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domingo, 26 de novembro de 2023

Brasões dos Membros da Casa Imperial do Brasil, seguindo o modelo heráldico de 1783

                                               


 Fiéis Leitores do Corriere della Mesolcina, hoje, irei publicar um estudo que, venho desenvolvendo ao longo dos anos, e que irá interessar a muitos de vocês: a Heráldica na Casa Imperial do Brasil.

Primeiramente, gostaria de afirmar sobre a grande dificuldade que envolve este estudo, pois, tanto no Reino do Brasil como no Império do Brasil a heráldica era pouco desenvolvida em suas regras próprias. Nos Reinados de Dona Maria I e Dom João I, a heráldica seguiu as regras próprias da heráldica portuguesa. Já depois da separação do Império do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no Reinado de Dom Pedro I a heráldica manteve-se basicamente próxima à heráldica portuguesa, já tendo, contudo, reflexos da heráldica francesa. Durante o Reinado de Dom Pedro II, de fato, a heráldica brasileira foi "inundada" por modas típicas da heráldica francesa. 

Porém, ao se analisar os brasões da Casa Imperial do Brasil, chegamos a uma série de regras não escritas, mas que seguem por base no costume. Aqui queremos deixar claro que estamos falando da heráldica, não da vexilologia (estudo das bandeiras), de modo que, a realidade heráldica que aqui demonstramos, não alteraria a bandeira do antigo Império do Brasil.

1 Costume: Após a morte da Princesa Dona Isabel de Bragança, Condessa d'Eu, Chefe da Casa Imperial do Brasil entre 1891 a 1921, extinguiu-se o ramo brasileiro da Casa de Bragança. Seus três filhos com o Príncipe Luís Gastão de Orléans, Conde d'Eu, herdaram a varonia paterna (Orléans, ramo cadete da Casa Real da França, hoje Chefiada por Sua Alteza Real o Duque de Anjou), e, mesmo que tenham mantido o sobrenome dinástico "Orléans e Bragança", de fato são membros da Casa de Orléans. Por este motivo, sobre o antigo escudo imperial brasileiro, carrega-se um escudete, com as armas dos Orléans.


2 Costume: O número de estrelas varia com a quantidade de unidades federativas brasileiras (atuais Estados, antigas Províncias), de modo que, os atuais Dinastas da Casa Imperial do Brasil, tem em seus brasões 27 estrelas (para os 26 estados mais o distrito federal). Os não Dinastas, carregam em seus brasões o número de estrelas correspondente ao número de unidades federativas, ao tempo em que perderam seus direitos dinásticos.


3 Costume: O Ramo Primogênito da Princesa Isabel e do Conde d'Eu não é um ramo dinástico. O Chamado "ramo de Petrópolis" apenas tem direitos dinásticos (tal qual todos os membros nascidos de casamento católico da Casa Imperial do Brasil) ao extinto Trono da França, logo, possuem o tratamento de Príncipes de Sangue da França, e estão na Linha de Sucessão ao Trono Francês após os Bourbon-França, os Bourbon-Espanha, os Bourbon Duas Sicílias, os Bourbon-Parma, os Bourbon-Nassau, e os Orléans, estando na frente dos Orléans-Galliera. 


4 Costume: Em 1783 o heraldista Frei Manuel de Santo Antônio e Silva recapitulou todo o sistema de cadências da Casa Real, através de seu livro Thesouro da Nobreza de Portugal, compilou as normas de diferenciação, através dos lambéis, do Príncipe Herdeiro, dos Infantes e Infantas; e será, com base nessa legislação, que apresentaremos as Armas a seguir. Como já apresentado em uma postagem anterior, onde as diferenças se davam pelo sistema de cadências, e não de lambel, também iremos, no futuro, apresentar uma terceira maneira dos brasões dos Membros da Casa Imperial do Brasil, com os lambéis sempre de três pendentes, e com as cargas diferenciadas, seguindo o "estimo moderno", semelhante ao da Família Real britânica. 


