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sábado, 22 de dezembro de 2018

CHRISTMAS MESSAGE


CHRISTMAS MESSAGE FROM
HIS SERENE HIGHNESS THE PRINCE ANDRE III TRIVULZIO-GALLI
14th PRINCE OF MESOLCINA AND THE SACRED ROMAN-GERMANIC EMPIRE, CHIEF OF THE PRINCELY HOUSE OF MESOLCINA


Once again we are approaching the Christmas Season, at which time, the first candle of the Advent wreath has already been lit. At this time, we must give a retrospect of how we have spent another year, and how our hearts are prepared for the arrival of Our Lord Jesus Christ.

Unlike in most countries, in Mesolcina (and almost all of Switzerland), we did not expect the arrival of "Santa Claus" on a sleigh, but the call of Samichlaus (St. Nicholas), mounted on a small little donkey, arriving on January 6, accompanied by another characteristic figure, the Schmutzli, figure "sinister" that accompanies St. Nicholas everywhere.

These two figures, so different but at the same time so inseparable, remind us of our difficult road to Salvation. For to those children who were good and well behaved during the course of the year, Samichlaus will give some oranges (yellow with their green leaves, eternal remembrance of the Trivulzian Dynasty), oranges that sometimes can be accompanied by nuts or peanuts; but to those children who were bad and behaved poorly, they receive from the Schmutzli a "warning" that when the Child Jesus calls them, they may not be on the side of Heaven, but accompany them to purgatory or eternal damnation.

In this scenario, neither Samichlaus nor Schmutzli bring real gifts to the children ... but then, who brings them? Parents always teach that gifts are left on the night of the 24th by the Baby Jesus. Many might ask, if it would not be more coherent then would the Magi bring the gifts? Not really, because Salvation was brought into the world as an undeserved gift brought by Our Lord.

This interesting childlike analogy of Christmas in the Valleys of Mesolcina is also very useful for us adults. When we are called to the Presence of our Lord Jesus Christ, are we prepared for salvation?
May we use this Advent period to prepare our hearts, so that we may receive Our Lord Jesus Christ in the most correct and Christian way.

A merry and holy Christmas to all.

MENSAGEM DE NATAL


MENSAGEM DE NATAL DE
SUA ALTEZA SERENÍSSIMA O PRÍNCIPE ANDRE III TRIVULZIO-GALLI
14º PRÍNCIPE DE MESOLCINA E DO SACRO IMPÉRIO ROMANO-GERMÂNICO, CHEFE DA CASA PRINCIPESCA DE MESOLCINA

Novamente aproximamo-nos do Tempo do Natal, nessa época, em que as primeiras velas da coroa do Advento já foram acesas, devemos fazer uma retrospecção de como passamos mais um ano, e de como nossos corações estão preparados para a chegada de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Diferente do que ocorre na maioria dos países, em Mesolcina (e em quase toda a Suíça), nessa época não esperamos a chegada do “Papai Noel” em um trenó, e sim a chamada de Samichlaus (São Nicolau), montado em um pequeno burrinho, que vêm no dia 06 de janeiro, acompanhado de uma outra figura característica, o Schmutzli, figura “sinistra” que acompanha São Nicolau em todos os lugares.

Essas duas figuras, tão diferentes porém ao mesmo tempo tão inseparáveis, nos lembram o nosso difícil caminho até a Salvação, pois, àquelas crianças que foram boas e bem comportadas no correr do ano, recebem de Samichlaus algumas laranjas (amarelas, com suas folhas verdes, eterna lembrança da Dinastia Trivulziana), laranjas essas que por vezes podem ser acompanhadas de nozes ou amendoins; porém àquelas crianças que foram más, recebem do Schmutzli uma “advertência”, de que quando o Menino Jesus as chamar, poderão não estar do lado do Céu, mas sim o acompanhar ao purgatório, ou ainda a danação eterna.

Nesse cenário, nem Samichlaus, muito menos o Schmutzli trazem presentes de verdade para as crianças... mas então, quem os trás? Os pais sempre ensinam que os presentes são deixados, na noite do dia 24, pelo Menino Jesus. Muitos poderiam perguntar, se não seria mais coerente então que fossem os Reis Magos a trazer os presentes? Na verdade não, pois a Salvação foi trazida ao mundo como um imerecido presente trazido por Nosso Senhor.

Essa interessante analogia infantil do Natal nos Vales de Mesolcina, é muito útil também para nós, adultos. Quando formos chamados à Presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, estaremos preparados para a Salvação?

Que utilizemos esse período do Advento para prepararmos os nossos corações, e assim podermos receber Nosso Senhor Jesus Cristo da forma mais correta e Cristã.

Um feliz e Santo Natal a todos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Brasões de Armas da Casa Real da Prússia / Coat of Armas of the Royal House of Prussia

Por Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Andre Fürst von Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina, de Trivulzio-Galli e do Sacro Império Romano-Germânico.



Hoje, Fieis Leitores do Blog de Cavalaria, falarei acerca dos brasões de Armas da Linha da Suábia da Dinastia dos Hohenzollern, ou seja, a Casa Real Prussiana, que também foi o lar dos Imperadores Alemães após a "unificação alemã" em 1871.

De início, vale-se lembrar, que o Stammwappen (brasão de raiz) da Casa de Hohenzollern é um simples esquartelado, I de prata, II de sabe, e assim nos contrários. Depois acrescentou-se como timbre uma cabeça e dorso caninos, no mesmo padrão heráldico. 

Com o tempo a Casa de Hohenzollern dividiu-se em duas linhas principais, a Linha da Suábia (da qual descendem os Reis da Prússia) e a Linha da Francônia (da qual descendem os Príncipes Titulares de Hohenzollern). 

A Linha da Francônia sempre manteve o mesmo brasão esquartelado, apenas com algumas modificações posteriores (porém desse tema falaremos em outra ocasião), todavia, a Linha da Suábia adotou com o tempo novas Armas.

