Uma das Casas Principescas mais intrigantes do mundo é com certeza a Casa Principesca de Orléans-Bragança. Esta Casa Principesca surgiu do casamento de Sua Alteza Imperial o Príncipe Dom Pedro de Alcântara Luís do Brasil, Príncipe Imperial do Brasil, com a Condessa Elizabeth Dobrzenzky von Dobrezenicz. Dom Pedro de Alcântara era filho de Dona Isabel I, Imperadora* de Iuri do Brasil, e do Príncipe Luís Gastão de Orléans, Conde d'Eu. Ocorre que Dona Isabel I, Chefe da Casa Imperial do Brasil (filha do Imperador Dom Pedro II do Brasil), não aceitou o casamento do filho, pela futura esposa não ser considerada da Alta Nobreza.
Dom Pedro de Alcântara Luís teve então de renunciar para si próprio e para toda a sua descendência os seus Direitos à Coroa Brasileira.
Porém Dom Pedro de Alcântara Luís era, por via paterna, membro da Casa de Orléans, ramo cadete da Dinastia Carolíngia, que chegou de fato a reinar na França com o Rei Luís Felipe I dos Franceses. Desta forma, como membro da Casa de Orléans, Dom Pedro de Alcântara Luís recebeu o título de Príncipe de Orléans-Bragança** (já que sua mãe foi o último membro da Casa de Bragança, que se extingui em sua linha varônica com o falecimento de Dom Pedro II do Brasil).
Desta forma, Dom Pedro de Alcântara Luís do Brasil tornou-se o Príncipe Pedro I de Orléans-Bragança, Chefe da Casa Principesca deste nome, com direitos ao Trono Francês, mas sem nenhum direito ao Trono do Brasil.
Seu irmão o Príncipe Dom Luís Maria Felipe do Brasil tornou-se o novo Príncipe Imperial do Brasil, e foi seu filho, o Príncipe Dom Pedro III quem sucedeu a Dona Isabel I como Imperador de Iuri do Brasil.
Brasão de Armas dos Príncipes de Orléans-Bragança |
Como Dom Pedro I de Orléans-Bragança deixou de ser um Infante Brasileiro, perdeu também o direito ao uso do Brasão dos Infantes deste país. Como não recebeu outro Brasão de Armas, aceita-se universalmente que passou a utilizar as armas de sua família paterna, ou seja, pleno de Orléans, que são as Armas da França, com a diferença de um lambel de prata. Como Dom Pedro I de Orléans-Bragança perdeu suas relações com a Casa Imperial do Brasil, sua precedência passou a ser em relação ao Chefe da Casa de Orléans, que era naquele tempo o Príncipe Luís Felipe de Orléans, seu primo. Como primo do Chefe da Casa Real de Orléans Dom Pedro I de Orléans-Bragança tinha direito a usar seu escudo de armas dentro do manto azul flordelizado d'ouro, com a coroa heráldica de Príncipe de Sangue da França.
Brasão de Armas de Elisabeth von Dobrzenky, Princesa Consorte de Orléans-Bragança |
Após se casamento com a Condessa Elizabeth, esta se converteu em Princesa Consorte de Orléans-Bragança, e passou a receber o tratamento de "Sua Alteza Real", cabível ao esposo como Infante da Casa de Orléans.
Deste casamento nasceram muitos filhos proeminentes, como Sua Alteza Real a Princesa Isabel de Orléans-Bragança, casada com o Príncipe Henri de Orléans, Conde de Paris, Chefe da Casa de Orléans;
A Princesa Maria Francisca de Orléans-Bragança, casada com o Príncipe Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, Chefe da Casa Real de Portugal;
E o próprio Príncipe Dom Pedro de Alcântara Gastão, que seria o futuro Chefe da Casa Principesca de Orléans-Bragança.
Após a morte do pai, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara Gastão de Orléans-Bragança tornou-se o Príncipe Dom Pedro II de Orléans-Bragança, e casou-se com a Princesa espanhola Dona Maria Esperança de Bourbon, Princesa de Bourbon-Espanha; filha do Infante Carlos Tancredo da Espanha (nascido Príncipe das Duas Sicílias, mas que renunciou a seus Direitos ao Trono daquele país para se casar com a prima, a Princesa das Astúrias Dona Maria de las Mercedes da Espanha. Para saber mais sobre o assunto, clique aqui).
Brasão de Armas da Princesa Maria Esperança de Bourbon-Espanha e Orléans, Princesa Consorte de Orléans-Bragança. |
Deste casamento nasceram Dom Pedro Carlos, que depois viria a ser o 3º Príncipe Titular de Orléans-Bragança como Dom Pedro III de Orléans-Bragança; a Princesa Maria de Glória de Orléans-Bragança, que por seu primeiro casamento tornou-se Princesa da Sérvia e Iugoslávia, e por seu segundo casamento tornou-se Duquesa Consorte de Segorve; e mais quatro filhos, entre eles a Princesa Maria Cristina de Orléans-Bragança, que casou-se com o Príncipe polaco Jan Pavel Sapieha-Rozanski. Por este casamento a Princesa Maria Cristina passaria a ter o tratamento de "Sua Alteza Sereníssima", porém como o seu tratamento de "Alteza Real" era mais elevado, permaneceu com o seu tratamento próprio em detrimento do tratamento dado ao esposo.
Brasão de Armas da Princesa Maria Cristina de Orléans-Bragança, Princesa Consorte de Sapieha-Rozanski |
Deste casamento, nasceram as Princesas Ana Teresa Sapieha-Rozanski, e Paola Maria Sapieha-Rozanski, ambas com o tratamento paterno de "Altezas Sereníssimas as Princesas de Sapieha-Rozanski". Curioso é o fato de que nenhuma delas jamais fez parte da Casa Principesca de Orléans-Bragança, uma vez que filhas do um Príncipe da Casa de Sapieha-Rozanski, porém a Princesa Paola passou a ser conhecida por "Dona Paola de Orléans". O tratamento de "Dona" somente é dado às Infantas da Casa Imperial do Brasil, algo que a Princesa Paola Sapieha-Rozanski jamais foi.
Brasão de Armas da Princesa Paola Sapieha-Rozanski, Princesa de Swiatopolk-Czetwertyanski |
Paola Sapieha-Rozanski casou-se com o Príncipe polonês Constantin Swiatopolk-Czetwertynski, conservando após o casamento o tratamento de "Sua Alteza Sereníssima".
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Notas:
* Imperadora é a Chefe do Estado Monárquico cujo Soberano recebe o título Imperial. Imperatriz é a Consorte do Chefe do Estado Imperial. O mesmo caso acontece nos títulos de Empaixadora e Embaixatriz.
** A Princesa Isabel de Orléans-Bragança, Condessa de Paris revelou que o título original deveria ser de "Príncipe de Orléans-Eu", para dar continuidade ao título do avô, o Príncipe Gaston de Orléans, Conde d'Eu.