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segunda-feira, 17 de maio de 2021

Todo Capetiano é um "Filho de São Luís"? / Est-ce que chaque Capétien est un "Fils de St. Louis"? / Is every Capetian a "Son of St. Louis"?

 


A pergunta que inicia esta reportagem é: Todo Capetiano, é mesmo um Filho de São Luís?


Para responder a esta pergunta, antes de mais nada devemos responder a duas questões que da primeira pergunta surgem: O que são os Capetianos? Quem são os Filhos de São Luís?


A Primeira pergunta é muito fácil de se responder: são Capetianos todos os descendentes por via sálica (apenas por linhagem puramente masculina, sem nenhuma quebra de varonia) de Hugo Capeto, Rei da França. 


Já a segunda pergunta é um pouco mais complexa: quem são os "Filhos de São Luís"? Aqui nos referimos a São Luís IX, Rei da França, da qual todos os Reis Cristianíssimos da França descenderam. Compreende-se que são os "Filhos de São Luís" todos os descendentes sálicos de São Luís da França. Esta definição, pareceria a primeira análise muito simples, porém não é... 



Até a ascensão ao Trono de Henri IV da França, o primeiro Rei da Casa de Bourbon, o conceito de ser Capetiano superava o de ser "Filho de São Luís", de modo que, todos os Capetianos eram considerados (ou ao menos, poderiam ser) Príncipes do Sangue da França, bem como potenciais sucessores à Cristianíssima Coroa da França. Todavia, isso mudou quando em 1603 os Membros da Casa Capetiana de Courtenay tentaram, em vão, serem reconhecidos como Príncipes do Sangue, com o predicado de Alteza Sereníssima, que lhe cabia como Descendentes Direitos e Legítimos de Hugo Capeto. 


Este pedido dos Chefes da Casa de Courtenay foi negado, sistematicamente, pelos Reis da França Henri IV, Luís XIII,  e Luís XIV. De início, os Reis Cristianíssimos afirmaram que os Courtenay não eram descendentes legítimos de Hugo Capeto, pois que, em algum momento da história, algum dos casamentos dos Varões dessa Casa não teria sido Legítimo, segundo os Princípios da Fé Católica, ou seja, que contrariariam as Leis Fundamentais do Reino... Todavia, para a surpresa geral da Corte de Luís XIV, os Courtenay possuíam documentação de todos os casamentos de sua linhagem, até chegarem ao Rei Luís VI, O Gordo, do qual Pierre I de Courtenay era o 6º filho...


Sem mais terem o que responder aos Courtenay, já que, comprovaram serem Capetianos Legítimos, o Rei mandou o caso para a análise do Parlamento do Paris. O Parlamento já conhecia, antecipadamente, a vontade do Rei, e para manterem as boas relações com Sua Majestade Cristianíssima, os Membros do Parlamento de Paris decidiram que, não bastava ser um Capetiano para ser herdeiro do Trono da França, mas sim, que era necessário ser um "Filho de São Luís", ou seja, descender de Hugo Capeto já não mais bastava, para os Courtenay era necessário ser agora descendente do Rei Luís IX... quedaram assim os Courtenay para sempre, sem o título Principesco a que tinham pleno direito...


A situação dos Bourbons (e seu ramo cadete, os Orléans) terem restrito o Status Real Francês apenas aos descendentes de São Luís IX tornou-se oficial por meio do Tratado de Montmartre, sancionado em 06 de fevereiro de 1662, assinado entre Luís XIV e Charles, Duque de Lorena, pelo qual o Trono da França deveria recair na Casa de Lorena (hoje em dia, Habsburgo-Lorena), uma Linhagem não Capetiana, em caso da extinção de todos os ramos dos descenentes de Luís IX... de fato nós, os Capetianos não "luisíadas" perdemos os Status de Prince du Sangue de France... 


Porém a decisão do Parlamento de Paris de que era necessário ser "Filho de São Luís" para estar na Linha de Sucessão ao Trono da França atingiu também outras Famílias... 


