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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

História da heráldica de Liechtenstein e os brasões das Princesas Consortes de Liechtenstein / History of Liechtenstein Heraldry and the Coats of Arms of the Princess Consorts of Liechtenstein


Todos nós ficamos muito tristes com o falecimento de Sua Alteza Sereníssima a Princesa Marie Gräfin Kinsky von Wchinitz und Tettau, esposa do Fürst Hans-Adam II von und zu Liechtenstein, e, portanto, Fürstin (Consorte do Príncipe Soberano) von und zu Liechtenstein. 


Diante deste triste acontecimento, publicarei aqui a evolução do brasão dos Príncipes de Liechtenstein, desde 1608, até 1886, quando ocorreu a última alteração significativa. Ressalto que apenas publicarei a versão simplificada do brasão principesco, e apenas as mudanças mais acentuadas, uma vez que, os Fürsten (Príncipes Titulares ou Soberanos) de Liechtenstein mudavam seus brasões d'Armas com grande frequência. 

 

Evolução do brasão dos Fürsten

Podemos dividir as grandes mudanças no Fürstenwappen do Liechtenstein em quatro grandes mudanças, a de 1608, a de 1629, a de 1804 e a de 1886. Todavia, salientamos que foram estas as mudanças principais, uma vez que, numerosas outras foram feitas, como mudanças em 1615 e uma logo no ano posterior, de 1616, bem como outras tantas mudanças que, foram efêmeras no tempo: podemos assim dizer que, antes de 1804, praticamente todos os Fürsten von und zu Liechtenstein mudaram seu brasão de armas ao menos duas vezes cada um... 

As principais versões:

 Brasão de Armas adotado pelo Fürst Karl I von Liechtenstein em 1608, quando elevado à Categoria de Príncipe do Reino da Boêmia. Composto por um escudo esquartelado, no I as Armas de Kuenringe, com a diferença concedida aos Liechtenstein, de usar uma coroa adiamantada de sinopla em banda (o diferença deste brasão e o brasão da Saxônia é que o brasão Kuenringe começa pela primeira faixa de ouro, enquanto o brasão da Saxônia tem a primeira faixa de sable); no II as Armas da Família Liechtenstein, no III as Armas do Ducado de Troppau, e no IV as Armas da Silésia (onde os Príncipes da Casa de Liechtenstein possuíam seus principais feudos).


 Brasão adotado em 1629 pelo Fürst Karl II Eusebius, filho de Karl I. Foi o brasão-base por mais tempo adotado pela Casa Principesca de Liechtenstein. Era composto por um escudo esquartelado, no I as Armas de Kuenringe, com a diferença concedida aos Liechtenstein, de usar uma coroa adiamantada de sinopla em banda; no II as Armas da Família Liechtenstein, no III as Armas do Ducado de Troppau, e no IV as Armas da Silésia (onde os Príncipes da Casa de Liechtenstein possuíam seus principais feudos), e terciado em ponta, as Armas do Ducado da Jägerndorf.

 
Brasão adotado entre 1804/1805, para marcar o fim do reinado do Landesfürst Alois I e o início do reinado de seu irmão Johann I. Foi composto por escudo esquartelado, um no I as Armas de Kuenringe, com a diferença concedida aos Liechtenstein, de usar uma coroa adiamantada de sinopla em banda; no II as Armas da Família Boskowitz, no III as Armas do Ducado de Troppau, e no IV as Armas da Silésia, e terciado em ponta, as Armas do Ducado da Jägerndorf, brocante, um escudete, com As Armas da Família Liechtenstein


Atual brasão da Casa Principesca (e do Principado) de Liechtenstein, adotado em 1886 no reinado do Landesfürst Johann II, e em vigor até nossos dias. Composto por escudo esquartelado, um no I as Armas da Silésia, no II as Armas de Kuenringe, com a diferença concedida aos Liechtenstein, de usar uma coroa adiamantada de sinopla em banda; no III as Armas do Ducado de Troppau, e no IV as Armas da família Cirksena, com diferença, representando o antigo Condado de Rietberg, que hoje compõe o território do Principado de Liechtenstein, e terciado em ponta, as Armas do Ducado da Jägerndorf, brocante, um escudete, com As Armas da Família Liechtenstein

Brasões das Füsrtinnen e depois das Landesfüsrtinnen von und zu Liechtenstein


Brasão da Fürstin Anna Maria von Boskowitz und Černahora, esposa de Karl I Fürst von Liechtenstein 


Brasão da Fürstin Johanna Beatrix Prinzessin von Dietrichstein-Nikolsburg, esposa de Karl II Fürst von Liechtenstein 


Brasão da Fürstin Edmunda Maria Theresia Prinzessin von Dietrichstein-Nikolsburg, esposa de Hans-Adam II Andreas Fürst von Liechtenstein 


Brasão da Landesfürstin Eleonore Barbara Catharina Gräfin von Thun und Hohenstein, esposa de Anton Florian Landesfürst von und zu Liechtenstein.

Brasão da Landesfürstin Maria Anna Katharina Gräfin von Oettingen-Spielberg, segunda esposa de Josef I Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Maria Anna Gräfin von Thun und Hohenstein, terceira esposa de Josef I Landesfürst von und zu Liechtenstein.