Quando em 1192 Frederico III, Conde de Zollern tornou-se Conde de Nürnberg, adotou o nome de Frederico I de Nürnberg, adotou como brasão um campo de ouro com um leão rompante de sable, e bordadura de goles e prata. Mais tarde, com a morte de seu descendente Frederico V de Nürnberg em 1397, suas terras foram divididas entre seus filhos. Aqueles que herdaram o Margraviato (Marquesado) de Brandemburgo, adotaram como armas um campo de prata, com uma águia de goles (Armas de Brandemburgo), e colocaram sobre ela um escudete de blau com um cetro de ouro, em razão de serem Príncipes-Eleitores do Sacro Império. 


Mais tarde, quando Alberto de Brandemburgo-Ansbach, 37º Grão-Mestre da Ordem Teutônica, converte-se ao luteranismo, consegue adquirir para si, como possessão pessoal, parte dos Estados da Ordem Teutônica. Esse território não estava dentro dos limites do Sacro Império, mas era uma vassalagem do Reino da Polônia, e foi chamado de Ducado da Prússia. 

Alberto I da Prússia quis manter as mesmas Armas de Brandemburgo, mas isso não foi permitido pelo Rei da Polônia, uma vez que Brandemburgo era um Eleitorado Imperial, mas a Prússia era polonesa. Assim criaram-se novas Armas: manteve-se a águia, porém de cor negra sobre fundo branco (cores da Ordem Teutônica), e o Rei Sigismundo I da Polônia (chamado de "O Velho") impôs sobre ela um escudete vermelho com um "S" de ouro.


Tais Armas para a Prússia não agradaram aos Duques, que pretenderam, sem sucesso, remover o "S" de Sigismundo do peito da águia. Dessa forma, os Duques da Prússia mantiveram sua Capital em Berlim, que era a Capital do Margraviado de Brandemburgo, e mantiveram como Armas principais aquela da águia vermelha de Brandemburgo, não a águia preta prussiana. 

Essa situação manteve-se até 1701, quando Frederico III, Duque da Prússia obteve autorização Imperial para se auto-corar Rei, no episódio chamado de "Rei na Prússia" (pode ser lido a postagem própria sobre o tema clicando aqui). Quando Frederico, sob o título de Frederico I, tornou-se Rei na Prússia (título após modificado para Rei da Prússia) modificou novamente seu brasão, removendo para sempre o S de Sigismundo, e colocando o "FR" (para Fredericus Rex) no lugar. 


Esse brasão de Armas foi apenas modificado depois, com a adição de um cetro e um orbi às patas da águia (como visto acima) naquele que ficou sendo sempre conhecido como Brasão do Reino da Prússia. Frederico I passou a utilizar as Armas Prussianas como suas Armas principais, e para as honrar, criou uma Ordem de Cavalaria estilo Ordem de Colar, chamada de Ordem da Águia Negra, a mais alta condecoração prussiana. 

Em 1871, como visto acima, a Casa Real da Prússia tornou-se a principal Casa da Alemanha, após o afastamento semi-voluntário da Casa Imperial da Áustria dos assuntos alemães. Assim modicou-se pela última vez as Armas prussianas: no lugar do FR, no intento de resgatar as origens da Casa da Prússia enquanto ramo principal da antiga Dinastia Hohenzollern, colocou-se um escudete esquartelado, I de prata, II de negro, e assim nos contrários. 

Como não houveram disposições que alterassem outra vez o brasão da Prússia, é de se concluir que, até nossos dias, é o escudete, não o FR, que está no peito da águia prussiana.

Com a Coroação do Rei Guilherme I da Prússia como Imperador Alemão (não da Alemanha) o escudo da Prússia foi colocado sob uma águia de sable em campo de ouro (antigas Armas do Sacro Império, agora consideradas Armas da Alemanha).

Brasões da atual família Real

O atual Chefe da Casa Real é o Príncipe Georg Friedrich Prinz von Preussen, Duque da Prússia e Chefe da Casa Real Prussiana e Imperial Alemã.

Armas de Sua Alteza Imperial & Real o Chefe da Casa Real da Prússia, e Imperial da Alemanha, com o escudo alemão e sobre ele as Armas Prussianas, com o manto amarelo da Alemanha, e ao redor do escudo o Colar da Ordem da Águia Negra.

Brasão de Armas de Sua Alteza Imperial & Real a Princesa Sophie, Consorte do Chefe da Casa, nascida Princesa von Isenburg

Brasão de Armas de Sua Alteza Imperial & Real o Príncipe Herdeiro da Prússia e da Alemanha (Príncipe Carl Friedrich)

Brasão de Armas de Sua Alteza Real o Príncipe Ferdinand Christian da Prússia, segundo filho do Chefe da Casa Real


Brasão de Armas sugeridas para Sua Alteza Real o Príncipe Henrich Albert da Prússia, terceiro filho do Chefe da Casa Real

Brasão de Armas de Sua Alteza Real a Princesa Emma Marie, filha dos Chefes da Casa Real.

*Apenas o Chefe da Casa Real, sua esposa e o Príncipe Herdeiro recebem o tratamento de Imperial & Real, por serem intitulados "da Alemanha", os demais recebem o tratamento de Altezas Reais por serem intitulados apenas "da Prússia".

Para citação no Brasil (ABNT), usar:
PRINZ VON TRIVULZIO-GALLI, Andre. Brasões de Armas da Casa Real da Prússia, Blog de Cavalaria. 2018. Disponível em: https://www.blogdecavalaria.com/2018/11/brasoes-de-armas-da-casa-real-da.html acessado em (especificar a data do acesso ao site).

sábado, 29 de setembro de 2018

Brasões de Armas dos Duques de Alba / The Coat of arms of the Dukes of Alba



Uma das mais nobres e ilustres Dinastias da alta aristocracia espanhola é aquela da Casa de Alba. Seu título Ducal foi criado no ano de 1472, como elevação do Condado de Alba de Tormes, título este criado em 1439, já como elevação do Senhorio de Alba de Tormes, criado em 1430. A Dinastia teve início em 1429, quando o Rei Juan II de Castela concedeu a vila de Alba de Tormes a Dom Gutierre Álvares de Toledo, Arcebispo de Sevilha, Bispo de Palencia e Primaz de Toledo. Dom Gutierre cedeu sua Senhoria a seu sobrinho, Don Fernando Álvares de Toledo y Sarmiento, que teve a Senhoria elevada a Condado.

