A Ordem de Sant'Iago é uma Ordem Religiosa-Militar (para saber mais acerca dessa categoria de Ordens, clique aqui), surgida no século XII no Reino de Leão, quando no ano de 1164 o Rei Fernando II de Leão e Dom Pedro Suárez de Deza, Bispo de Salamanca, encarregaram a um grupo de 13 homens (chamados de Cavaleiros de Cacerez) da defesa da cidade de Cacerez contra os muçulmanos, que acaba por ser uma tarefa indefensável, vez que em 1174 o Califa de Sevilha vence a resistência dos Cavaleiros e toma a cidade. Após isso os Cavaleiros tomam o nome de Cavaleiros da Espada, e passam a defender os peregrinos Católicos que se dirigiam pelo Caminho de Sant'Iago, altura em que, em 1175 o Papa Alexandre III reconhece a criação da Ordem.
Com a missão da proteção dos peregrinos no Caminho de Sant'Iago, criou-se o costume de clamar pela proteção do Apóstolo, sempre antes de entrar em uma batalha, e o Apóstolo torna-se o Patrono da Ordem dos Cavaleiros da Espada ainda em 1º de Agosto de 1170, sendo que, com o tempo, os Cavaleiros da Espada, passaram a ser chamados de Cavaleiros de Sant'Iago.
Dessa primitiva Ordem leonesa surgiram depois 3 Ordens, todas ramificadas da original, e todas suas continuadoras, sendo o primeiro ramo aquele Espanhol, continuador do Grão-Magistério original. Surgiu depois a ramificação Portuguesa, criada quando o Rei Dom Diniz pediu, em 1288, que o Papa Nicolau IV separasse as comendas portuguesas daquelas leonesas, de modo que a Ordem pudesse ser considerada portuguesa, o que foi apenas parcialmente atendido pelo Papa, que por meio de Sua Bula de 1288 concedeu autonomia aos Cavaleiros portugueses, porém que eles ainda estavam obrigados a prestarem obediência ao Grão-Mestre da Ordem, no Reino de Leão.
Os Reis de Portugal não se conformaram com a autonomia parcial, e insistiram muitas vezes em seu pedido, sendo que o Papa João XXII concedeu no ano de 1320 a separação definitiva da Ordem Portuguesa daquela Castelhana-Leonesa. Os Cavaleiros da Ordem em Portugal mantiveram o nome de Cavaleiros da Espada (coisa abandonada em Castela), sendo chamados de Cavaleiros de Sant'Iago da Espada.
Os Reis de Portugal adquiriram para si o Grão-Magistério da Ordem de Sant'Iago da Espada em 1551, quando o Papa Julio III, por meio da Bula Preaclara charissimi in Christo, de 04 de janeiro de 1551.
A Terceira ramificação surgiu quando da Independência do Brasil, ocasião em que Dom Pedro I, legítimo herdeiro dinástico dos Direitos dos Reis de Portugal, por ser o filho mais velho do Rei Dom João VI, pede ao Papa Leão XII que separe o ramo brasileiro das Ordens Militares portuguesas, o que o Papa concede por meio da Bula Praeclara Portugalliae et Algarbiorumque Regnum, de 30 de maio de 1827. Contudo essa Ordem brasileira foi a menos usada das Ordens Militares, tendo sido concedida apenas 9 vezes no reinado de Dom Pedro I (todos Cavaleiros), e apenas uma única vez no longo reinado de Dom Pedro II, número extremamente baixo, comparado ao período em que Dom João VI reinou no Brasil, onde concedeu-se a mesma Ordem 104 vezes, (83 Cavaleiros, 13 Comendadores e 8 Grã-Cruzes).
As Ordens Militares Portuguesas mantiveram o caráter clerical até o ano de 1789, quando por meio da Carta de Lei de 19 de Junho de 1789 a Rainha Dona Maria I as reformulou, delas removendo o caráter puramente religioso, reservando a Ordem de Sant'Iago aos que exercessem trabalho na Magistratura.
Também por disposição da Carta de Lei de 19 de Junho de 1789, a Rainha Dona Maria I decretou que as Condecorações dos Comendadores (Comendas) se distinguiriam daquelas dos Cavaleiros (Hábitos), vez que os Comendadores passariam a utilizar uma insígnia do Sagrado Coração de Jesus em suas Comendas, assim como os Grã-Cruzes.
A fita da Ordem de Sant'Iago, que antes era vermelha, passou a ser violeta por disposição do Alvará de 10 de Junho de 1796, uma vez que até essa data havia uma grande confusão entre os Cavaleiros da Ordem de Sant'Iago e os da Ordem Militar de Cristo, vez que os de Cristo também usavam fita vermelha.
