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quinta-feira, 17 de julho de 2014

A Rosa Dourada, Emblema da Casa Principesca de Mesolcina





Qual o motivo de ser uma rosa dourada o emblema heráldico da Casa Principesca de Mesolcina, também chamada de Casa Principesca de Trivulzio-Galli? Esta pergunta tem sido feita por muitas gerações de heraldistas, sendo que muitas lendas foram levantadas para tentar elucidar tal questão.

É muito comum que as Casas Principescas da Europa, por muitas vezes terem brasões de armas muito complexos, adotarem em emblema heráldico para simbolizar a Casa, de modo a conservar o Brasão apenas para ocasiões mais solenes.

Assim foi que os Duques de Lancaster adotaram pela primeira vez uma rosa vermelha como símbolo de sua linhagem. Para combater a rosa vermelha, surgiu a rosa branca, dos Duques de York. Na realidade o primeiro Duque de Lancaster, João de Gant, foi irmão do primeiro Duque de York, Edmundo de Langley, uma vez que ambos eram filhos do Rei da Inglaterra Eduardo III Plantageneta e de sua esposa, a Rainha Filipa de Hainault. Ambas as rosas, a vermelha e a branca, lutaram por décadas na que ficou conhecida como “Guerra das Rosas”, em que Lancaster e York brigaram pelo Trono da Inglaterra.

Brasão da Casa Principesca de Trivulzio-Galli della Val Mesolcina


Outras dinastias também elegeram emblemas heráldicos, e por eles lutaram com todas as forças. Foram os Reis da França quem elegeram como emblema o lírio dourado, mais conhecido na heráldica como Flor-de-Lis. Pelos lírios da Casa da França Santa Joana d’Arc combateu a Giesta dourada, emblema da Casa de Plantageneta (Plantageneta, ou seja, plant genêt em francês, que quer dizer “Planta Giesta”).

Outros emblemas heráldicos despertaram grandes interesses de Cavaleiros e Campeões ao longo dos séculos. Foi a rosa vermelha e dourada, emblema dos Príncipes de Lippe, que se fez sentir ao longo de mil anos de história deste príncipes alemães. Quando os Condes de Schamburg, que eram representados pelo emblema de uma folha de urtiga branca, não tiveram herdeiros, foi a rosa vermelha dos Lippe que assumiu o Condado. Ambos os emblemas se combinaram, formando o peculiar emblema da Casa de Schamburg-Lippe, formado por uma rosa vermelha, posta dentro de uma folha de urtiga branca, utilizada no lugar do complexo brasão de armas destes Príncipes alemães.

Na Itália não faltaram emblemas heráldicos, foram os lírios azuis, emblema dos Farnese, que comandaram a política do Ducado de Parma por três séculos, e somente deram lugar em 1731 aos lírios dourados da Casa de Bourbon.
Também foram os lírios dourados da França que reinaram sobre o Reino das Duas Sicílias. Estes lírios foram os donos da vontade política de mais da metade da Itália por quase três séculos, onde a cultura, o iluminismo e o despotismo esclarecido reinaram mais do que os próprios Reis.

O emblema heráldico da Casa de Trivulzio-Galli foi muito utilizado, uma vez que o brasão desta Casa Principesca foi um dos mais complexos da Europa. Mas qual a origem de tão famosa imagem?

A Casa de Trivulzio-Galli surgiu da união de duas famílias Principescas. A Casa de Trivulzio, surgida na Bélgica antes do ano 1000, que ocupou a cidade italiana de Trivulza ainda no ano de 1150, e dai tomou seu nome, e da Casa de Galli, última linha varonil descendente diretamente do Imperador Carlos Magno, vez que descendiam de Bernardo I, Rei da Itália, através de seus netos, os Condes de Vermandois. Em 1280 chegaram à Itália, e ocuparam o Castello dei Galli, em Florença, e daí tomaram seu nome familiar.


Somente em 1650, com o casamento entre o Príncipe Tolomeo III da Casa de Galli, Duque Soberano de Alvito, com a Princesa Ottavia Trivulzio, filha do Príncipe Gian Giacomo III Trivulzio, Príncipe de Mesolcina, e da Princesa Giovanna Maria Grimaldi, filha do Príncipe Hércules I de Mônaco. Prevendo que a Casa de Trivulzio ficaria sem herdeiros, o Príncipe Antônio I Trivulzio cedeu em 1680 seus direitos dinásticos para seu primo o Príncipe Antônio Galli, segundogênito do casamento entre Ottavia Trivulzio e do Duque Soberano Tolomeo III Galli. A única exigência do Príncipe Antônio I foi que Antônio II adotasse o nome a as armas da Casa de Trivulzio. Nascia assim a Casa de Trivulzio-Galli.     

Mas mesmo assim fica a pergunta, qual a origem da rosa dourada com pétalas verdes, símbolo da Casa Principesca? A Casa de Galli, como continuadora da Dinastia Carolíngia, tinha por emblema o lírio dourado da França, porém também utilizava o emblema do leão dourado.


Armas dos Trivulzio, com o colar da Ordem Trivulziana de São Miguel e a Coroa antiga do Principado de Mesolcina
A Casa de Trivulzio tinha por armas um escudo palado (feito de faixas horizontais) em ouro e sinopla (amarelo e verde). Conta a lenda que Gian Giacomo II Trivulzio, O Grande, Margrave de Vigevano e Conde de Melzo, Comandante Militar de todo o exército do Rei da França, logo após conquistar o Feudo de Mesolcina das mãos dos Condes de Sax-Misox, em 1480, colocou o Principado abaixo da Proteção da Virgem Maria Santíssima. Logo após o oferecimento, estando o Príncipe sobre o Monte de Vogelhorn, chamado em italiano de “Pizzo Uccello”, lhe apareceu o Arcanjo São Miguel, e, tomando o escudo do Príncipe, fez brotar dele uma rosa nas cores do escudo, ou seja, uma rosa de pétalas amarelas, e folhas verdes.


Gian Giacomo II, descendo do Monte de Vogelhorn, ofereceu a rosa que recebeu do Arcanjo a Virgem Maria, e fundou a Ordem Trivulziana de São Miguel, para recordar sempre o grande feito da aparição do Arcanjo, e da tomada do Vale de Mesolcina pela Casa de Trivulzio.

Os Príncipes de Mesolcina adoraram então a rosa dourada e verde como emblema heráldico, que até hoje é mantido pelos Trivulzio-Galli.

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