A Ordem Militar de Santa Maria, também chamada de Sacra Milícia (nome completo Sacra Ordem Dinástica, Equestre, Militar e Hospitalar da Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria) é uma Ordem Religiosa-Militar de Fundação Pontifícia (para saber mais sobre essa categoria de Ordem, clique aqui) A Ordem foi fundada no contexto da luta Cristã contra os
hereges cátaros. Em 1209 o Conde Simão IV de Montfort, Conde de
Montfort-Amaury, Conde de Leicester, Visconde de Albi, de Béziers e de
Carcassone, Conde de Toulouse, invocou a criação de uma Ordem de Cavalaria para
lutar na Cruzada contra estes hereges, em uma dura guerra que ficou conhecida
como A Cruzada Albigenese. A Ordem foi chamada de Milícia de Jesus Cristo, pois
invocava que a Cruzada contra os cátaros era o trabalho do próprio Cristo.
A atuação da Milícia de Jesus Cristo na Cruzada contra os
Cátaros foi marcante, de forma que o Grão-Mestre da Ordem foi quem liderou a
coalizão Católica contra os hereges, sendo que para isso obteve o apoio do Rei
da França, lutando contra o Rei de Aragão, do Chefe da Casa de Trencavel, do
Conde de Foix, do Conde de Comminges e do Visconde de Béarn.
Os Cavaleiros da Milícia de Jesus Cristo tomaram especial
papel junto ao Cerco de Avinhão, onde morreu o Rei Luís VIII da França, lutando
ao lado dos Cavaleiros da Milícia. Como era o esperado, a vitória contra os
hereges ocorreu, e a Milícia de Jesus Cristo pode honrar-se com sua primeira
vitória. Neste período entraram na Ordem o Conde Almerigo de Montfort; Conde
Guido de Montfort, filho do Conde Simão IV. Simão V, Conde de Montfort, Filho
do Conde Simão IV.
O Conde Simão IV de Montfort levou a Milícia de Jesus Cristo
para as Santas Cruzadas no Oriente. Em 1213, derrota o exército do rei Pedro II
de Aragão, que é morto na batalha de Muret.
Com o fim da heresia cátara, os Cavaleiros da Ordem migraram
gradativamente para à Itália, onde a Santa Sé lhes incumbiu de novas missões.
Após a morte do Conde Pietro Savarico, é Eleito em 1233 como novo IV
Grão-Mestre da Ordem o Bispo da cidade de Vicenza, o Bem-Aventurado Bartolomeo
de Breganze, (nascido e 1200, falecido em 1270), que foi um Monge Dominicano
elevado a Bispo de Vicenza. Como foi o Bem-Aventurado o primeiro a conseguir o
Reconhecimento Pontifício da Milícia de Jesus Cristo em 1235, este é
considerado o “Refundador” da mesma.
Placa de Grã-Cruz e de Grande e do Grão-Colar da Ordem |
Bartolomeu de Vicenza teve desde cedo contato com os
Templários, sendo que em 1233 resolve reformar com a ajuda dos mesmos, a
Milícia de Jesus Cristo com o objetivo de por fim às desordens causadas na
Itália pelas lutas fratricidas entre guelfos e gibelinos além da defesa da Fé e
do Papado.
A Milícia foi reconstituída pelo elemento Nobre da sociedade
de Parma, aliada aos Cavaleiros da Ordem do Templo, enviados especialmente para
a missão da reformulação da Milícia.
Para representar a Ordem, o Bem-Aventurado fundador escolheu
uma nova Cruz como símbolo da Ordem. De início, a cruz foi feita em formato de
espada, na cor vermelha, acompanhada de duas estrelas do mesmo. Depois de pouco
tempo, a Cruz foi feita pátea vermelha, símbolo dos templários, acompanhada de
duas estrelas da mesma cor. Neste período foi a Ordem Confirmada pelas Bulas Pontifícias QUAE OMNIUM CONDITORIS
HONOREM do Papa Gregório IX, de 13 de março de 1235 e SOL ILLE VERUS do Papa
Urbano IV, de 23 de dezembro de 1261.
Em 1565 por meio do Breve Apostólico de Pio IV a Ordem tornou-se uma Ordem Dinástica da Casa de Galli, mais tarde em 1595 feitos Duques de Alvito. Fora então o primeiro Grão-Mestre Dinástico da Ordem o Cardeal Tolomeo I Galli, Conde del Trè Pievi, mais tarde 1º Duque de Alvito. Após 1800 com a morte sem herdeiros do Príncipe Carlos III Trivulzio-Galli, 8º Duque de Alvito, o Grão-Magistério da Ordem passou para o Príncipe Domenico II Trivulzio-Galli, 6º Príncipe de Mesolcina, cujos descendentes ainda conservam o Grão-Magistério.
