Fiéis Leitores do Blog de Cavalaria, o texto desta semana,
nos remete a um dos mais importantes mistos de pacto social e juramento religioso
que já existiu, o chamado PACTO FEUDAL.
O Pacto Feudal surgiu no início do Medievo, quando após a
Primeira Queda do Império Romano no século V, os proprietários de terras da
península itálica (antigos Senhores, provenientes da classe senatorial romana),
passaram a receber as propriedades de seus vizinhos, em troca de proteção
contra os bárbaros vindos do Norte; esta troca, era chamada de PACTUM. Logo,
este Pacto de proteção passou a ser oferecida aos simples trabalhadores, que,
em troca de seu trabalho nas terras do senhor, passaram a receber proteção e
abrigo. Nascia assim o SISTEMA FEUDAL.
Com o Bem-Aventurado Carlo I, chamado de O Magno (“O Grande”)
ressurgiu no ano 800 o Império Romano do Ocidente, que duraria mais exatos 1006
anos. Com a volta deste Santo Império, Carlos Magno e toda a sua Dinastia,
chamada de Carolíngia, da qual a Casa Principesca de Trivulzio-Galli constitui
o último ramo masculino direto existente, passaram a adotar o sistema de Pactos
oriundos da Itália, sendo que os Feudos Carolíngios foram distribuídos
primeiramente entre os filhos e netos de Carlos I, depois aos seus Generais e
Capitães, e depois aos seus valentes soldados. Era o início do Nobreza
Medieval.
Estes senhores passaram a receber títulos que indicavam a
sua posição dentro do Sacro Império Romano, os Senhores de pequenos Feudos
foram chamados de Barões, palavra proveniente do alemão, onde é escrita como
Freiherr, que quer dizer literalmente Senhor Livre (Frei= Livre/ Herr=
Senhor). Os Senhores de feudos maiores passaram a ser designados Condes,
palavra proveniente do Latim Comites,
que eram os companheiros de guerra mais próximos do Imperador. Os Condes, cujo
feudo ficava na fronteira do Sacro Império com as nações bárbaras, locais
designados como “Marcas” passaram a ser designados Marqueses, palavra
proveniente do alemão Markgraf, que quer dizer literalmente “Conde das Marcas”.
Já os senhores de grandes extensões de terras, passaram a ser titulados de
Duques, palavra proveniente do Latim “Dux”, ou sejam “Aquele que Conduz, Dirigente”.
Os Pactos Feudais, também chamados de Pactos de Vassalagem,
passaram então a ocorrer da seguinte forma: O Imperador empossava os grandes
Senhores, Duques, Marqueses ou Condes, que se tornavam então VASSALOS do
Imperador e estes, podiam então empossar outros Vassalos em seus domínios, que
podiam também empossar novos vassalos, e assim por diante; em uma pirâmide de
vassalos, cujo maior Suserano era o Imperador, que devia obediência somente ao
Papa.
Com o passar do tempo, os Senhores Feudais que eram Vassalos
somente do Sacro Imperador, passaram a ser chamados de PRÍNCIPES, palavra latina
que se escreve originalmente como PRINCEPS, e que quer dizer literalmente “o
Primeiro”. Isto é devido pois os Príncipes eram os primeiros Vassalos do
Imperador de Roma. Estes Príncipes passaram a ser chamados de Altezas e
Sereníssimos, isso pois eram os mais Altos entre os Vassalos do Imperador, e a
Serenidade que portavam vinha diretamente da Graça de Deus.
Os Príncipes podiam Investir vassalos em seus Feudos,
chamados de Principados. Estes Vassalos dos Príncipes podiam ser intitulados como
Condes, ou Barões, dependendo o caso. Também os Príncipes, na qualidade de
Vassalos Direitos do Imperador, podiam investir Cavaleiros de suas Milícias
particulares, que tinham a função de manter a ordem interna no Feudo, e em
lutar exteriormente em nome de Sua Alteza.
O Pacto Feudal que unia então os Príncipes a seus Vassalos
era o de que o Príncipe concederia de início terras e títulos, e depois somente
títulos, a um de seus vassalos, e este deveria lhe pagar uma alta quantia em
dinheiro que fosse especificada, e sempre deveria prestar ao Príncipe os
serviços e favores que lhe fossem ordenados. Em troca o Príncipe acolheria o
novo Conde ou Barão em seu serviço, lhe emprestando fama e prestígio.
Atualmente os Príncipes do Sacrossanto Império
Romano-Germânico, continuam a manter suas cortes particulares, concedendo
esporadicamente títulos de Condes, Barões ou Cavaleiros, porém deve-se sempre
ter a noção de que os Príncipes CONCEDEM os títulos, ou seja, a PROPRIEDADE do
título, sempre permanece nas mãos do Concedente, ou seja, o Príncipe. O Concessionário
somente tem o uso e o gozo do título. Mesmo em caso dos títulos hereditários,
os Príncipes Concedentes apenas passam, de pai para filho, a condição de
concessionários de um título de nobreza, e não a de proprietários deste título.
Assim, é plenamente possível que um Príncipe revogue
qualquer concessão de título que tenha feito, independente de qualquer
contrapartida que tenha recebido, uma vez que o que o titular tem é mera posse
de uma propriedade imaterial de uma Casa Principesca. Por este motivo
aconselhamos sempre que, quando um Príncipe solicita que um Barão ou Conde de
sua Corte faça algo, é melhor que este o faça o mais breve possível, pois o
proprietário sempre pode reclamar sua propriedade de volta, e no direito
nobiliar não se aceita o “usucapião de títulos nobres”.
Boa tarde a todos.
Andre III
Trivulzio-Galli,
14º Príncipe Titular de
Mesolcina e do Sacrossanto Império Romano-Germânico.
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