Foi o filho de Don Fernando Álvares de Toledo, Don García Álvares de Toledo y Carrilo de Toledo que inicialmente foi II Conde de Alba de Tormes, que teve o seu Condado elevado a Ducado de Alba de Tormes pelo Rei Enrique IV de Castela. 

Brasão do I e do II Duque de Alba de Tormes

O I Duque de Alba utilizou como brasão aquele que foi imortalizado com o nome de "Armas dos Álvares de Toledo", isso é, um enxadrezado de 15 peças de prata e de blau (8 de prata e 7 de blau). Ao redor do escudo foram colocadas 9 bandeiras mouras (4 em cada bordo e uma em campanha), e sobre o escudo a coroa ducal.

O II Duque de Alba de Tormes, Don Fadrique Álvares de Toledo y Enríquez de Quiñones, não alterou em nada o brasão paterno. Seu filho mais velho, Don García Álvares de Toledo y Zúñiga, intitulado III Marquês de Coria, morreu antes de receber o Condado, todavia seu filho, Don Fernando Álvares de Toledo y Pimentel sucedeu no título do avô como III Duque de Alba, e por seus grandes feitos militares, foi apelidado de "O Grão-Duque de Alba", recebendo a Ordem do Tosão de Ouro.

Brasão do III Duque de Alba

O III Duque de Alba adicionou a seu brasão um timbre, sendo este um anjo alado de prata, com um tabardo com o exadrezado dos Álvares de Toledo, e tendo em uma mão um órbi e na outra uma espada. Adicionou ainda um lema em forma de grito de armas, com os dizeres TU IN EA ET EGO PRO EA, que quer dizer TU [Deus] NELA (Espanha) E EU POR ELA (pela Espanha). 

Armas do 5º Duque de Alba
A partir do 5º Duque de Alba, Don Antonio Álvares de Toledo y Beaumont, somaram-se abaixo do escudo dois braços armadas, com espadas na mão, e vestidos com o tabardo das Armas do Reino de Navarra. Isso deu-se pelo fato do 5º Duque ter recebido, por herança materna o Condado de Lerín, e junto deste Condado o título de Condestável de Navarra.


Brasão do 7º Duque de Alba

Apesar de crermos que os Duques que sucederam ao "Grão-Duque" de Alba, terem modificado o brasão, apenas temos certeza dessa modificação no 7º Duque de Alba, Don Antonio Álvares de Toledo Beaumont y Enríquez de Ribera, que, segundo o que consta Juan Felix Francisco de Rivarola y Pineda, heraldista e autor do livro "Monarquia Española: blason de su Nobleza", escrito em 1736; na página 81 ele nos conta que o 7º Duque utilizou as seguintes Armas:

Escudo esquartelado, I de Álvares de Toledo, II de Beaumont, III de Enríquez, IV de Ribera, sobre-o-todo escudete de blau com cinco flores-de-lis de ouro postas em aspa. 

Brasão do 10º Duque de Alba

Com o 10º Duque de Alba o brasão se modificará novamente, passará a ser esquartelado, I e IV de Álvares de Toledo, II e III de Beaumont; sobre-o-todo um escudete partido, 1º de Enríquez, 2º de Ribera (pelo título de Marquês de Villanueva del Río), e sobre ele, um escudete de blau carregado de 5 flores-de-lis de ouro em aspa, posto em abismo. Como o Duque fora Bailio-Cavaleiro do Grão-Colar da Sacra Ordem Dinástica, Equestre, Militar e Hospitalar da Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria Gloriosa (Ordem Militar de Santa Maria), este utilizou o Grão-Colar daquela Ordem ao redor de seu escudo. 

O 10º Duque não teve filhos varões, e fora sucedido por sua filha, Dona Maria Teresa Álvares de Toledo y Haro, 11º Duquesa de Alba, que casou-se com Manuel Maria José de Silva Mendoza y Cerda, 10º Conde de Galve. A partir deste casamento, a varonia da Casa de Alba deixou de ser ÁLVARES DE TOLEDO, e passou a ser SILVA.

Fora o 12º Duque de Alba Don Fernando de Silva y Álvares de Toledo, que utilizou as seguintes Armas:

Armas do 12º Duque de Alba

Escudo esquartelado, I e IV de Álvares de Toledo, II e III de Beaumont; sobre-o-todo um escudete de prata carregado d'um leão rompante de púrpura, que é de Silva. O Duque Don Fernando de Silva foi o mais condecorado entre os Duques de Alba, não sendo apenas Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro, mas também Cavaleiro da Ordem do Espírito Santo e da Ordem francesa de São Miguel. Seu emblemático brasão pode, até hoje, ser visto pintado no pórtico do Palácio de Las Dueñas, em Sevilha. 

O 12º Duque foi sucedido por sua neta, Dona Maria del Pilar Teresa Cayetana de Silva Álvares de Toledo y Silva-Bazán, 13ª Duquesa de Alba, filha do Duque de Huéscar (herdeiro do Ducado de Alba). Como a 13ª Duquesa não teve descendência, foi substituída na Chefia da Casa de Alba por Don Carlos Miguel Fitz-James Stuart, 6º Duque de Berwick, ponto assim fim a segunda linhagem da Casa de Alba (linhagem SILVA), e iniciando assim a terceira linhagem (linhagem FITZ-JAMES STUART).

Don Carlos Miguel Fitz-James Stuart, 6º Duque de Berwick pode suceder no Ducado de Alba por ser filho de Don Jacobo Fitz-James Stuart, 5º Duque de Berwick, filho que era de Don Carlos Bernado Fitz-James Stuart y Silva, 4º Duque de Berwick, que era filho de Dona Maria Teresa de Silva y Álvares de Toledo, irmã do 12º Duque de Alba.

