Muitos tem questionado, por total ignorância histórica, a Legitimidade da Ordem Militar e Hospitalária de São Lázaro de Jerusalém, também chamada Ordem da Milícia e do Hospital. Segundo eles, a Ordem ter-se-ia extinguido após a revolução francesa, quando a Comuna de Paris assinou um ato, claramente ilegal e clandestino, extinguindo as Ordens de Cavalaria Francesas.
Todavia devemos recordar, que a Comuna de Paris não tinha legitimidade para tal ato, pois o Fons Honorum da Ordem pertencia, até então à Casa Real dos Bourbons de França (não à Casa d'Orleãns, como alguns sustentam), cujo representante, Sua Alteza Real o Príncipe Luís de Bourbon, Conde da Provença, 43º Príncipe Grão Mestre da Ordem manteve em nome de seu irmão, o Rei Luís XVI, e mais tarde de seu sobrinho, o Rei Luís XVII.
Após a derrota dos republicanos, e a restauração da Monarquia pelo Imperador Napoleão I, o Conde da Provença permaneceu governando a Ordem no exílio, donde criou pelo menos uma Comendadoria Hereditária na Alemanha, que permanece em funcionamento até hoje.
Restaurado o Trono da França à Casa de Bourbon, o Conde da Provença, agora como Rei Luís XVIII da França, mantém seu governo como Grão-Mestre da Ordem, pois apesar de sua suposta renúncia ao Magistério, permaneceu como seu Chefe de Ius e de Facto, pois preferiu não Eleger outro para tomar-lhe o lugar. Com a morte de Luís XVIII em 1824, seu irmão o Rei Carlos X manteve-se com pouca atuação junto a Ordem de São Lázaro, que passou a ser governada por uma junta de Cavaleiros, liderada por Jean Louis de Beaumont, Marquês de Autichamp.
O Marquês de Autichamp é um exemplo de Cavaleiro Lazarista, leal às Regras da Ordem da Milícia e do Hospital, Católico devoto, Monarquista convicto, que por sua lealdade incontestável à Casa de Bourbon, vai aos 92 anos lutar pela defesa do Palácio do Louvre, assaltado pela corja revolucionária. Ordenado Cavaleiro em 1783, manteve-se inimigo público de todos os membros da família Orleans, que por meio de Luís Felipe, o chamado rei dos burgueses, destroem os ideais da Cavalaria e da Religião. Vendo-se abandonado pelo legítimo Rei da França, Henrique V, Conde de Chambord, que estando em exílio por conta da usurpação da Casa d'Orleans ao Trono Francês, tem pouco tempo a dedicar a Ordem Lazarista.
A melhor alternativa do Marquês de Autichamp é buscar o auxílio dos Protetores da Ordem, anteriores a Proteção dos Reis da França, tal proteção era concedida, ainda na Terra Santa, pelos Patriarcas de Jerusalém, a quem o Marquês, como Vigário Geral da Ordem recorre.
Máximus III, Mazolum, Patriarca Greco-Melquita da Igreja de Antioquia, recebe de bom grado o pedido do já idoso Marquês de Autichamp, e torna-se o Protetor Espiritual e Governador Temporal da Ordem Militar e Hospitalária de São Lázaro de Jerusalém, assim como de seus bens e propriedades.
O Patriarca Maximus III, em 1837, havia sido reconhecido como autoridade civil pelo Império Otomano, como Príncipe dos Católico-Melquitas. Em reconhecimento a seu principado, o Santo Padre o Papa Gregório XVI, concede o título de Patriarca de Alexandria e Jerusalém a Maximus III, que passa a ter o título de "Patriarca de Antioquia e Todo o Oriente, de Alexandria e Jerusalém, de Todos os Gregos e da Igreja Católica Melquita, Protetor Espiritual e Temporal da Ordem Militar e Hospitalária de São Lázaro de Jerusalém".
