Para aqueles que ainda não sabem o que é a Dinastia Capetiana, recomendo esta outra matéria do Corriere della Mesolcina sobre o tema (é só clicar)
A pergunta que inicia esta matéria "seriam os Capetianos descendentes de Carlos Magno?" muito fácil de responder, pois, como todos sabem, ou deveriam saber, Hugo I Capeto, Rei da França era filho de Hugo, O Grande, Duque dos Francos, que por sua vez era filho de Roberto I, Rei da França e de Béatrice de Vermandois, filha de Herber I, Conde de Vermandois, bisneta de Bernando I, Rei da Itália, filho de Pepino, Rei da Itália, este próprio o filho mais velho do Carlos Magno. Respondendo desta forma, não há dúvidas de que se Hugo I, dito O Capeto, era neto de uma Princesa Carolíngia, então sim, é certo que os Capetianos são descendentes de Carlos Magno.
Porém a pergunta que inicia esta matéria é mais específica: seriam os Capetianos descendentes SÁLICOS de Carlos Magno? Ou seja: seria a Dinastia Capetiana descendente por via masculina de Carlos Magno? Esta reposta, porém, é mais difícil de se responder... Sabemos com toda a certeza que Hugo Capeto, como dito acima, era filho de Hugo, dito O Grande. Também sabemos, com toda a certeza, que Hugo O Grande intitulado Duque dos Francos foi filho do Rei Roberto I da França e de sua esposa a Princesa Béatrice de Vermandois.
Porém aqui é que surge o dilema: quem eram os pais do Rei Robert I da França, que reinou por curto período no ano de 922? Robert I sucedeu ao Rei Carolíngio Carlos III, e foi sucedido pelo Rei Louis IV, outro Rei Carolíngio. O próprio Robert I era casado com uma Princesa Carolíngia, então resta a pergunta: como poderia Robert I suceder a um Rei da Raça Carolíngia (Carlos III) e ser ele próprio sucedido por outro Rei Carolíngio (Louis IV), se ele mesmo não fosse um Carolíngio?
Para evitar problemas sucessórios, após a ascensão de Hugo Capeto ao Trono da França, passaram a criar-se numerosas teorias da origem de Hugo Capeto, e par evitar que outros príncipes de outros ramos da dinastia Carolíngia tentassem reclamar o Trono, o que levaria ao inconstante Reino da França há mais um longo período de incertezas, passaram a tentar modificar a genealogia de Hugo Capeto, de modo a fazer parecer que ele próprio era o "fundador" de uma nova Dinastia: todavia, como poderia Hugo Capeto ser o "fundador de uma nova dinastia" se Robert I, o pai de seu pai, já havia sido Rei da França antes dele?
Diante deste impasse, os genealogistas franceses passaram a tratar a origem de Robert I da França como algo "oculto", que ninguém conseguiria ter a certeza da origem... todavia, aqui fazemos uma pergunta já feita por tantas gerações de genealogistas: se a origem de Robert era tão "oculta e sombria", como poderia ele ter conseguido casar-se com a Princesa Béatrice de Vermandois, do Ramo mais Velho da Dinastia Carolíngia, Reinante na França, Itália e no Sacro Império? E mais, como poderia ele mesmo ter sucedido ao Rei, se não tivesse direito ao Trono?
Ao se depararem com estas perguntas os genealogistas tentaram argumentar que o Rei Robert I da França era filho de Robert, O Forte, Conde d'Anjou, Conde de Auxerre e Conde de Nevers, o que era realmente verdade. Porém ao chegarem ao nome de Robert, Conde d'Anjou, os genealogistas, que mantinham a falsa ideia de que Hugo Capeto era "fundador de uma nova Dinastia" argumentavam que as origens de Robert d'Anjou eram "incertas e obscuras" sendo provavelmente de saxônica ou germânica, sendo que provavelmente o pai de Robert d'Anjou seria um tal de Robert III, Conde de Hesbaye (prestem atenção a este nome), porém, mesmo os mais acérrimos defensores de que esta seria uma "nova dinastia" eram obrigados a admitir que esta linhagem eram descendente dos últimos merovíngios e dos primeiros Carolíngios.
As hipóteses de que Robert d'Anjou era filho de Robert III, Conde de Hesbaye são apenas a coincidência do nome "Robert", chegando tais genealogistas, do início do século XI, a argumentarem que estes eram descendentes de uma certa "dinastia Robertiana", onde todos teriam o nome de Robert...
Na realidade, Robert, O Forte, Conde d'Anjou, Conde de Auxerre e Conde de Nevers era filho do Rei Louis I, dito O Piedoso, Rei da França e Sacro Imperador Romano, ninguém mais e ninguém menos do que o filho que sucedeu ao próprio Carlos I Magno na Coroa da França e no Trono Imperial. Porém, saber-se se Robert, O Forte, Conde d'Anjou, Conde de Auxerre e Conde de Nevers era filho legítimo de Louis I e sua esposa Hermangarde de Hesbaye, aí já é outra coisa... Porém, é uma coincidência muito grande que a Rainha Hermangarde de Hesbaye que então seria prima-irmã de Robert III, Conde de Hesbaye não fosse a mãe de Robert, Conde d'Anjou, uma vez que assim se explica com o encaixe de todas as peças da origem de Robert d'Anjou...
Desta forma, podemos afirmar com toda a certeza que:
Louis I, O Piedoso, Rei da França e Imperador Romano foi pai de Robert, O Forte, Conde d'Anjou, que foi pai do Rei Robert I da França, que foi casado com sua própria prima, a Princesa Béatrice de Vermandois, sendo ambos pais de Hugo, O Grande, Duque dos Francos, que foi pai de Hugo Capeto, Rei da França. Desta forma, Hugo Capeto era tataraneto, por via sálica, de Carlos Magno. Ou seja, a Dinastia Capetiana é um ramo da Dinastia Carolíngia, Fundada por Santo Arnulfo de Metz e sua esposa, Santa Begga.
Por:
Sua Alteza Sereníssima o Príncipe
Don Andrea III Gonzaga Trivulzio-Galli
18º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano, 22º Príncipe de Mesolcina e Par da França, Príncipe do Sangue Capetiano, Conde-Duque d'Alvito, Margrave de Castel Goffredo, etc.