Brasão do 14º Duque de Alba, 6º Duque de Berwick

Não se tem notícias de que o 6º Duque de Berwick tenha alterado as suas Armas pessoais quando torno-se 14º Duque de Alba; todavia é de se supor que tenha adotado as bandeiras externas dos Duques de Alba, bem como as espadas referentes ao título de Condestável de Navarra, assim como o timbre dos Álvares de Toledo. Também foi nessa época que os Duques de Alba somaram ao exterior de seu brasão duas maças, postas em aspa atrás do escudo, em memória aos serviços palacianos que os Duques de Alba prestaram aos Reis de Espanha.

As Armas dos Fitz-James Stuart, Duques de Berwick, são esquarteladas, I e IV contra-equarteladas com as armas de França e Inglaterra; II com as Armas da Escócia e III com as Armas da Irlanda, tendo ainda uma bordadura de 16 campos, os ímpares com a metade do tamanho dos pares, sendo os ímpares de blau carregados d'uma flor-de-lis de ouro, e os pares de goles carregados d'um leopardo de ouro, armado e linguado de blau.

Brasão do 15º Duque
Apesar de não haver bibliografia satisfatória a respeito das Armas do 15º Duque de Alba, supõe-se que tenha utilizado as Armas de seu pai (de Fitz-James Stuart), tendo as Armas dos Álvares de Toledo em escudete sobre o abismo do escudo. Foi o Duque Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro.

Brasão do 16º e do 17º Duques

Será a partir do 16º Duque de Alba, Don Carlos Maria Fitz-James Stuart y Palafox-Portocarrero, que o escudo da Casa de Alba assume os contornos que conhecemos hoje, sendo esquartelado, I contra-equartelado com as armas de França e Inglaterra; II com as Armas da Escócia, III com as Armas da Irlanda, IV com as Armas dos Álvares de Toledo, tendo ainda uma bordadura de 16 campos, os ímpares com a metade do tamanho dos pares, sendo os ímpares de blau carregados d'uma flor-de-lis de ouro, e os pares de goles carregados d'um leopardo de ouro, armado e linguado de blau. Ao redor do escudo as bandeiras externas dos Duques de Alba, bem como as espadas referentes ao título de Condestável de Navarra, assim como o timbre dos Álvares de Toledo e duas maças, postas em aspa atrás do escudo.
Como o 16º Duque, assim como o 17º foram Cavaleiros da Ordem do Tosão de Ouro, foi esse o colar visto ao redor de seus escudos.

É importante salientar que, após a morte sem herdeiros masculinos de Don Jacobo Santiago María del Pilar Carlos Manuel Felipe Juan Pío Fernando Francisco de Sales Gerónimo Mamerto Eduvigio Fitz-James Stuart Falcó Palafox-Portocarrero y Osorio, 17º Duque de Alba e 10º Duque de Berwick (que entrou para a história com o nome de Don Jacobo Fitz-James Stuart), houve a separação entre a Casa de Alba (que foi herdada por sua filha Cayetana), e a Casa de Berwick (herdada por seu sobrinho Don Fernando Fitz-James Stuart), uma vez que o título de Duque de Berwick apenas pode ser herdada por linha primogênita, seguindo os princípios da Lei Sálica.

Brasão da 18º Duquesa
Dona María del Rosario Cayetana Paloma Alfonsa Victoria Eugenia Fernanda Teresa Francisca de Paula Lourdes Antonia Josefa Fausta Rita Castor Dorotea Santa Esperanza Fitz-James Stuart y Silva Falcó y Gurtubay, 18ª Duquesa de Alba de Tormes, foi Dama da Grã-Cruz da Ordem de Isabel La Católica, da Ordem de Afonso X, da Ordem das Damas Nobres de Nossa Senhora Auxiliadora, bem como da Ordem Constantiniana de São Jorge, são então essas as condecorações que pendem de seu escudo.

Como Dona Cayetana (nome pelo qual a 18º Duquesa ficou conhecida) casou-se com Don Luís Martínez de Irujo y Artázcoz, filho do IX Duque de Sotomayor e V Marquês de Casa-Irujo, extinguiu-se a 3º linhagem da Casa de Alba (FITZ-JAMES STUART), e inicou-se assim a quarta lingagem da Casa de Alba (MARTÍNEZ DE IRUJO).

Armas do 19º Duque
Sucedeu a 18º Duquesa seu filho primogênito, Don Carlos Juan Fitz-James Stuart y Martínez de Irujo, que alterou a ordem de seus sobrenomes, para passar o sobrenome Fitz-James Stuart a seus filhos, evitando assim a extinção do sobrenome. Seus irmãos todos permanecem com o sobrenome Martínez de Irujo.

Deve o 19º Duque utilizar as Armas de seu mãe, com o brasão dos Martínez de Irujo em escudete posto sobre o abismo. Como o 19º Duque é Cavaleiro da Real Ordem de San Gennaro, é este o colar que soma-se ao seu escudo.

BANDEIRA DO DUCADO DE ALBA



A bandeira do Ducado é um pano azul, e nele estampada as Armas dos Álvares de Toledo, com seu timbre, suas bandeiras, além das espadas como Condestáveis de Navarra e as maças. Surpreende porém que no funeral da 18º Duquesa de Alba, pode-se ver uma estranha bordadura ao redor do escudo dos Álvares de Toledo, bordadura essa de 16 peças de prata e goles. 