Placa de Grande Oficial |
A Ordem é subdividida em 6 classes, que são:
- Classe de Honra e Devoção (para a antiga Nobreza)
- Classe de Graça e Devoção (para a Nobreza "nova", com menos de 200 anos)
- Classe de Obediência e Obediência ad Honorem (para os Clérigos ligados de maneira especial à Ordem)
- Classe de Devoção (para os clérigos e religiosos)
- Classe de Graça Magistral (para os que não possuem Nobreza)
- Classe de Ofício (concedida em grau único, para aqueles que realizam 2 anos de atividades caritativas em nome da Ordem)
Em cada uma das Classes há um diverso número de Cavaleiros e Damas, que são os seguintes:
- Bailio-Cavaleiro do Grão-Colar (apenas para Honra e Devoção)
- Bailio-Cavaleiro da Grã-Cruz (para Honra e Devoção e Graça e Devoção)
- Cavaleiro da Grã-Cruz (para todas as Classes)
- Cavaleiro Grande-Oficial (para todas as Classes)
- Cavaleiro-Comendador (para todas as Classes)
- Cavaleiro (para todas as Classes)
Para as Damas:
- Dama de Grã-Cruz de Classe Especial (apenas para Honra e Devoção)
- Dama da Grã-Cruz (para todas as Classes)
- Dama Grande Oficial (para todas as Classes)
- Dama de Comenda (para todas as Classes)
- Dama (para todas as Classes)
Insígnias da Classe de Honra e Devoção da Sacra Milícia
Cavaleiro:
Os Cavaleiros de Honra e Devoção usam sua condecoração (Hábito) que é composto pela Cruz da Ordem pendente de uma coroa de ouro, e o utilizam em venérea (no pescoço) pendente de uma fita azul-celeste.
Cavaleiro-Comendador:
Os Cavaleiros-Comendadores de Honra e Devoção utilizam a Comenda da Ordem (Cruz da Ordem pendente da coroa de ouro, pendente do Troféu de prata) também em venérea
Cavaleiro Grande Oficial:
Os Cavaleiros Grandes Oficiais utilizam o Grande-Hábito da Ordem (Cruz da Ordem pendente da coroa de ouro, pendente do Troféu de ouro) também em venérea; e utilizam no lado esquerdo do peito a placa de prata da Ordem
Cavaleiro da Grã-Cruz:
Os Cavaleiros da Grã-Cruz utilizam a Banda da Ordem que é uma faixa de cetim azul de 10 cm de largura tendo ao centro
uma fita de cetim dourado de 2cm da qual pende a Cruz da Ordem pendente da coroa de ouro, pendente do Troféu de ouro; e utilizam no lado esquerdo do peito a placa da Ordem em ouro.
Bailio-Cavaleiro da Grã-Cruz:
Os Bailios-Cavaleiros da Grã-Cruz utilizam duas condecorações, em venérea utilizam um colar de cetim azul-celeste tendo nas orlas o bordado em ouro da Sacra Coroa de Espinhos, e a Banda da Ordem que é uma faixa de cetim azul de 10 cm de largura tendo ao centro uma fita de cetim dourado de 2cm; de ambos pendem a qual pende a Cruz da Ordem pendente da coroa de ouro, pendente do Troféu de ouro; e utilizam no lado esquerdo do peito a placa da Ordem em ouro.
Bailio-Cavaleiro do Grão-Colar
Os Bailios-Cavaleiros do Grão-Colar utilizam duas condecorações, sendo a primeira o Grão-Colar da Ordem. O segundo é a chamada redução do colar, que é uma faixa de cetim azul de 10 cm de largura da qual pende o dístico magistral com o pendente do Colar.
Para citação no Brasil (ABNT), usar:
Usos heráldicos da Categoria de Honra e Devoção da Sacra Milícia
Como trata-se de uma Ordem de Cavalaria Religiosa de Fundação Pontifícia, os Cavaleiros poderiam colocar seu escudo sobre a Cruz da Ordem, e dispor suas respectivas condecorações, segundo o costume que segue, neste caso para a Categoria de Honra e Devoção, onde todos os membros podem utilizar o Chefe de Religião.
Na Categoria de Honra e Devoção é facultado o uso do manto heráldico para todos os Membros.
Cavaleiro:
Cavaleiro-Comendador:
Cavaleiro Grande Oficial:
Cavaleiro da Grã-Cruz:
Bailio-Cavaleiro da Grã-Cruz:
Bailio-Cavaleiro do Grão-Colar:
As condecorações utilizadas neste pubicação são propriedade da Casa Principesca de Mesolcina.
Andre Prinz von Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico
O autor é especialista e consultor em heráldica e genealogia, bem como autor e ensaísta. Contato: casademesolcina@gmail.com
Para citação no Brasil (ABNT), usar:
PRINZ VON TRIVULZIO-GALLI, Andre. Sacra Milícia ou Ordem Militar de Santa Maria, Blog de Cavalaria. 2018. Disponível em: https://www.blogdecavalaria.com/2018/07/sacra-milicia-ou-ordem-militar-de-santa.html acessado em (especificar a data do acesso ao site).