Brasão da Landesfürstin Maria Anna Sidonia Gräfin Kottulinska, Baronin von Kottulin und Krzizkowitz quarta esposa de Josef I Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Anna Maria Antonie Prinzessin von Liechtenstein esposa de Josef II Wenzel Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Maria Josefa Gräfin von Harrach zu Rohrau und Thannhausen esposa de Johan Nepomuk Karl Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Leopoldine Gräfin von Sternberg esposa de Franz Josef I Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Karoline Gräfin von Manderscheid-Blankenheim esposa de Alois I Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Maria Josefa Sophie Landgravine zu Fürstenberg-Weitra esposa de Johan I Josef Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Franziska Gräfin Kinsky von Wchinitz e Tettau esposa de Alois II Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Elsa von Gutmann esposa de Franz I Landesfürst von und zu Liechtenstein.


Brasão da Landesfürstin Georgina Gräfin von Wilczek esposa de Franz Josef II Landesfürst von und zu Liechtenstein


Brasão da Landesfürstin Marie Gräfin Kinsky von Wchinitz und Tettau esposa de Hans-Adam II Landesfürst von und zu Liechtenstein


Brasão da Erbprinzessin Sophie Elizabeth Marie Gabrielle Herzogin in Bayern, esposa do Erbprinz Alois von und zu Liechtenstein.

Esta publicação foi realmente muito difícil de ser feita, quer pela dificuldade de se localizar os brasões das famílias das Fürstinnen von Liechtenstein e depois, das Landesfürstinnen von und zu Liechtenstein, quer pela grande dificuldade em estabelecer uma linha exata, em saber qual foi o Príncipe Soberano (Landesfürst) em um período em que até três príncipes reinavam ao mesmo tempo...   

Outras dificuldades vieram ainda a somar, como o fato da Landesfürstin Elsa von Gutmann, esposa de Franz I Landesfürst von und zu Liechtenstein, ser uma judia plebeia, cuja única menção ao brasão de armas da família, foi a localizada na fachada de um edifício... por estas e por outras razões, esta é a primeira publicação do mundo, com a lista completa de todas as Princesas Consortes dos Príncipes Reinantes de Liechtenstein. 

(com elementos da Wikipédia e de outras tantas fontes, disponíveis nas internet, mais ainda vetores de desenho próprio).

Pesquisa, texto e desenhos de: 
Sua Alteza o Príncipe Andre III Trivulzio-Galli, Fürst von Mesolcina.    

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Todo Capetiano é um "Filho de São Luís"? / Est-ce que chaque Capétien est un "Fils de St. Louis"? / Is every Capetian a "Son of St. Louis"?

 


A pergunta que inicia esta reportagem é: Todo Capetiano, é mesmo um Filho de São Luís?


Para responder a esta pergunta, antes de mais nada devemos responder a duas questões que da primeira pergunta surgem: O que são os Capetianos? Quem são os Filhos de São Luís?


A Primeira pergunta é muito fácil de se responder: são Capetianos todos os descendentes por via sálica (apenas por linhagem puramente masculina, sem nenhuma quebra de varonia) de Hugo Capeto, Rei da França. 


Já a segunda pergunta é um pouco mais complexa: quem são os "Filhos de São Luís"? Aqui nos referimos a São Luís IX, Rei da França, da qual todos os Reis Cristianíssimos da França descenderam. Compreende-se que são os "Filhos de São Luís" todos os descendentes sálicos de São Luís da França. Esta definição, pareceria a primeira análise muito simples, porém não é... 



Até a ascensão ao Trono de Henri IV da França, o primeiro Rei da Casa de Bourbon, o conceito de ser Capetiano superava o de ser "Filho de São Luís", de modo que, todos os Capetianos eram considerados (ou ao menos, poderiam ser) Príncipes do Sangue da França, bem como potenciais sucessores à Cristianíssima Coroa da França. Todavia, isso mudou quando em 1603 os Membros da Casa Capetiana de Courtenay tentaram, em vão, serem reconhecidos como Príncipes do Sangue, com o predicado de Alteza Sereníssima, que lhe cabia como Descendentes Direitos e Legítimos de Hugo Capeto. 


Este pedido dos Chefes da Casa de Courtenay foi negado, sistematicamente, pelos Reis da França Henri IV, Luís XIII,  e Luís XIV. De início, os Reis Cristianíssimos afirmaram que os Courtenay não eram descendentes legítimos de Hugo Capeto, pois que, em algum momento da história, algum dos casamentos dos Varões dessa Casa não teria sido Legítimo, segundo os Princípios da Fé Católica, ou seja, que contrariariam as Leis Fundamentais do Reino... Todavia, para a surpresa geral da Corte de Luís XIV, os Courtenay possuíam documentação de todos os casamentos de sua linhagem, até chegarem ao Rei Luís VI, O Gordo, do qual Pierre I de Courtenay era o 6º filho...


Sem mais terem o que responder aos Courtenay, já que, comprovaram serem Capetianos Legítimos, o Rei mandou o caso para a análise do Parlamento do Paris. O Parlamento já conhecia, antecipadamente, a vontade do Rei, e para manterem as boas relações com Sua Majestade Cristianíssima, os Membros do Parlamento de Paris decidiram que, não bastava ser um Capetiano para ser herdeiro do Trono da França, mas sim, que era necessário ser um "Filho de São Luís", ou seja, descender de Hugo Capeto já não mais bastava, para os Courtenay era necessário ser agora descendente do Rei Luís IX... quedaram assim os Courtenay para sempre, sem o título Principesco a que tinham pleno direito...