Andre Prinz von Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico
O autor é especialista e consultor em heráldica e genealogia, bem como autor e ensaísta. Contato: casademesolcina@gmail.com 

Para citação no Brasil (ABNT), usar:
PRINZ VON TRIVULZIO-GALLI, Andre. Brasões de Armas dos Duques de Alba, Blog de Cavalaria. 2018. Disponível em: https://www.blogdecavalaria.com/2018/09/brasoes-de-armas-dos-duques-de-alba.html acessado em (especificar a data do acesso ao site).


quarta-feira, 4 de julho de 2018

Sacra Milícia ou Ordem Militar de Santa Maria / Sacred Militia or Military Order of Blessed Virgin Mary 1



A Ordem Militar de Santa Maria, também chamada de Sacra Milícia (nome completo Sacra Ordem Dinástica, Equestre, Militar e Hospitalar da Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria) é uma Ordem Religiosa-Militar de Fundação Pontifícia (para saber mais sobre essa categoria de Ordem, clique aqui) A Ordem foi fundada no contexto da luta Cristã contra os hereges cátaros. Em 1209 o Conde Simão IV de Montfort, Conde de Montfort-Amaury, Conde de Leicester, Visconde de Albi, de Béziers e de Carcassone, Conde de Toulouse, invocou a criação de uma Ordem de Cavalaria para lutar na Cruzada contra estes hereges, em uma dura guerra que ficou conhecida como A Cruzada Albigenese. A Ordem foi chamada de Milícia de Jesus Cristo, pois invocava que a Cruzada contra os cátaros era o trabalho do próprio Cristo.

A atuação da Milícia de Jesus Cristo na Cruzada contra os Cátaros foi marcante, de forma que o Grão-Mestre da Ordem foi quem liderou a coalizão Católica contra os hereges, sendo que para isso obteve o apoio do Rei da França, lutando contra o Rei de Aragão, do Chefe da Casa de Trencavel, do Conde de Foix, do Conde de Comminges e do Visconde de Béarn.

Os Cavaleiros da Milícia de Jesus Cristo tomaram especial papel junto ao Cerco de Avinhão, onde morreu o Rei Luís VIII da França, lutando ao lado dos Cavaleiros da Milícia. Como era o esperado, a vitória contra os hereges ocorreu, e a Milícia de Jesus Cristo pode honrar-se com sua primeira vitória. Neste período entraram na Ordem o Conde Almerigo de Montfort; Conde Guido de Montfort, filho do Conde Simão IV. Simão V, Conde de Montfort, Filho do Conde Simão IV.

O Conde Simão IV de Montfort levou a Milícia de Jesus Cristo para as Santas Cruzadas no Oriente. Em 1213, derrota o exército do rei Pedro II de Aragão, que é morto na batalha de Muret.

Com o fim da heresia cátara, os Cavaleiros da Ordem migraram gradativamente para à Itália, onde a Santa Sé lhes incumbiu de novas missões. Após a morte do Conde Pietro Savarico, é Eleito em 1233 como novo IV Grão-Mestre da Ordem o Bispo da cidade de Vicenza, o Bem-Aventurado Bartolomeo de Breganze, (nascido e 1200, falecido em 1270), que foi um Monge Dominicano elevado a Bispo de Vicenza. Como foi o Bem-Aventurado o primeiro a conseguir o Reconhecimento Pontifício da Milícia de Jesus Cristo em 1235, este é considerado o “Refundador” da mesma.

Placa de Grã-Cruz e de Grande e do Grão-Colar da Ordem


Bartolomeu de Vicenza teve desde cedo contato com os Templários, sendo que em 1233 resolve reformar com a ajuda dos mesmos, a Milícia de Jesus Cristo com o objetivo de por fim às desordens causadas na Itália pelas lutas fratricidas entre guelfos e gibelinos além da defesa da Fé e do Papado.

A Milícia foi reconstituída pelo elemento Nobre da sociedade de Parma, aliada aos Cavaleiros da Ordem do Templo, enviados especialmente para a missão da reformulação da Milícia.

Para representar a Ordem, o Bem-Aventurado fundador escolheu uma nova Cruz como símbolo da Ordem. De início, a cruz foi feita em formato de espada, na cor vermelha, acompanhada de duas estrelas do mesmo. Depois de pouco tempo, a Cruz foi feita pátea vermelha, símbolo dos templários, acompanhada de duas estrelas da mesma cor. Neste período foi a Ordem Confirmada pelas Bulas Pontifícias QUAE OMNIUM CONDITORIS HONOREM do Papa Gregório IX, de 13 de março de 1235 e SOL ILLE VERUS do Papa Urbano IV, de 23 de dezembro de 1261.

Em 1565 por meio do Breve Apostólico de Pio IV a Ordem tornou-se uma Ordem Dinástica da Casa de Galli, mais tarde em 1595 feitos Duques de Alvito. Fora então o primeiro Grão-Mestre Dinástico da Ordem o Cardeal Tolomeo I Galli, Conde del Trè Pievi, mais tarde 1º Duque de Alvito. Após 1800 com a morte sem herdeiros do Príncipe Carlos III Trivulzio-Galli, 8º Duque de Alvito, o Grão-Magistério da Ordem passou para o Príncipe Domenico II Trivulzio-Galli, 6º Príncipe de Mesolcina, cujos descendentes ainda conservam o Grão-Magistério.

Placa de Grande Oficial

A Ordem é subdividida em 6 classes, que são:
- Classe de Honra e Devoção (para a antiga Nobreza)
- Classe de Graça e Devoção (para a Nobreza "nova", com menos de 200 anos)
- Classe de Obediência e Obediência ad Honorem (para os Clérigos ligados de maneira especial à Ordem)
- Classe de Devoção (para os clérigos e religiosos)
- Classe de Graça Magistral (para os que não possuem Nobreza)
- Classe de Ofício (concedida em grau único, para aqueles que realizam 2 anos de atividades caritativas em nome da Ordem)

Em cada uma das Classes há um diverso número de Cavaleiros e Damas, que são os seguintes:

- Bailio-Cavaleiro do Grão-Colar (apenas para Honra e Devoção)
- Bailio-Cavaleiro da Grã-Cruz (para Honra e Devoção e Graça e Devoção)
- Cavaleiro da Grã-Cruz (para todas as Classes)
- Cavaleiro Grande-Oficial (para todas as Classes)
- Cavaleiro-Comendador (para todas as Classes)
- Cavaleiro (para todas as Classes)

Para as Damas:
- Dama de Grã-Cruz de Classe Especial (apenas para Honra e Devoção)
- Dama da Grã-Cruz (para todas as Classes)
- Dama Grande Oficial (para todas as Classes)
- Dama de Comenda (para todas as Classes)
- Dama (para todas as Classes)

