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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ritual de Consagração dos Cavaleiros no século XVIII


Passa quase que despercebido pelos Lazaristas de nosso tempo, os costumes e rituais de nossa Ordem no tempo em que era reunida com a de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Para tentar sanar esse fato, postarei algumas matérias com os antigos Rituais, usos e costumes que tínhamos, quando éramos a Real Hospitalária e Militar Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém.

Ritual de Profissão e Consagração dos Cavaleiros
junto a
Real Militar e Hospitalária Ordem de
Nossa Senhora do Monte Carmelo & de
São Lázaro de Jerusalém

Terminada a Missa o Eclesiástico que a havia presidido, vestindo a capa de asperges, benzia a Cruz e a Espada do novo Cavaleiro, aqui chamado de Noviço. Nesse ritual o noviço permanecia de joelhos.

Levantava-se então o noviço, que era então conduzido ao Grão Mestre, ou a seu representante, que pemanecia sentado em uma cadeira de espaldar. O Noviço então ajoelhava-se aos pés do Grão Mestre que iniciava o Ritual dizendo:

Grão Mestre: "Que pedis?"

Noviço: "Humildemente vos suplico admissão na Ordem de Cavalaria de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém".

Grão Mestre: "Só pode conceder-se essa Graça ao Mérito e à Nobreza: aos que estiverem dispostos a praticar as Obras de Misericórdia para com os pobres de Jesus Cristo, e a derramar seu sangue em defesa da Igreja Católica e em serviço d'El-Rei. Suficientes provas temos de que vos concorrem as boas partes e disposições requeridas. Estais disposto a empregar a vossa espada em defesa da Igreja, a Serviço do Rei, à Honra da Ordem e à proteção dos infelizes?"

Noviço: "Sim, Senhor, com a Ajuda de Deus."

Grão Mestre: "NA ORDEM REAL MILITAR E HOSPITALÁRIA DE NOSSA SENHORA DO MONTE CARMELO E DE SÃO LÁZARO DE JERUSALÉM VOS RECEBO, EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO."

Nessa hora o Grão Mestre fazia o Sinal da Cruz sobre o Noviço, também levantava-se, tirava a espada da bainha, e com ela lhe dois leves golpes, um no ombro direito, outro no esquerdo, enquanto isso dizia:

"Por Nossa Senhora do Monte Carmelo e por São Lázaro, vos faço Cavaleiro"

(Tinha também nessa hora o costume do Grão Mestre dar um leve tapa no rosto do Noviço, enquanto dizia "Isso é para que tu não te esqueças", porém esse costume foi perdido com o tempo.)

O Noviço, que a partir desse momento passa ser um Cavaleiro, permanecia de joelhos diante do Grão Mestre, e dele recebia a espada e lhe beijava a mão.

Grão Mestre: "Empregai essa espada segundo o espírito da Religião, e não segundo o impulso de vossas paixões. Lembrai-vos de que a ninguém deveis ferir injustamente. Cavaleiro! Doravante sede vigilante no Serviço de Deus e da Religião, obediente a vossos superiores, submisso às suas ordens, paciente às suas correções. As leis da Religião* em que haveis entrado vos obrigam à prática de todas as virtudes cristãs e morais em grau muito mais elevado do que o comum dos cristãos".


Nesse momento o Grão Mestre entregava a Cruz da Ordem ao Cavaleiro enquanto dizia:

Grão Mestre: "Eis a Cruz de nossa Ordem. Toda a vida a trareis em Nome da Santíssima Trindade, o Pai e Filho e Espírito Santo. Deve ela recordar-vos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e a incitar-vos à observância das Santas Regras e Estatutos da Religião. Adornada de Flores-de-Lis, aprendei nela a fidelidade no serviço do Rei, que por seu zelo e piedade tanto apoio e glória tem dado à nossa Ordem."

Então o Grão Mestre entregava ao novo Cavaleiro o Livro das Orações (Breviário, ou Liturgia das Horas) e o Estatuto da Ordem enquanto dizia:

Grão Mestre: "Também vos dou o Livro das Orações e Estatutos da nossa Ordem; nele estudareis os vossos deveres."

Nesse momento o Grão Mestre abria o Livro dos Evangelhos na passavem da Ressurreição de Lázaro, ou na do Paixão de Cristo, onde Cristo fava "Pedro, guarda a tua espada na bainha", e o Cavaleiro colocava a mão direita sobre o Livro, e realizava o seu JURAMENTO DE CAVALEIRO:

Cavaleiro: " Prometo a Deus Todo Poderoso, à Gloriosa Virgem Maria, Mãe de Deus, a São Lázaro e ao Grão Mestre, observar em toda a minha vida os Santos Mandamentos de Deus, e da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana: defender com grande zelo a Fé, quando me for ordenado por meus superiores.
Praticar caridade e Obras de Misericórdia com os pobres, especialmente os Leprosos, segundo as minhas possibilidades.
Guardar ao Rei inviolável fidelidade.
Dar perfeita obediência ao Grão Mestre.
Guardar durante a vida inteira castidade livre e conjugal.
Assim Deus me ajude, e estes Santos Evangelhos em que tenho as mãos."


O Grão Mestre abraçava então o Cavaleiro, que para isso se levantava, e logo em seguida novamente se ajoelhava

Grão Mestre: "Agora vos reconheço como Irmão e Cavaleiro de nossa Ordem, e nessa qualidade, como Defensor da Fé, Defensor fiel do Rei, protetor dos pobres, e submisso aos nossos regulamentos. Ide agradecer a Deus a Mercê que vos foi feita, e assinar a vossa profissão".

Nessa hora o Cavaleiro punha-se em pé, e era abraçado pelos demais Cavaleiros que estivessem presentes na Cerimônia, assinava a sua Profissão, e terminava o Ritual.     

*Nota: o termo Religião presente no texto do Ritual, não faz referência a fé religiosa, ou à igrejas, pois para a Ordem a única Fé é a Católica. Religião quer dizer Ordem de Cavalaria.    

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