A situação dos Bourbons (e seu ramo cadete, os Orléans) terem restrito o Status Real Francês apenas aos descendentes de São Luís IX tornou-se oficial por meio do Tratado de Montmartre, sancionado em 06 de fevereiro de 1662, assinado entre Luís XIV e Charles, Duque de Lorena, pelo qual o Trono da França deveria recair na Casa de Lorena (hoje em dia, Habsburgo-Lorena), uma Linhagem não Capetiana, em caso da extinção de todos os ramos dos descenentes de Luís IX... de fato nós, os Capetianos não "luisíadas" perdemos os Status de Prince du Sangue de France... 


Porém a decisão do Parlamento de Paris de que era necessário ser "Filho de São Luís" para estar na Linha de Sucessão ao Trono da França atingiu também outras Famílias... 


Como todos os Fieis Leitores do Corriere della Mesolcina sabem, a Casa Principesca de Trivulzio-Galli é uma Dinastia Capetiana, pois descendemos diretamente de Hugo Capeto, da seguinte forma:

Hugo I, O Capeto, Rei da França, foi casado com Adelaide da Aquitânia, e deste casamento nasceu, entre outros, Robert II, O Piedoso, Rei da França, que foi casado com Constance d'Arles, sendo pais de Henri I, Rei da França, que foi casado com Anne de Kiev e foram pais de Philippe I, Rei da França, que de seu casamento com Berthe da Holanda foi pai de Luís VI, O Gordo, Rei da França, que com sua esposa Adelaide de Savoia, foi pai, entre outros, de Louís VII, Rei da França, Robert da França, Conde de Dreux e de Pierre de Courtenay.


Robert da França, dito O Grande, Conde de Dreux, filho do Rei Luís VI da França e de sua esposa Adelaide de Savoia foi, junto de sua esposa Harvise de Évreux pais de Robert II, 2º Conde de Dreux, que de seu casamento com Yolande de Coucy foi pai de Robert III de Dreux, 3º Conde de Dreux, que, com sua esposa Aénor foram pais de Robert de Dreux, 1º Visconde de Beu, que sendo casado com Clémence, Viscondessa de Châteaudum foram pais de Robert II de Beu, Visconde de Beu que de seu casamento com Yolande de Vendôme foram pais de Robert III de Beu que de seu casamento com Béatrix de Courlandon foram pais de Roberto IV de Beu, que sendo casado com Isabelle de Barres, foram pais de Robert V de Beu, que sendo casado com Constanza Galli, foram pais de Robert I, Visconde de Galli, Senhor del Tre Pievi, que de seu casamento com Ersília Della Torre foram pais de Ottavio I Galli, Senhor Del Dongo que sendo casado com Maria Archinto foram pais de Eudes I Galli, Senhor del Tre Pievi, que de seu casamento com Giulia Trivulzio, foram pais de Eudes II Galli, Conde del Tre Pievi, que casado com Antonia Fagnani foram pais de Hugo II, Marquês Del Dongo, que de seu casamento com Caterina Trivulzio de Melzo foram pais de Ottavio I Galli, Marquês Del Dongo, que casando-se com sua prima, Elisabetta Vailati, foram pais, entre outros, do Cardeal-Duque Tolomeo I Galli, 1º Conde-Duque de Alvito, e de Marco I, Marquês Del Dongo, que, sendo casado com Elisabetta Valle foram pais de Tolomeo II Galli, 2º Conde-Duque de Alvito, que de seu casamento com Barbara Visconti, foram pais de Francesco I Galli, 3º Conde-Duque de Alvito, que sendo casado com a Condessa Giustina Borromeo foram pais de Don Tolomeo III Galli, 4º Conde-Duque de Alvito, que de seu casamento com a Princesa Ottavia Grimaldi Trivulzio, foram pais de Don Francesco II Trivulzio-Galli, 5º Conde-Duque de Alvito, que sendo casado com Maria Alfonsina Diez Pimiento foram pais, entre outros, de Don Domenico I Trivulzio-Galli, Príncipe de Mesolcina-Safiental, que sendo casado com a Condessa Elisabetta Della Torre, foram pais de Don Domenico II Trivulzio-Galli, 1º Duque de Mesolcina e 6º Príncipe Soberano de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico, que com sua esposa a Marquesa Maria Gabriella Alessandra Scarampi, foram pais de Don Andre I Trivulzio-Galli, 2º Duque de Mesolcina e 7º Príncipe Soberano de Mesolcina, que com sua esposa Camilla Colonna, foram pais de Don Andre II Trivulzio-Galli, 3º Duque de Mesolcina e 8º Príncipe Soberano de Mesolcina, que de seu casamento com a Princesa Camilla Maria Amalia Piccolomini foram pais de Don Pietro IV Trivulzio-Galli, 5º Duque de Mesolcina e 10º Príncipe Soberano de Mesolcina, que com sua esposa Carolina Lubelli dei Duchi di Sanarica, foram pais de Don Francesco VIII Trivulzio-Galli, 6º Duque de Mesolcina e 11º Príncipe Soberano de Mesolcina, que foi casado com Theresia Grafin von Ballestrem di Castelengo, sendo pai de Don Pietro V Trivulzio-Galli, 7º Duque de Mesolcina e 12º Príncipe Soberano de Mesolcina, que de seu casamento com a Condessa Giovanna de Argenta, foram pais de Don Vergínio I Trivulzio-Galli, 8º Duque de Mesolcina e 13º Príncipe Titular de Mesolcina, que casando-se com a Condessa Adélia Berti di Gaioni foram pais, entre outros, de Don Angelo II Trivulzio-Galli, 9º Duque de Mesolcina e 14º Príncipe Titular de Mesolcina, que com sua esposa a Marquesa Rosa Boni del Leone Rampante, são mais pais.