5 Costume: Como Dom Pedro I decretou que continuariam a viger no Império do Brasil as Leis que até então haviam vigido no Reino do Brasil, desde que estas não fossem abolidas ou substituídas por novas leis, a heráldica oficial durante toda a Monarquia Brasileira foi a Portuguesa, e será, com base nesta, que iremos blasonar os brasões dos membros da Casa Imperial do Brasil:


Aviso: Nós iremos utilizar os títulos e denominações que foram dadas por dom Pedro I na Constituição Política do Império do Brasil.


Quando falarmos nas Armas Imperiais do Brasil, falaremos em: um campo de sinopla, com uma esfera armilar de ouro, transpassada pela Cruz da Ordem Religiosa-Militar de Cristo e encerrada em um listel de blau, orlado de prata e polvilhado com o número de estrelas do mesmo metal, correspondente a cada Príncipe; sobreposto, um escudete tendo as Armas dos Duques de Oléans – de blau, com três flores de lis de ouro, postas em roquete, e, em chefe, um lambel de três pontas de prata; Ao redor do escudo a banda da mais alta condecoração Dinástica que por ventura venha o armigerante a possuir. 

Suportes: um ramo de tabaco, florido, à sinistra, e um ramo de café, frutificado, à destra, ambos de sua própria cor e unidos por um laço de goles. 

Timbrando o escudo, a Coroa correspondente. 


Para o Imperador ou Chefe da Casa Imperial, agrega-se: atrás do escudo, cruzados da sinistra para a destra e da destra para a sinistra, o Cetro do Império do Brasil e o Cetro da Mão da Justiça, ambos de ouro.

Coroa Diamantina (a do Império do Brasil), com 8 diademas de ouro cravejado de pérolas, 5 visíveis e forro de goles.

Condecoração: a Banda da Imperial Ordem do Cruzeiro, transpassada pelo laço dos suportes.

Pavilhão: de sinopla, recolhido, com dossel, cordões e franjas de ouro e forro de arminho, o todo encimado pela Coroa do Império do Brasil. 


Brasões históricos:

Brasão de Sua Majestade Imperial e Fidelíssima o Imperador Dom Pedro I do Brasil e IV de Portugal, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e Além Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, Duque de Bragança.

Armas Imperiais do Brasil, tendo 19 estrelas em orla. Ao redor do escudo a Banda da Imperial Ordem do Cruzeiro. Sobre o escudo a Coroa Imperial de Dom Pedro I.



Armas de Sua Majestade Imperial o Imperador Dom Pedro II do Brasil, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, Primogênito da Casa de Bragança. 

Armas Imperiais do Brasil, tendo 20 estrelas em orla. Ao redor do escudo a Banda da Imperial Ordem do Cruzeiro. Sobre o escudo a Coroa Diamantina.


Armas de Sua Majestade Imperial a Imperadora Titular Dona Isabel I do Brasil (uma Chefe de Estado de um Império é chamada de Imperadora; Imperatriz é a Consorte de um Imperador) Imperadora Constitucional de Ius e Defensora Perpétua do Brasil, Condessa d'Eu


Armas Imperiais do Brasil, tendo 20 estrelas em orla. Ao redor do escudo a Banda da Imperial Ordem do Cruzeiro. Sobre o escudo a Coroa Diamantina.


Armas de Sua Majestade Imperial o Imperador Consorte Dom Luís I Gastão de Orléans, Conde d'Eu, Imperador Titular Consorte do Brasil, Príncipe do Sangue da França: 

Armas plenas dos Orléans. Ao redor do escudo a Banda da Imperial Ordem do Cruzeiro. Sobre o escudo a Coroa Diamantina.