Como Príncipe e Chefe de Estado, reconhecido pelos Príncipes Árabes, os Patriarcas Católicos-Greco-Melquitas possuíam Fons Honorum, que manteve a legitimidade histórica da Ordem por mais de um século, e que é ainda hoje, um dos pilares de seu reconhecimento internacional. Com a morte do Patriarca Maximus III, Mazloum, é Eleito o Patriarca Clemente Bahouth, em 1º de Abril de 1856, Eleição confirmada pelo Papa Pio IX em 16 de Junho do mesmo ano. O novo Patriarca renuncia em 1864, quando é Eleito seu Sucessor Gregório II, que foi Confirmado pelo Papa em 27 de Março do ano seguinte.
Gregório II desentende-se com o Sumo Pontífice, porém a situação melhora com a sua morte e seguida Eleição do Patriarca Pedro IV, em 1898, e a Sucessão do Papa Leão XIII ao Papa Pio IX.
O Novo Patriarca tem uma comunicação mais ativa com os Cavaleiros Lazaristas da França e Espanha, um pouco precária com os seus antecessores. A pedido do Cônego polonês Tanski, reestabeleceu a Chancelaria da Ordem na França, já agora pacificada, e sem mais nenhuma interferência dos golpistas Orleans.
As boas relações com a Real Casa de Bourbon, que perdendo a Monarquia na França, ao menos mantiveram-la na Espanha, foi rapidamente restabelcida, graças a nova abertura da Ordem para as nações européias. Com o Patriarca Cirilo VIII, em 03 de Junho de 1911 é dirigida uma grande carta a Chancelaria da Ordem, na França, pela qual o novo Patriarca abençoa a todos os Cavaleiros da Milícia e do Hospital de São Lázaro, e ressalta o papel da Igreja Católico-Melquita no cenário cristão Oriental.
Em 1919 é Eleito Patriarca Demetrios I, Qadi, que teve um breve, porém atuante patriarcado, que durou até 1925, o Catolicismo de Rito Melquita teve uma significativa expansão no Oriente Médio, e a situação dos Católicos na Grécia melhora bastante. Após sua morte, é Eleito Patriarca Cirilo IX, Mogahabghab.
Nesse período o ingresso de membros do Alto Cléro Católico Apostólico Romano é intenso junto a Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro e Jerusalém, abraçaram a Ordem da Milícia e do Hospital, o Cardeal O'Connel, Arcebispo de Boston; o Cardeal Dougherty, Arcebispo da Filadélfia; o Cardeal Mundedein, Arcebispo de Chicago; o Cardeal Hayes, Arcebispo de Nova York; o Cardeal Lineart, Arcebispo de Lille; o Monsenhor Dom Parado y Garcia, Bispo de Palência; além do Patriarca Pierre XIII, Terzian, Patriarca dos Armênios da Cilícia.
Com a Eleição, em 1930, do Duque de Sevilha para o Cargo de 44º Príncipe Grão Mestre, vago dês da morte do Rei Luís XVIII, em 1824, reestabeleceu-se a ligação entre a Ordem e a Casa de Bourbon, da qual o Duque era membro por ser um Infante (Príncipe de Sangue) da Espanha.
Atualmente o Patriarca de Antioquia e Todo o Oriente, de Alexandria e Jerusalém, de Todos os Gregos e da Igreja Católica Melquita, Protetor Espiritual da Ordem Militar e Hospitalária de São Lázaro de Jerusalém é Sua Beatitude Gregorio III, que mantém a tradição da Proteção Espiritual da Ordem da Milícia e do Hospital junto a Igreja Católica do Oriente, sempre em perfeita comunhão e obediência ao Santo Padre o Papa, a quem é subordinado e súdito fiel.
A Soberana Ordem Militar e Hospitalária de São Lázaro de Jerualém mantém sua ligação com os Patriarcas de Jerusalém, no intento de manter-se fiel a suas fontes históricas, quando no século XI, os Cavaleiros da Cruz Verde de São Lázaro, lutando em prol da liberdade, pelejaram contra os mouros pela posse dos Lugares Sagrados em Jerusalém. Esse espírito de liberdade ainda move os Cavaleiros da Milícia e do Hospital, em prol da liberdade de culto aos cristão perseguidos pelo mundo, e da ajuda aos desamparados.
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