As condecorações utilizadas na presente publicação são obra do Sr. Raphael Vibancos Lisboa, um excelente designer, (que também é Arauto do Tribunal Heráldico co Conselho da Nobreza da Casa Principesca de Mesolcina) que recomendamos o contato, através do e-mail: heraldesign.br@gmail.com
Também agradecemos a Paulo Roberto de Sousa Fernandes, Conde de Colle d'Agnese (Rei-de-Armas Principal da Sereníssima Casa Principesca de Mesolcina) pelo desenho do esplendor abaixo do Sagrado Coração de Jesus, utilizado na venérea dos Comendadores.
As bandas e fitas são de Andre Prinz von Trivulzio-Galli.
Andre Prinz von Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico
O autor é especialista e consultor em heráldica e genealogia, bem como autor e ensaísta. Contato: casademesolcina@gmail.com
Para citação no Brasil (ABNT), usar:
PRINZ VON TRIVULZIO-GALLI, Andre. A Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, Blog de Cavalaria. 2018. Disponível em: http://www.blogdecavalaria.com/2018/06/a-ordem-militar-de-santiago-da-espada.html acessado em (especificar a data do acesso ao site).
Também por disposição da Carta de Lei de 19 de Junho de 1789, a Rainha Dona Maria I decretou que as Condecorações dos Comendadores (Comendas) se distinguiriam daquelas dos Cavaleiros (Hábitos), vez que os Comendadores passariam a utilizar uma insígnia do Sagrado Coração de Jesus em suas Comendas, assim como os Grã-Cruzes.
A fita da Ordem de Sant'Iago, que antes era vermelha, passou a ser violeta por disposição do Alvará de 10 de Junho de 1796, uma vez que até essa data havia uma grande confusão entre os Cavaleiros da Ordem de Sant'Iago e os da Ordem Militar de Cristo, vez que os de Cristo também usavam fita vermelha.
Insignias da Real e Militar Ordem de Sant'Iago da Espada, segundo os usos após a Carta de Lei de 19 de Junho de 1789
Cavaleiro:
Os Cavaleiros, por disposição de Dona Maria I, utilizariam a sua Condecoração (Hábito) presa por um nastro, que por disposição do Alvará de 10 de Junho de 1796, passou a ser violeta.
Comendador:
Os Comendadores utilizam seus Condecorações (Comendas) em forma de venérea, sendo a Cruz suspensa por uma espécie de Troféu com o Sagrado Coração de Jesus. Os Comendadores, assim como os Cavaleiros da Grã-Cruz, utilizavam sempre a placa da Ordem, e nela também o Sagrado Coração de Jesus.
Grã-Cruz:
Os Grã-Cruzes utilizavam a Cruz da Ordem em uma chapa oval esmaltada de branco, e nela tanto a Cruz da Ordem como o Sagrado Coração de Jesus; essa chapa era presa em uma banda violeta, pendente do ombro direito, atravessante para o lado esquerdo. Usavam também o mesmo modelo de placa que os Comendadores.
Usos heráldicos da Real e Militar Ordem de Sant'Iago da Espada
Como uma antiga Ordem Militar Religiosa, os Cavaleiros, Comendadores e Grã-Cruzes podiam colocar seu escudo sobre a Cruz da Ordem, e dispor suas respectivas condecorações:
Cavaleiro:
Utilizam seu Hábito pendente da ponta do escudo
Comendador:
Utilizam sua Comenda pendente de uma fita, ao redor do escudo
Grã-Cruz:
Utilizam sua Banda ao redor do escudo.
As condecorações utilizadas na presente publicação são obra do Sr. Raphael Vibancos Lisboa, um excelente designer, (que também é Arauto do Tribunal Heráldico co Conselho da Nobreza da Casa Principesca de Mesolcina) que recomendamos o contato, através do e-mail: heraldesign.br@gmail.com
Também agradecemos a Paulo Roberto de Sousa Fernandes, Conde de Colle d'Agnese (Rei-de-Armas Principal da Sereníssima Casa Principesca de Mesolcina) pelo desenho do esplendor abaixo do Sagrado Coração de Jesus, utilizado na venérea dos Comendadores.
As bandas e fitas são de Andre Prinz von Trivulzio-Galli.
Andre Prinz von Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico
O autor é especialista e consultor em heráldica e genealogia, bem como autor e ensaísta. Contato: casademesolcina@gmail.com
Para citação no Brasil (ABNT), usar:
PRINZ VON TRIVULZIO-GALLI, Andre. A Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, Blog de Cavalaria. 2018. Disponível em: http://www.blogdecavalaria.com/2018/06/a-ordem-militar-de-santiago-da-espada.html acessado em (especificar a data do acesso ao site).