Como todos os Fieis Leitores do Corriere della Mesolcina sabem, a Casa Principesca de Trivulzio-Galli é uma Dinastia Capetiana, pois descendemos diretamente de Hugo Capeto, da seguinte forma:

Hugo I, O Capeto, Rei da França, foi casado com Adelaide da Aquitânia, e deste casamento nasceu, entre outros, Robert II, O Piedoso, Rei da França, que foi casado com Constance d'Arles, sendo pais de Henri I, Rei da França, que foi casado com Anne de Kiev e foram pais de Philippe I, Rei da França, que de seu casamento com Berthe da Holanda foi pai de Luís VI, O Gordo, Rei da França, que com sua esposa Adelaide de Savoia, foi pai, entre outros, de Louís VII, Rei da França, Robert da França, Conde de Dreux e de Pierre de Courtenay.


Robert da França, dito O Grande, Conde de Dreux, filho do Rei Luís VI da França e de sua esposa Adelaide de Savoia foi, junto de sua esposa Harvise de Évreux pais de Robert II, 2º Conde de Dreux, que de seu casamento com Yolande de Coucy foi pai de Robert III de Dreux, 3º Conde de Dreux, que, com sua esposa Aénor foram pais de Robert de Dreux, 1º Visconde de Beu, que sendo casado com Clémence, Viscondessa de Châteaudum foram pais de Robert II de Beu, Visconde de Beu que de seu casamento com Yolande de Vendôme foram pais de Robert III de Beu que de seu casamento com Béatrix de Courlandon foram pais de Roberto IV de Beu, que sendo casado com Isabelle de Barres, foram pais de Robert V de Beu, que sendo casado com Constanza Galli, foram pais de Robert I, Visconde de Galli, Senhor del Tre Pievi, que de seu casamento com Ersília Della Torre foram pais de Ottavio I Galli, Senhor Del Dongo que sendo casado com Maria Archinto foram pais de Eudes I Galli, Senhor del Tre Pievi, que de seu casamento com Giulia Trivulzio, foram pais de Eudes II Galli, Conde del Tre Pievi, que casado com Antonia Fagnani foram pais de Hugo II, Marquês Del Dongo, que de seu casamento com Caterina Trivulzio de Melzo foram pais de Ottavio I Galli, Marquês Del Dongo, que casando-se com sua prima, Elisabetta Vailati, foram pais, entre outros, do Cardeal-Duque Tolomeo I Galli, 1º Conde-Duque de Alvito, e de Marco I, Marquês Del Dongo, que, sendo casado com Elisabetta Valle foram pais de Tolomeo II Galli, 2º Conde-Duque de Alvito, que de seu casamento com Barbara Visconti, foram pais de Francesco I Galli, 3º Conde-Duque de Alvito, que sendo casado com a Condessa Giustina Borromeo foram pais de Don Tolomeo III Galli, 4º Conde-Duque de Alvito, que de seu casamento com a Princesa Ottavia Grimaldi Trivulzio, foram pais de Don Francesco II Trivulzio-Galli, 5º Conde-Duque de Alvito, que sendo casado com Maria Alfonsina Diez Pimiento foram pais, entre outros, de Don Domenico I Trivulzio-Galli, Príncipe de Mesolcina-Safiental, que sendo casado com a Condessa Elisabetta Della Torre, foram pais de Don Domenico II Trivulzio-Galli, 1º Duque de Mesolcina e 6º Príncipe Soberano de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico, que com sua esposa a Marquesa Maria Gabriella Alessandra Scarampi, foram pais de Don Andre I Trivulzio-Galli, 2º Duque de Mesolcina e 7º Príncipe Soberano de Mesolcina, que com sua esposa Camilla Colonna, foram pais de Don Andre II Trivulzio-Galli, 3º Duque de Mesolcina e 8º Príncipe Soberano de Mesolcina, que de seu casamento com a Princesa Camilla Maria Amalia Piccolomini foram pais de Don Pietro IV Trivulzio-Galli, 5º Duque de Mesolcina e 10º Príncipe Soberano de Mesolcina, que com sua esposa Carolina Lubelli dei Duchi di Sanarica, foram pais de Don Francesco VIII Trivulzio-Galli, 6º Duque de Mesolcina e 11º Príncipe Soberano de Mesolcina, que foi casado com Theresia Grafin von Ballestrem di Castelengo, sendo pai de Don Pietro V Trivulzio-Galli, 7º Duque de Mesolcina e 12º Príncipe Soberano de Mesolcina, que de seu casamento com a Condessa Giovanna de Argenta, foram pais de Don Vergínio I Trivulzio-Galli, 8º Duque de Mesolcina e 13º Príncipe Titular de Mesolcina, que casando-se com a Condessa Adélia Berti di Gaioni foram pais, entre outros, de Don Angelo II Trivulzio-Galli, 9º Duque de Mesolcina e 14º Príncipe Titular de Mesolcina, que com sua esposa a Marquesa Rosa Boni del Leone Rampante, são mais pais.



