. A jurisdição espanhola muito compreensivelmente permaneceu leal ao verdadeiro Grão Mestre, o Duque de Sevilha, que juntamente com sua equipe, em Madri, governa a Ordem de modo ininterrupto até 1967.

O Duque d'Alençon, educado na Inglaterra dês de tenra idade, casado com uma americana da Virgínia, era um anglófono devotado, apesar de ser francês, e residir com a família na França, esforçava-se para sempre falar inglês em casa e com os amigos próximos. Tentou uma aproximação cada vez maior com o mundo anglo-saxão, até então totalmente estranho para a Ordem Lazarista. 

O Duque de Sevilha, sendo coagido por todos os lados, fora levado a aceitar a nomeação do Duque d'Alençon como 46 Grão Mestre da Ordem, passando a ser Grão Mestre Emérito e Grão Prior da Ordem para a Espanha.

O Duque d'Alençom, agora como o único, e a partir da Renúncia do Duque de Sevilha, verdadeiro Príncipe Grão Mestre da Ordem, passou a trabalhar para aumentar a influência anglo-saxã junto a Ordem, e jogando fora uma tradição de mais de mil anos, aceitou pela primeira vez pessoas de fé protestante junto a Ordem Militar e Hospitalária de São Lázaro de Jerusalém.

Essas e outras atitudes de caráter administrativo, irritaram o Duque de Brissac, que sem ter a menor autoridade para isso, simplesmente demitiu o Duque d'Alençon de seu Magistério. O Duque de Sevilha é Eleito novamente em Capítulo Geral, agora como o 47 Grão Mestre da Ordem.

Brissac, em Paris, elege a si próprio Grão Mestre da qual ficou conhecida como Obediência de Paris. Como a Grande Chancelaria do Duque de Sevilha, permanecia em Malta, a sua legítima obediência passou a ser conhecida como a Obediência de Malta. 

O cisma somente acabou após a renúncia dos Duques de Brissac sob sua pretensão. A Ordem hoje é unida novamente, na atualidade conhecida "Obediência Unida de Malta e Paris", ou em um nome mais comum, como "Obediência de Malta-Sevilha".  

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