Armas de Sua Majestade Imperial o Imperador Titular do Brasil Dom Pedro III Henrique de Orléans e Bragança, Duque de Némours (título adquirido em 1970 pelo chamado "Pacto de Bruxelas") Imperador Constitucional de Ius e Defensor Perpétuo do Brasil, Chefe da Casa Imperial do Brasil, Príncipe do Sangue da França:

Brasão composto pelas Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 23 estrelas de prata. Sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem do Cruzeiro. Sobre o escudo a Coroa Imperial do Brasil (Coroa Diamantina) 


Armas de Sua Majestade Imperial o Imperador Titular do Brasil Dom Luís II Gastão de Orléans e Bragança, Duque de Némours, Imperador de Ius e Defensor Perpétuo do Brasil Príncipe do Sangue de França da França:

Brasão composto pelas Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 27 estrelas de prata. Sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul. Sobre o escudo a Coroa Imperial do Brasil (Coroa Diamantina) 


PRÍNCIPES DINASTAS DA CASA IMPERIAL DO BRASIL

Brasão de Sua Alteza Imperial o Príncipe Dom Bertrand I de Orléans e Bragança, Duque de Némours, Chefe da Casa Imperial do Brasil, Imperador de Ius e Defensor Perpétuo do Brasil, Príncipe do Sangue da França:

Brasão composto pelas Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 27 estrelas de prata. Sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul. Sobre o escudo a Coroa Imperial do Brasil (Coroa Diamantina) 


Brasão de Sua Alteza Imperial o Príncipe Dom Antônio de Orléans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, Príncipe do Brasil, Príncipe do Sangue da França:

Brasão das Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 27 estrelas de prata, e por diferença, um lambel de prata de três pendentes. Sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem de Pedro I, Fundador do Império do Brasil. Sobre o escudo a Coroa de Príncipe Imperial do Brasil.



Brasão de Sua Alteza Imperial a Princesa Dona Cristine de Ligne, Princesa Consorte Imperial do Brasil, Princesa do Brasil, Princesa de Ligne.

Armas partidas: no I as armas de seu esposo, o Príncipe Imperial do Brasil. No II as armas de seu pai, o Príncipe de Ligne e do Sacro Império Romano-Germânico. Ao redor do escudo, o Colar da Grã-Cruz Efetiva da Imperial Ordem da Rosa. Sobre o escudo a Coroa de Princesa Imperial do Brasil.



Brasão de Armas de Sua Alteza Imperial o Príncipe Dom Rafael de Orléans e Bragança, Príncipe do Grão-Pará, Príncipe do Brasil, Príncipe do Sangue da França.


Brasão das Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 27 estrelas de prata, e por diferença, um lambel de prata de três pendentes, carregados cada um com uma rosa florida de goles, abotada douro e folhada de sinopla (lambel do Príncipe do Grão-Pará). Sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem de Pedro I, Fundador do Império do Brasil. Sobre o escudo a Coroa do Príncipe do Grão-Pará.

Coroa dos Príncipes do Brasil e Príncipes da Casa Imperial do Brasil


A coroa heráldica (ou "coronel") dos Príncipes do Brasil, e Príncipes da Casa Imperial do Brasil, é de ouro, tendo na base os mesmos diamantes e pérolas que na Coroa Diamantina, e quatro florões triloboados (três visíveis) entre quatro flores-de-lis (duas visíveis), todos carregados pelos oportunos diamantes, do estilo da Coroa Imperial, entre as florões e as flores-de-lis, picos com diamantes.
(esta é a coroa adotada a partir de 2020, porém já desenhada anteriormente, para representar a união das Casas de Orléans (flores-de-lis) e Bragança (florões triloboados), e portanto, é o coronel heráldico dos Príncipes e Princesas do Brasil (Dinastas) e os Príncipes e Princesas da Casa Imperial do Brasil (ou seja, os não dinastas). 