Insígnias da Classe de Honra e Devoção da Sacra Milícia

Cavaleiro:
Os Cavaleiros de Honra e Devoção usam sua condecoração (Hábito) que é composto pela Cruz da Ordem pendente de uma coroa de ouro, e o utilizam em venérea (no pescoço) pendente de uma fita azul-celeste.
Cavaleiro-Comendador:
Os Cavaleiros-Comendadores de Honra e Devoção utilizam a Comenda da Ordem (Cruz da Ordem pendente da coroa de ouro, pendente do Troféu de prata) também em venérea
Cavaleiro Grande Oficial:
Os Cavaleiros Grandes Oficiais utilizam o Grande-Hábito da Ordem (Cruz da Ordem pendente da coroa de ouro, pendente do Troféu de ouro) também em venérea; e utilizam no lado esquerdo do peito a placa de prata da Ordem

Cavaleiro da Grã-Cruz:
Os Cavaleiros da Grã-Cruz utilizam a Banda da Ordem que é uma faixa de cetim azul de 10 cm de largura tendo ao centro uma fita de cetim dourado de 2cm da qual pende a Cruz da Ordem pendente da coroa de ouro, pendente do Troféu de ouro; e utilizam no lado esquerdo do peito a placa da Ordem em ouro.

Bailio-Cavaleiro da Grã-Cruz:
Os Bailios-Cavaleiros da Grã-Cruz utilizam duas condecorações, em venérea utilizam um colar de cetim azul-celeste tendo nas orlas o bordado em ouro da Sacra Coroa de Espinhos, e a Banda da Ordem que é uma faixa de cetim azul de 10 cm de largura tendo ao centro uma fita de cetim dourado de 2cm; de ambos pendem a qual pende a Cruz da Ordem pendente da coroa de ouro, pendente do Troféu de ouro; e utilizam no lado esquerdo do peito a placa da Ordem em ouro.

Bailio-Cavaleiro do Grão-Colar
Os Bailios-Cavaleiros do Grão-Colar utilizam duas condecorações, sendo a primeira o Grão-Colar da Ordem. O segundo é a chamada redução do colar, que é uma faixa de cetim azul de 10 cm de largura da qual pende o dístico magistral com o pendente do Colar.

Usos heráldicos da Categoria de Honra e Devoção da Sacra Milícia

Como trata-se de uma Ordem de Cavalaria Religiosa de Fundação Pontifícia, os Cavaleiros poderiam colocar seu escudo sobre a Cruz da Ordem, e dispor suas respectivas condecorações, segundo o costume que segue, neste caso para a Categoria de Honra e Devoção, onde todos os membros podem utilizar o Chefe de Religião.

Na Categoria de Honra e Devoção é facultado o uso do manto heráldico para todos os Membros. 

Cavaleiro:
Cavaleiro-Comendador:

Cavaleiro Grande Oficial:

Cavaleiro da Grã-Cruz:

Bailio-Cavaleiro da Grã-Cruz:

Bailio-Cavaleiro do Grão-Colar:

As condecorações utilizadas neste pubicação são propriedade da Casa Principesca de Mesolcina.

Andre Prinz von Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico 
O autor é especialista e consultor em heráldica e genealogia, bem como autor e ensaísta. Contato: casademesolcina@gmail.com  

Para citação no Brasil (ABNT), usar:
PRINZ VON TRIVULZIO-GALLI, Andre. Sacra Milícia ou Ordem Militar de Santa Maria, Blog de Cavalaria. 2018. Disponível em: https://www.blogdecavalaria.com/2018/07/sacra-milicia-ou-ordem-militar-de-santa.html acessado em (especificar a data do acesso ao site).

sábado, 2 de junho de 2018

A Ordem Militar de Sant'Iago da Espada / The Military Order of Saint James of the Sword



A Ordem de Sant'Iago é uma Ordem Religiosa-Militar (para saber mais acerca dessa categoria de Ordens, clique aqui), surgida no século XII no Reino de Leão, quando no ano de 1164 o Rei Fernando II de Leão e Dom Pedro Suárez de Deza, Bispo de Salamanca, encarregaram a um grupo de 13 homens (chamados de Cavaleiros de Cacerez) da defesa da cidade de Cacerez contra os muçulmanos, que acaba por ser uma tarefa indefensável, vez que em 1174 o Califa de Sevilha vence a resistência dos Cavaleiros e toma a cidade. Após isso os Cavaleiros tomam o nome de Cavaleiros da Espada, e passam a defender os peregrinos Católicos que se dirigiam pelo Caminho de Sant'Iago, altura em que, em 1175 o Papa Alexandre III reconhece a criação da Ordem. 

Com a missão da proteção dos peregrinos no Caminho de Sant'Iago, criou-se o costume de clamar pela proteção do Apóstolo, sempre antes de entrar em uma batalha, e o Apóstolo torna-se o Patrono da Ordem dos Cavaleiros da Espada ainda em 1º de Agosto de 1170, sendo que, com o tempo, os Cavaleiros da Espada, passaram a ser chamados de Cavaleiros de Sant'Iago.

Dessa primitiva Ordem leonesa surgiram depois 3 Ordens, todas ramificadas da original, e todas suas continuadoras, sendo o primeiro ramo aquele Espanhol, continuador do Grão-Magistério original. Surgiu depois a ramificação Portuguesa, criada quando o Rei Dom Diniz pediu, em 1288, que o Papa Nicolau IV separasse as comendas portuguesas daquelas leonesas, de modo que a Ordem pudesse ser considerada portuguesa, o que foi apenas parcialmente atendido pelo Papa, que por meio de Sua Bula de 1288 concedeu autonomia aos Cavaleiros portugueses, porém que eles ainda estavam obrigados a prestarem obediência ao Grão-Mestre da Ordem, no Reino de Leão.