É claro que, não expus a lista dos descendentes de Hugo Capeto, cada um com sua legítima esposa desde o próprio Fundador da Dinastia Capetíngia até mim apenas como forma de orgulho familiar (como se isso não fosse o bastante para expô-lo), mas sim, para demonstrar como minha Família é um Ramo Legítimo e Direto Capetiano... porém, mesmo assim, desde a decisão de 1603, que privou aos Capetianos que não fossem "Filhos de São Luís" seus Direitos Sucessórios na França, tal decisão não atingiu apenas aos Courtenay, mas também a nós, os Trivulzio-Galli, Príncipes de Mesolcina.


Há ainda outros tantos Capetianos que não são Filhos de São Luís, como é o caso dos Bragança, que são todos Capetianos, por descenderem diretamente de Hugo Capeto por meio de Henri da Borgonha, filho de Henri da Borgonha, Duque da Borgonha, filho de Robert I da Borgonha, Duque da Borgonha, filho por sua vez de Robert II, O Piedoso, Rei da França, filho, como vimos, de Hugo Capeto. 


É claro que, poderiam argumentar que a Casa Capetiana de Portugal perdeu seus direitos Dinásticos por conta de filiações ilegítimas, o que não ocorreu nem na Casa de Courtenay nem na Casa de Trivulzio-Galli...


Ao Mais Velho do Ramo Mais Velho dos Capetianos (descendentes de São Luís, é claro...) cabe à Chefia da Dinastia Capetiana, e portanto ser o herdeiro da Coroa dos Reis Cristianíssimos da França. Atualmente o mais velho de nossa Dinastia é Sua Alteza Real Luis XX de Bourbon, Duque de Anjou, Primogênito de São Luís. É claro que ele é o Chefe Dinástico apenas daqueles que podem ser considerados Dinastas na França (os descendentes de São Luís), mas, por sorte, todos os demais Capetianos, mesmo que não considerados Dinastas em França, somos considerados Dinastas em nosso próprio Direito... quer seja em Portugal, quer seja em Mesolcina... Salvo ous Bourbon-Busset, que mesmo sendo "Filhos de São Luís" não são considerados Dinastas na França por serem descendentes de Pierre de Bourbon, filho natural de Luis de Bourbon, Príncipe-Bispo de Liège... 


Então, hoje, a todos nós, Capetianos, que não somos "Filhos de São Luís", resta a pergunta: de que vale ser um Capetiano? A resposta, creio eu, é simples: além da alegria de termos como brasão da raiz familiar o eterno campo de blau com três flores-de-lis de ouro, é saber que, acima de tudo, acima de sermos uma Dinastia, somos a Gens Capetiana.. a "Terceira Raça" (ou seja, a que veio depois dos Merovíngios e dos Carolíngios)... somos a Raça Capetiana...


Texto por:

Sua Alteza Sereníssima o Príncipe

Don Andre III Trivulzio-Galli, Duque de Venosa, 10º Duque e 15º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico, Chefe da Casa Capetiana de Trivulzio-Galli della Mesolcina.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Duque de Orléans ou Conde de Paris: qual o título correto? / Duke of Orléans or Count of Paris: what is the correct title?

 Como um Legitimista convicto que sou, a simples pronúncia do título de "conde de Paris" parece-me impalatável, bem como, ouvir sobre o mesmo, parece-me algo inconcebível, todavia, mesmo como Legitimista que sou, debruçando-me sobre a história desse título, fico agora mais aliviado ao ouvir falar dele.

Antes que algum dos Fiéis Leitores chegue a errônea conclusão de que tornei-me "orleanista" (que Deus me livre disso), antes devemos esclarecer algo muito importante sobre a Monarquia na França: desde que ocorreu a revolução francesa, Louis-Philippe II d'Orléans, 5º Duque de Orléans, grão-mestre da maçonaria francesa, declara não ser um Orléans, abre mão de seus títulos e de seu sobrenome, a adota o sobrenome "Égalité" (igualdade), passando assim a se chamar Philippe Égalité, e vota pela morte de Sua Majestade Cristianíssima o Rei Louis XVI, tornando-se assim um regicida. Após a morte de Louis XVI e Louis XVII, é coroado na França Sua Majestade Imperial Napoleão I, Imperador dos Franceses, iniciando a dinastia dos Bonaparte

Após a queda de Napoleão I, Sua Majestade Cristianíssima Louis XVIII, irmão mais novo de Louis XVI é coroado como Rei da França, é a chamada Restauração da Dinastia de Bourbon. Louis-Philippe III d'Orléans, filho de Philippe Égalité implora pelo perdão do Rei, e é readmitido na Corte como 6º Duque de Orléans. Possuía o tratamento de Alteza Sereníssima, que o Rei Louis XVIII aumenta (não se sabe se a título pessoal ou hereditário) como Alteza Real.