É claro que, não expus a lista dos descendentes de Hugo Capeto, cada um com sua legítima esposa desde o próprio Fundador da Dinastia Capetíngia até mim apenas como forma de orgulho familiar (como se isso não fosse o bastante para expô-lo), mas sim, para demonstrar como minha Família é um Ramo Legítimo e Direto Capetiano... porém, mesmo assim, desde a decisão de 1603, que privou aos Capetianos que não fossem "Filhos de São Luís" seus Direitos Sucessórios na França, tal decisão não atingiu apenas aos Courtenay, mas também a nós, os Trivulzio-Galli, Príncipes de Mesolcina.


Há ainda outros tantos Capetianos que não são Filhos de São Luís, como é o caso dos Bragança, que são todos Capetianos, por descenderem diretamente de Hugo Capeto por meio de Henri da Borgonha, filho de Henri da Borgonha, Duque da Borgonha, filho de Robert I da Borgonha, Duque da Borgonha, filho por sua vez de Robert II, O Piedoso, Rei da França, filho, como vimos, de Hugo Capeto. 


É claro que, poderiam argumentar que a Casa Capetiana de Portugal perdeu seus direitos Dinásticos por conta de filiações ilegítimas, o que não ocorreu nem na Casa de Courtenay nem na Casa de Trivulzio-Galli...


Ao Mais Velho do Ramo Mais Velho dos Capetianos (descendentes de São Luís, é claro...) cabe à Chefia da Dinastia Capetiana, e portanto ser o herdeiro da Coroa dos Reis Cristianíssimos da França. Atualmente o mais velho de nossa Dinastia é Sua Alteza Real Luis XX de Bourbon, Duque de Anjou, Primogênito de São Luís. É claro que ele é o Chefe Dinástico apenas daqueles que podem ser considerados Dinastas na França (os descendentes de São Luís), mas, por sorte, todos os demais Capetianos, mesmo que não considerados Dinastas em França, somos considerados Dinastas em nosso próprio Direito... quer seja em Portugal, quer seja em Mesolcina... Salvo ous Bourbon-Busset, que mesmo sendo "Filhos de São Luís" não são considerados Dinastas na França por serem descendentes de Pierre de Bourbon, filho natural de Luis de Bourbon, Príncipe-Bispo de Liège... 


Então, hoje, a todos nós, Capetianos, que não somos "Filhos de São Luís", resta a pergunta: de que vale ser um Capetiano? A resposta, creio eu, é simples: além da alegria de termos como brasão da raiz familiar o eterno campo de blau com três flores-de-lis de ouro, é saber que, acima de tudo, acima de sermos uma Dinastia, somos a Gens Capetiana.. a "Terceira Raça" (ou seja, a que veio depois dos Merovíngios e dos Carolíngios)... somos a Raça Capetiana...


Texto por:

Sua Alteza Sereníssima o Príncipe

Don Andre III Trivulzio-Galli, Duque de Venosa, 10º Duque e 15º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico, Chefe da Casa Capetiana de Trivulzio-Galli della Mesolcina.