Os Reis de Portugal não se conformaram com a autonomia parcial, e insistiram muitas vezes em seu pedido, sendo que o Papa João XXII concedeu no ano de 1320 a separação definitiva da Ordem Portuguesa daquela Castelhana-Leonesa. Os Cavaleiros da Ordem em Portugal mantiveram o nome de Cavaleiros da Espada (coisa abandonada em Castela), sendo chamados de Cavaleiros de Sant'Iago da Espada. 

Comenda da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (prata, final do século XVIII), clique na imagem para ampliar. Na primeira imagem a placa, que podia ser colocada e removida da casaca, ao centro a venérea e a esquerda a chapa, onde pode-se ver uma série de furinhos ao redor da chapa, pois ela era costurada na casaca.

Os Reis de Portugal adquiriram para si o Grão-Magistério da Ordem de Sant'Iago da Espada em 1551, quando o Papa Julio III, por meio da Bula Preaclara charissimi in Christo, de 04 de janeiro de 1551. 

A Terceira ramificação surgiu quando da Independência do Brasil, ocasião em que Dom Pedro I, legítimo herdeiro dinástico dos Direitos dos Reis de Portugal, por ser o filho mais velho do Rei Dom João VI, pede ao Papa Leão XII que separe o ramo brasileiro das Ordens Militares portuguesas, o que o Papa concede por meio da Bula Praeclara Portugalliae et Algarbiorumque Regnum, de 30 de maio de 1827. Contudo essa Ordem brasileira foi a menos usada das Ordens Militares, tendo sido concedida apenas 9 vezes no reinado de Dom Pedro I (todos Cavaleiros), e apenas uma única vez no longo reinado de Dom Pedro II, número extremamente baixo, comparado ao período em que Dom João VI reinou no Brasil, onde concedeu-se a mesma Ordem 104 vezes, (83 Cavaleiros, 13 Comendadores e 8 Grã-Cruzes). 

As Ordens Militares Portuguesas mantiveram o caráter clerical até o ano de 1789, quando por meio da Carta de Lei de 19 de Junho de 1789 a Rainha Dona Maria I as reformulou, delas removendo o caráter puramente religioso, reservando a Ordem de Sant'Iago aos que exercessem trabalho na Magistratura.

Também por disposição da Carta de Lei de 19 de Junho de 1789, a Rainha Dona Maria I decretou que as Condecorações dos Comendadores (Comendas) se distinguiriam daquelas dos Cavaleiros (Hábitos), vez que os Comendadores passariam a utilizar uma insígnia do Sagrado Coração de Jesus em suas Comendas, assim como os Grã-Cruzes.

A fita da Ordem de Sant'Iago, que antes era vermelha, passou a ser violeta  por disposição do Alvará de 10 de Junho de 1796, uma vez que até essa data havia uma grande confusão entre os Cavaleiros da Ordem de Sant'Iago e os da Ordem Militar de Cristo, vez que os de Cristo também usavam fita vermelha. 

Insignias da Real e Militar Ordem de Sant'Iago da Espada, segundo os usos após a Carta de Lei de 19 de Junho de 1789


Cavaleiro:
Os Cavaleiros, por disposição de Dona Maria I, utilizariam a sua Condecoração (Hábito) presa por um nastro, que por disposição do Alvará de 10 de Junho de 1796, passou a ser violeta.

Comendador:
Os Comendadores utilizam seus Condecorações (Comendas) em forma de venérea, sendo a Cruz suspensa por uma espécie de Troféu com o Sagrado Coração de Jesus. Os Comendadores, assim como os Cavaleiros da Grã-Cruz, utilizavam sempre a placa da Ordem, e nela também o Sagrado Coração de Jesus.

Grã-Cruz:
Os Grã-Cruzes utilizavam a Cruz da Ordem em uma chapa oval esmaltada de branco, e nela tanto a Cruz da Ordem como o Sagrado Coração de Jesus; essa chapa era presa em uma banda violeta, pendente do ombro direito, atravessante para o lado esquerdo. Usavam também o mesmo modelo de placa que os Comendadores.

Usos heráldicos da Real e Militar Ordem de Sant'Iago da Espada

Como uma antiga Ordem Militar Religiosa, os Cavaleiros, Comendadores e Grã-Cruzes podiam colocar seu escudo sobre a Cruz da Ordem, e dispor suas respectivas condecorações:

Cavaleiro:
Utilizam seu Hábito pendente da ponta do escudo

Comendador:
Utilizam sua Comenda pendente de uma fita, ao redor do escudo

Grã-Cruz:
Utilizam sua Banda ao redor do escudo.

As condecorações utilizadas na presente publicação são obra do Sr. Raphael Vibancos Lisboa, um excelente designer, (que também é Arauto do Tribunal Heráldico co Conselho da Nobreza da Casa Principesca de Mesolcina) que recomendamos o contato, através do e-mail: heraldesign.br@gmail.com

Também agradecemos a Paulo Roberto de Sousa Fernandes, Conde de Colle d'Agnese (Rei-de-Armas Principal da Sereníssima Casa Principesca de Mesolcina) pelo desenho do esplendor abaixo do Sagrado Coração de Jesus, utilizado na venérea dos Comendadores.

As bandas e fitas são de Andre Prinz von Trivulzio-Galli.

Andre Prinz von Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico 
O autor é especialista e consultor em heráldica e genealogia, bem como autor e ensaísta. Contato: casademesolcina@gmail.com  

Para citação no Brasil (ABNT), usar:
PRINZ VON TRIVULZIO-GALLI, Andre. A Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, Blog de Cavalaria. 2018. Disponível em: http://www.blogdecavalaria.com/2018/06/a-ordem-militar-de-santiago-da-espada.html acessado em (especificar a data do acesso ao site).

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (2ª Parte)



Como vimos na postagem anterior, a importância da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa é tamanha que, para melhor estudá-la, dividimos sua análise em 2 Partes. A 1ª Parte, (para ler, clique aqui), tratou acerca da Ordem como estava estruturada durante o período monárquico, indo até a morte do Rei Dom Manuel II (1932). A 2ª Parte, que segue, tratará da Ordem como atualmente está estruturada, haja vista as modificações realizadas por seu atual Grão-Mestre Sua Alteza Real Dom Duarte Pio, Duque de Bragança.