Após a morte de Sua Majestade Cristianíssima Louis XVIII, seu irmão é coroado Rei com o nome de Carlos X, dando continuidade a Monarquia Legitimista da Casa de Bourbon. Em Julho de 1830, uma rebelião, liderada por Louis-Philippe III d'Orléans, 6º Duque de Orléans, pretende destronar o Rei Carlos X, que então, dizendo a famosa frase "a história já nos ensinou a nunca confiar em um Orléans" e abdica a Coroa em favor de seu filho, o Delfin Louis de França, que torna-se então Sua Majestade Cristianíssima o Rei Louis XIX. Todavia, Louis XIX, também decide abdicar em favor de seu sobrinho, que torna-se então Sua Majestade Cristianíssima o Rei Henri V de França. 

Louis-Philippe III d'Orléans, 6º Duque de Orléans, é então declarado Regente do jovem Rei Henri V, que então contava com tão somente 10 anos de idade, todavia, Louis-Philippe III d'Orléans, mostrando bem ser filho do regicida Philippe Égalité apenas informa aos Deputados da Abdicação do Rei Carlos X e de Louis XIX, mas nada menciona acerca do fato de Henri V ter tornado-se assim o novo Rei da França, e por meio de um golpe de estado, torna-se Sua Majestade Louis-Philippe I, Rei dos Franceses (nunca recebe o título de Rei da França, nem o tratamento de Majestade Cristianíssima). É criada então uma nova monarquia, chamada de MONARQUIA DE JULHO (pela sua curta duração de apenas 18 anos).

Este reino dos franceses, efêmero desde a sua criação, precisava de novos símbolos, de modo que, em 1831, Louis-Philippe I abre mão de seu brasão como Duque de Orléans (campo de blau com três flores-de-lis de ouro postas em roquete (Armas da França) com a diferença de um lambel de três pendentes de prata), e decide criar um novo brasão, que seria assim descrito: campo de blau carregado com um livro de ouro em forma de tábuas, e tendo nele escrito "CHARTE CONSTITUTIONNELLE 1830". Também o Rei dos Franceses adota a antiga bandeira tricolor de Napoleão, e a Legião de Honra torna-se a mais alta condecoração desta nova monarquia.

Brasão do Rei dos Franceses, que tornou-se armas alternativas da Casa de Orléans


Nesta nova monarquia a dinastia reinante é a Casa de Orléans, que assim torna-se a Casa Real dos Franceses, mas nunca a Casa Real da França (representada no exílio pelo Legítimo Rei da França), e nesta nova monarquia, Louis-Philippe I declara seu filho mais velho como Sua Alteza Real o Príncipe Real da França (ou seja, não como Delfin, título da Monarquia Tradicional, mas sim "Príncipe Real"), e ao filho mais velho deste, Louis-Philippe d'Orléans concede o título de Conde de Paris


Foi justamente com o Príncipe Real que irá acontecer um dos maiores fiascos políticos da Monarquia de Julho: Louis-Philippe, Rei dos Franceses, tentará casar seu filho Ferdinand-Philippe, Príncipe Real, a quem havia cedido o título de Duque de Orléans, na tentativa de dar maior respaldo legitimista; todavia, nenhuma Família Real Católica no mundo irá aceitar o pedido de casamento. Se irá tentar tratar o casamento com a Princesa Dona Januária de Bragança, Princesa do Brasil e Infanta da Portugal, filha de Dom Pedro I do Brasil, porém este, alegando motivos "de distância" recusará o casamento... se tentará então o casamento com Sua Alteza Imperial e Real a Arquiduquesa Maria Theresa de Habsburgo-Lorena, porém o Império Austríaco rejeitou a proposta com veemência. Em seguida, se tentará buscar uma noiva no pequeno Reino de Württemberg, na pessoa de Sua Alteza Real a Princesa Sophie Prinzessin von Württemberg, porém o Rei Willian I de Württemberg não aceitará o pedido de casamento, causando um enorme constrangimento contra a Casa de Orléans. Constrangimento piorado pouco depois, quando o Rei de Württemberg irá concordar que a Princesa Sophie case-se com o Conde austríaco Alfred Neipperg, deixando claro que, para o Reino de Württemberg (bem como para todas as Casas Reais), um Conde valia mais do que o Duque de Orléans...


Brasão do Príncipe Real da França, ou Príncipe Real dos Franceses, durante a Monarquia de Julho


Sem ter mais alternativas, Louis-Philippe d'Orléans irá procurar entre as Casas Principescos protestantes alemãs uma esposa para seu filho. Encontrará no pequeno Ducado de Mecklembourg-Schwerin uma esposa, na Princesa Hélène Louise Élisabeth Prinzessin von Mecklembourg-Schwerin. Todavia persistia um sério problema: Hélène Louise era luterana, e negou-se a converter-se a Catolicismo para o casamento... Casar-se com uma Princesa de origem luterana, nunca foi um problema na França, porém era a primeira vez que uma princesa de origem luterana não abraçava a Fé Católica antes do casamento. Como a Princesa manteve-se luterana após o casamento, os descendentes desta união passaram a ser vistos como possivelmente não Dinastas para os Legitimistas. 

Com a morte do Príncipe Real da França, e a derrocada de Louis-Philippe I em 1848, seus partidários passam a utilizar os símbolos da efêmera monarquia de julho como símbolos próprios, é o chamado "partido orleanista", que prega uma monarquia moderna e liberal, contrária aos ideias da Monarquia tradicionalista e Católica, representada pela Casa de Bourbon e seus apoiadores, os chamados Legitimistas.

Após a morte de Louis-Philippe I, seu neto, o Conde de Paris passa a ser chamado de Louis-Philippe II, Conde de Paris. Tentará em vão ser reconhecido por Sua Majestade Cristianíssima o Rei Henri V de Bourbon antes de sua morte, porém será em vão.

Será desta forma que passarão a haver três linhas de sucessão à França: A Sucessão Legitimista (da Casa de Bourbon, chefiada por Sua Alteza Real o Duque de Anjou, e representando quase mil anos de Monarquia Capetiana), a Sucessão Bonapartista (da Casa de Bonaparte, chefiada por Sua Alteza Imperial o Príncipe de Napoleão, representando os dois impérios franceses, de Napoleão I e Napoleão III); e por fim, a Sucessão Orleanista (da Casa de Orléans, chefiada por Sua Alteza Real o Conde de Paris, representando uma monarquia que durou apenas 18 anos, e em nada teve de ligação com a Monarquia Capetíngia). 

O mais peculiar é que, pelas Leis Fundamentais do Reino da França, mesmo após todas as traições dos Orléans, eles continuam na Linha de Sucessão Legitimista ao Trono da França, o podendo reclamar Legitimamente em caso da morte de todos os Bourbons do mundo (algo que, graças a Deus, é virtualmente impossível), e para saber mais sobre isso, recomendamos essa outra postagem do Corriere della Mesolcina, clicando aqui

Mas, desta forma, como já esclarecida a situação do que foi a efêmera Monarquia de Julho, e que, embora o Duque de Orléans, que estando na Linha de Sucessão Legitimista ao Trono da França possui os títulos de Sua Alteza Sereníssima o  Duque de Orleans , Duque de Valois, Duque de Chartres, Duque de Nemours, Duque de Montpensier, Delfim de Auvergne, Príncipe de Joinville, Senescal Hereditário de Champagne, Marquês de Coucy, Marquês de Folembray, Conde de Soissons, Conde de Dourdan, Conde de Romorantin e Barão de Beaujolais, Príncipe de Sangue de França. Todavia, no caso de insistirem na sucessão do "Reino dos Franceses" da Monarquia de Julho, podem utilizar o título de Conde de Paris, que foi criado por Louis-Philippe I em 1831.


Mas, vale-se lembrar que, nem todos os pretendentes orleanistas utilizaram o título de Conde de Paris, um deles utilizou o título que lhe cabia como Duque de Orléans, e outro elegeu o de "duque de Guise", ao qual não tinha direitos, nem sob a Monarquia Legitimista, nem sob a monarquia de julho...


Brasões das esposas dos pretendentes Orleanistas:


Brasão de Sua Majestade Marie-Amélie de Bourbon-Duas Sicílias, Rainha dos Franceses, esposa de Louis-Philippe I, Rei dos Franceses


Brasão de Sua Alteza Real Hélène Louise Élisabeth Prinzessin von Mecklembourg-Schwerin, Princesa Real dos Franceses, Duquesa de Orléans, esposa de Ferdinand-Philippe, Príncipe Real e Duque de Orléans.

                                       


Brasão de Sua Alteza Real a Princesa Marie-Isabelle d'Orléans-Galliera, Condessa de Paris, esposa de Louis-Philippe II, Conde de Paris


Brasão de Marie-Dorothée de Habsbourg-Lorraine, Duquesa d'Orléans, esposa de Louis-Philippe III, Duque de Orléans


Brasão de Isabelle Marie Laure d'Orléans, Duquesa de Guise, esposa de Jean d'Orléans, Duque de Guise


Brasão de Isabelle d'Orléans-Bragança (ou Orléans-Eu), Condessa de Paris, esposa de Henri Robert d'Orléans, Conde de Paris

Houveram mais três consortes orleanistas, todavia, pela vida escandalosa de Henri, Conde de Paris (filhos de Henri Robert), que além de ser declaradamente maçom (portanto, excomungado da Igreja Católica) abandonou a sua legítima esposa, Sua Alteza Real a Princesa Maria Teresa von Württemberg, para casar-se civilmente com Micaela Cousino, ela própria divorciada de Jean-Robert Beef, logo, não desenharemos, nem publicaremos os brasões destes escandalosos consórcios.  

Brasões de Armas:

Como vimos acima, o Duque de Orléans, como Príncipe de Sangue de França tem como brasão estas armas:

Armas da França, tendo por diferença um lambel de prata de três pendentes. Coroa de Príncipe do Sangue

Bem como, enquanto pretendente orleanista a continuador da malfadada "monarquia de julho" tem estas armas:

Campo de blau carregado com um livro de ouro em forma de tábuas, e tendo nele escrito "CHARTE CONSTITUTIONNELLE 1830". Coroa real de Louis-Philippe I dos Franceses


E poderiam agora perguntar, mas então quando o Duque de Orléans/Conde de Paris terá direito a estas Armas?:

Armas dos Reis Cristianíssimos da França

E a resposta é: NUNCA! Pois tais Armas pertencem ao Chefe da Casa Real da França (não da "Casa Real dos Franceses"), que é o Primogênito entre os Capetíngios: Sua Alteza Real o Príncipe Louis XX de Bourbon, Duque de Anjou! 


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Texto e brasões de armas (com peças da Wikipédia) de Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Don Andre III Prinz von Trivulzio-Galli, Duque de Venosa, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico.