Essa importante Ordem Dinástica-Militar de Inspiração religiosa (para saber mais acerca desse gênero de Ordens, clique aqui) foi criada pelo Rei Dom João VI de Portugal (que também foi Imperador do Brasil sob o título de Dom João I do Brasil) no dia de sua Coroação, na cidade do Rio de Janeiro, por meio do Decreto Régio de 06 de fevereiro de 1818. Ganhou seus Estatutos através do Alvará de 10 de setembro de 1819, por meio do qual Dom João criou seus graus e insígnias. 

Após o fim da Monarquia em Portugal o Grão-Magistério da Ordem permaneceu junto a Sua Majestade Fidelíssima o Rei Dom Manuel II, que em seu exílio na Inglaterra, costumava ainda condecorar seus apoiadores com as Ordens Portuguesas. Após a morte do Rei, o Grão-Magistério da Ordem recaiu em Sua Alteza Dom Duarte Nuno de Bragança, Infante de Portugal, que após a morte do Rei Dom Manuel II tornou-se o Pretendente ao Trono de Portugal e Chefe da Casa de Bragança, adotando assim o título de Sua Alteza Real o Duque de Bragança.

A Ordem parece não ter sofrido maiores alterações nesse período, até a morte de Dom Duarte Nuno, e a Chefia da Casa Real Portuguesa recair sobre seu filho Dom Duarte Pio de Bragança, que no início dos anos 80 (do século XX) reformou os Estatutos da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, que passou a ser tida como uma Associação Privada de Fieis de Direito Diocesano, e assim apenas como membros efetivos, tão somente passou a aceitar portugueses. 

São os atuais postos da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

1 Cavaleiro
2 Comendador
3 Comendador com Placa
4 Grande Oficial
5 Grã-Cruz


Aspecto de uma cerimônia atual da Ordem

Basicamente as reformas introduzidas na Ordem mudaram o comportamento da mesma, que agora passou a ser uma associação privada de fieis de Direito Diocesano; além disso, a reforma introduziu novos postos, de "Comendador com Placa" e de "Grande Oficial" (também chamado de "Grã-Cruz de segunda classe"), além de retirar dos Comendadores o direito de sua placa (que agora só cabe aos "Comendadores com placa"), e eliminou o posto de Servente da Ordem. As condecorações também foram alteradas pelo atual Duque de Bragança, para assim refletir as mudanças introduzidas nos postos da Ordem.

Em contato que a Redação do Blog de Cavalaria teve com a Chancelaria das Ordens Dinásticas da Casa Real Portuguesa, obtivemos a seguinte resposta:

"De facto, todas as Ordens da Casa Real estão hoje Canonicamente Erectas e por isso hoje já não se admitem estrangeiros em Vila Viçosa. Para se ser membro requer mais de 10 anos de serviço para ser admitido como Cavaleiro, que é o primeiro grau, e depois mais outros 10 para promoções.
Porém se houver donativos  insignes às Arquidioceses em Protocolo com a Ordem, a Curia pode propor a condecoração, a título honorário, mas a pessoa nesse caso que recebe a mesma de S.A.R., só poderá usar a Insignia, mas não a capa, e não poderá participar em cerimónias da Ordem."

Ou seja, já não se admitem que cidadãos de fora de Portugal possam fazer parte na Ordem, além de que confirma-se que os postos agora podem todos ser concedidos em caráter efetivo ou honorário.

Insígnias da Real e Militar Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, após as reformas Estatutárias dos anos 80 do século XX

Cavaleiro:

Comendador:

Comendador com Placa:

Grande Oficial:

Grã-Cruz:

Novos usos heráldicos da Real e Militar Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

Após as reformas introduzidas na Ordem, passou a vigorar uma perfeita desordem no modo da apresentação heráldica das condecorações dos Membros da Ordem, uma vez que, por ter sido desenvolvido a ideia de que todas as condecorações deveriam ser apresentadas com fita ao redor do escudo, porém essa ideia é torpe e anti-heráldica.

O modo correto de apresentar-se as condecorações é o que segue: 

Cavaleiro:
Os Cavaleiros portam o Hábito da Ordem pendente de um nastro nas cores da Ordem (azul com orlas brancas) pendente da ponta do escudo

Comendador:
Os Comendadores portam  a Comenda da Ordem pendente de um nastro nas cores da Ordem (azul com orlas brancas) pendente da ponta do escudo. Deve-se prestar atenção pois esse era o modo como os Cavaleiros desta Ordem portavam suas condecorações antes da reforma da mesma. Por isso, ao ver um brasão deve-se procurar saber se o armigerante foi admitido na Ordem antes ou após a reforma, para saber se trata-se de Cavaleiro, ou de Comendador.

Comendador com Placa
Os Comendadores com Placa portam a Comenda da Ordem pendente de uma fita, todavia essa fita não contorna todo o escudo, contorna apenas a metade inferior do mesmo.

Grande-Oficial:
Os Grandes Oficiais portam a sua condecoração da Ordem pendente de uma fita que contorna todo o escudo (partindo do Chefe)

Grã-Cruz:
Os Grã-Cruzes portam a Banda da Ordem, da qual pende a sua condecoração

As condecorações utilizadas na presente publicação são obra de Paulo Roberto de Sousa Fernandes, Conde de Colle d'Agnese (que desenhou a a insígnia da Ordem) e de Andre Prinz von Trivulzio-Galli (que desenhou as fitas e bandas e colocações heráldicas). 

Proibida a reprodução sem a autorização expressa de Andre Prinz von Trivulzio-Galli. 

Para citação no Brasil (ABNT), usar:
PRINZ VON TRIVULZIO-GALLI, Andre. Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Blog de Cavalaria. 2018. Disponível em: http://www.blogdecavalaria.com/2018/04/ordem-militar-de-nossa-senhora-da.html acessado em (especificar a data do acesso ao site).