Para falar com o autor, escreva para: principeandregalli@gmail.com




terça-feira, 6 de abril de 2021

Evolução do Brasão de Armas dos Duques de Bragança / Evolution of the Coat of Arms of the Dukes of Bragança

 Fieis Leitores do Blog de Cavalaria, II Caderno do Corriere della Mesolcina. Hoje falaremos a vocês sobre a evolução no brasão de armas de Suas Excelências os Duques de Bragança, antes de Dom João II, Duque de Bragança ter-se tornado El-Rey de Portugal com o nome de Dom João IV; trataremos, portando, dos brasões da Sereníssima Casa de Bragança como Casa Ducal (1442 a 1640), e não como a Dinastia Real Portuguesa (de 1640 até nossos dias). A importância desta Casa Ducal, sem igual em toda a península ibérica foi tamanha que, todos os seus titulares foram numerados à modo das Casas da Alta Aristocracia da Europa Central, da mesma forma que os próprios Reis de Portugal.

Após 1640, quando os Duques de Bragança passam a serem os Reis de Portugal, o título e o patrimônio da Casa de Bragança continuam separados dos bens da Coroa, de modo a poder-se assim diferir o patrimônio privado da "Sereníssima Casa de Bragança" daquele da Casa Real Portuguesa, mesmo após a fusão das mesmas. Desta forma o Rei de Portugal, costuma ceder o título de Duque de Bragança ao seu herdeiro e sucessor. Houveram casos, contudo, como o do Imperador Dom Pedro I do Brasil / Rei Dom Pedro IV de Portugal, que o mesmo após abdicar da Coroa de Portugal para manter a Coroa Imperial Brasileira, não abriu mão do título de Duque de Bragança, e mesmo após abdicar da Coroa do Brasil se manterá Duque de Bragança até a sua morte.

Atualmente o título de Duque de Bragança cabe ao Chefe da Casa Real Portuguesa, e por isso é intitulado como Sua Alteza Real, sendo hoje o seu atual titular, Sua Alteza Real Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, Chefe da Casa Real Portuguesa.


O primeiro Duque de Bragança e suas Armas (1442-1461)

O primeiro Duque de Bragança foi Dom Afonso I, filho bastardo do Rei Dom Manuel I de Portugal (ele próprio um filho bastardo do Rei Dom Pedro I de Portugal), que casou-se com Dona Beatriz Pereira Alvim, filha e herdeira do Conde São Nuno Álvares Pereira. Da junção da fortuna de São Nuno com o patrimônio recebido pelo Rei, a Casa de Bragança torna-se a família mais rica da península ibérica. 

As armas do 1º Duque de Bragança foram armas simples, um escudo de prata com uma aspa de goles, carregada de cinco escudetes cozidos de blau, cada um sobrecarregado de cinco besantes de prata em aspa (chamados na tradição heráldica portuguesa de "Quinas de Portugal"). O timbre é uma cabeça e dorso de cavalo de prata (aqui também representamos com as patas dianteiras), com arreios e freios de suas cor, e ferido com três lançadas de goles.

Estas armas serão depois utilizados pelos heraldistas como as "armas do Ducado de Bragança", esquecendo que as Armas dos Duques de Bragança iriam evoluir, como veremos, até atingir a sua plenitude nos tempos do 5º Duque de Bragança. 


Dom Afonso I, 1º Duque de Bragança, representado junto de seu brasão

Armas do 1º Duque de Bragança por S.A.S. o Príncipe D. Andre Prinz von Trivulzio-Galli, como também o são os demais brasões aqui representados em desenhos vetoriais.

O segundo Duque de Bragança e seu brasão (1461-1478)

O segundo Duque de Bragança foi Dom Fernando I, filho de D. Afonso I e de Dª. Beatriz Pereira Alvim. Seu brasão de armas manteve a mesma estrutura das armas de seu pai, contudo, o problema dos escudetes cozidos de blau foi resolvido, sendo substituídos por cinco escudetes de prata, carregados por cinco pequenos escudetes de blau postos em cruz, sobrecarregados por cinco besantes de prata, postos em aspa (as "Quinas de Portugal"). 

Foi o 2º Duque de Bragança casado com Dona Joana de Casto, filha e herdeira de Dom João de Castro, 2º Senhor de Cadaval, sendo que este Senhorio foi então somado ao já enorme patrimônio da Sereníssima Casa de Bragança.



O terceiro Duque de Bragança e seu brasão (1478-1483)

 O terceiro Duque de Bragança foi Dom Fernando II, filho mais velho do 2º Duque e de sua esposa. Foi casado em duas ocasiões, a primeira, com Leonor de Menezes, de quem não teve filhos, e a segunda vez, com a Infanta Dona Isabel de Viseu, filha do Infante Dom Fernando, Duque de Viseu e de Beja. Este casamento com a Infanta Isabel teve depois uma grande importância heráldica para os posteriores Duques de Bragança, pois Dona Isabel era filha de Sua Alteza o Infante Dom Fernando de Portugal, Duque de Viseu e de sua esposa Sua Alteza a Infanta Dona Beatriz de Beja. O Infante Dom Fernando, Duque de Viseu era filho do Rei Dom Duarte I de Portugal e da Infanta Dona Leonor, Infanta de Aragão e Princesa da Sicília, sendo que, depois, as Armas de Aragão e Sicília seriam utilizadas futuramente nos brasões dos Duques de Bragança, como veremos.



As armas do 3º Duque de Bragança foram compostas por um escudo de prata com uma aspa de goles, carregada de cinco escudetes com as Armas do Reino de Portugal tendo um filete em banda e outro em contrabanda, ambos em sable. O timbre é uma cabeça e dorso de cavalo de prata (aqui também representamos com as patas dianteiras), com arreios e freios de suas cor, e ferido com três lançadas de goles.


O quarto Duque de Bragança e seu brasão (1483-1532)

O quarto Duque de Bragança foi Dom Jaime I, que teve uma relação de extrema proximidade com o Rei Dom Manuel I, ao ponto de ter sido Jurado como Príncipe Herdeiro de Portugal em 1498, pelo fato do Rei ainda não ter filhos, e da proximidade genealógica entre o Duque de Bragança e o Rei de Portugal. Este juramento de Dom Jaime I como Príncipe Herdeiro de Portugal passou a refletir também em seu brasão de armas.

O brasão do 4º Duque de Bragança foi composto pelas armas plenas do Reino de Portugal, tendo por diferença um lambel de ouro de três braços carregados de três armas de Aragão-Sicília (o lambel de ouro pela condição de Príncipe Herdeiro Jurado, e nele as armas de Aragão-Sicília pelo casamento de seu pai, como visto acima). 

Foi também na condição de Herdeiro Jurado do Trono de Portugal, que o 4º Duque de Bragança adota a serpe real como seu timbre, no lugar da cabeça e dorso de cavalo de prata, com arreios e freios de suas cor, e ferido com três lançadas de goles; porém, a diferença do Rei, que usava a serpe dourada, o Duque de Bragança a utiliza em sinopla (verde): vem daí a tradição de ligar a cor verde à Sereníssima Casa de Bragança, coisa que mais tarde, resultaria no verde como cor representativa da Dinastia de Bragança na bandeira imperial do Brasil. Mas, afinal, qual o motivo do 4º Duque de Bragança ter adotado uma serpe verde, e não de qualquer outra cor? Isso de deve à chamada "ínclita geração", ou seja, a geração dos filho d'El-Rei Dom João I de Portugal: nela, cada um dos cinco Infantes, além de diferenças nos campos dos escudos, recebeu a serpe do timbre de uma cor: (Dom Duarte, mais tarde D. Duarte I de Portugal, a recebeu dourada, como Príncipe Herdeiro; Dom Pedro, Duque de Coimbra, a recebeu de prata; Dom Henrique, Duque de Viseu, a recebeu verde; Dom João, Condestável de Portugal, a recebeu vermelha e o Bem-Aventurado Dom Fernando a recebeu azul), e como o Duque de Viseu não teve filhos, deixou seus títulos para seu sobrinho, o Infante Dom Fernando, Duque de Beja (filho mais novo do Rei Dom Duarte I), que passou assim a usar o título de Duque de Viseu e de Beja, e adotou o brasão do Duque de Viseu, com o timbre da serpe verde. Foi a filha do Duque de Viseu, a Infanta Dona Isabel de Viseu, Duquesa de Bragança, casada com o 3º Duque, como visto acima, a motivação da escolha da cor verde da serpe dos Bragança. 


Brasão de Armas do 4º Duque de Bragança, segundo o Livro do Armeio-Mor. Note-se que o paquife é nas cores goles (vermelho) e blau (azul), cores dos Duques de Bragança, que seriam depois "revividas" pela "Revolta do Remexido" 


Após o Rei Dom Manuel I ter filhos, o Duque de Bragança perde então sua condição de Príncipe Herdeiro de Portugal, todavia, conserva seu brasão de armas, e recebe o título de "Tio de Rei", título este hereditário a partir de si, no Ducado de Bragança, até os Duques de Bragança tornarem-se Reis de Portugal.


O quinto Duque de Bragança e suas Armas (1532-1563)

O quinto Duque de Bragança foi Dom Teodósio I. Será com este Duque que as Armas dos Duques de Bragança chegariam até a sua forma moderna, utilizadas até o 8º Duque de Bragança, Dom João II chegar ao Trono de Portugal como Rei Dom João IV. 


Antigo painel de azulejos portugueses, com as Armas dos Duques de Bragança, após o 5º Duque de Bragança, até 1640.


Armas do 5º Duque de Bragança, utilizadas pelos sucessores Duques até 1640

O Brasão de Armas utilizadas após o 5º Duque de Bragança, tido como "definitivo" até a coroação do 8º Duque de Bragança como Rei de Portugal foram definidas como as Armas plenas do Reino de Portugal (como utilizado por seu pai), tendo por diferença um lambel de ouro com três pendentes, tendo nos dois pendentes junto ao flanco as armas partidas de Aragão e Sicília.

Paquife em goles (vermelho) e blau (azul). O se manterá sempre a serpe de sinopla, que passou a ser o distintivo da própria Casa de Bragança. 

As Armas dos atuais Duques de Bragança 

Apenas a título de curiosidade, terminaremos esta publicação com as Armas de Sua Alteza Real o Sr. Dom Duarte Pio de Orléans-Bragança e de Bragança, Duque de Bragança e Chefe da Casa Real Portuguesa:

Brasão de Sua Alteza Real o Príncipe Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, Chefe da Casa Real Portuguesa, com a banda da Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, como Grão-Mestre das Ordens Reais Portuguesas.



Texto e desenhos vetoriais (alguns com elementos do Wikipédia) por 

Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Don Andrea III Gonzaga Trivulzio-Galli, 
Duque de Venosa,
18º Príncipe e 13º Duque de Mesolcina, Príncipe do Sacro Império Romano-Germânico, 
Chefe da Casa Principesca de Mesolcina. 
 

Se quiser falar com o autor, escreva para: principeandregalli@gmail.com