Brasão de Sua Alteza a Princesa Dona Maria Gabriela de Orléans e Bragança, Princesa do Brasil, Princesa do Sangue da França


Armas: Um losango partido, no I de prata (para as armas de seu futuro esposo), no II com as armas de seu pai, o Príncipe Imperial do Brasil. Sobre o escudo a Coroa de Princesa do Brasil

Brasão de Sua Alteza a Princesa Dona Eleonora de Orléans e Bragança, Princesa de Ligne, Princesa do Brasil, Princesa do Sangue da França


Armas partidas: No I as Armas de seu marido, Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Michel, 14º Príncipe de Ligne e do Sacro Império Romano-Germânico; no II as Armas Imperiais do Brasil  tendo em orla 27* estrelas de prata, e sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Ao redor do escudo a banda de Dama da Ordem da Rainha Santa Isabel. Sobre o escudo a Coroa de Princesa do Brasil. Por suportes, os do Império do Brasil.
O conjunto repousa sobre um manto de goles, forrado de arminhos, franjado e amarrado d'ouro, e é timbrado pela fürstenhut, dos Príncipes do Sacro Império Romano, como Princesa de Ligne, d'Amblise, d'Épinoy e do Sacro Império Romano, Marquesa de Roubaix, Condessa de Fauquemberg, Viscondessa de Leyden, Baronesa de Beloeil, de Cisoing, de Werchin e de Wassenaar, como Consorte de Sua Alteza Sereníssima o Chefe da Casa Principesca de Ligne. 

* As Armas de Sua Alteza a Princesa de Ligne contém 27 estrelas em orla, pois, mesmo que seu pai, o Príncipe Dom Pedro III do Brasil as tenha usado com 23 estrelas no momento de sua morte, a Princesa de Ligne mantém-se como Dinasta do Brasil, e portando, seu escudo deve evoluir com os do atual Chefe da Casa Imperial. 


PRÍNCIPES NÃO DINASTAS DA CASA IMPERIAL DO BRASIL

Armas de Sua Alteza o Príncipe Dom Eudes de Orléans e Bragança (in memoriam), Príncipe da Casa Imperial do Brasil, Príncipe do Sangue da França

Brasão das Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 23 estrelas de prata, sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Por diferença pessoal, um lambel de prata, de três pendentes, tendo no terceiro as Armas da Casa de Wittelsbach. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem de Pedro I, Fundador do Império do Brasil. Sobre o escudo a coroa de Príncipe da Casa Imperial do Brasil.


Armas de Sua Alteza o Príncipe Dom Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança, Príncipe da Casa Imperial do Brasil, Príncipe do Sangue da França


Brasão das Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 23 estrelas de prata, e sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Por diferença pessoal, um lambel de prata, de três pendentes, tendo no primeiro de sable, com um leão rompante d'ouro (armas do Palatinado), e no terceiro as Armas da Casa de Wittelsbach. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem de Pedro I, Fundador do Império do Brasil. Sobre o escudo a coroa de Príncipe da Casa Imperial do Brasil.



Armas de Sua Alteza o Príncipe Dom Fernando de Orléans e Bragança, Príncipe da Casa Imperial do Brasil, Príncipe do Sangue da França

Brasão das Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 22 estrelas de prata, e sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Por diferença pessoal, um lambel de prata, de três pendentes, tendo no primeiro de sable, com um leão rompante d'ouro (armas do Palatinado), no segundo as Armas da Francônia e no terceiro as Armas da Casa de Wittelsbach. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem de Pedro I, Fundador do Império do Brasil. Sobre o escudo a coroa de Príncipe da Casa Imperial do Brasil.


Armas de Sua Alteza o Príncipe Dom Francisco de Orléans e Bragança, Príncipe da Casa Imperial do Brasil, Príncipe do Sangue da França

Brasão das Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 23 estrelas de prata, e sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Por diferença pessoal, um lambel de prata, de quatro pendentes (sendo o terceiro movido para a sinistra), tendo no primeiro de sable, com um leão rompante d'ouro (armas do Palatinado), no segundo as Armas da Francônia, no terceiro o leão de Veldenz e no quarto as Armas da Casa de Wittelsbach. Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem de Pedro I, Fundador do Império do Brasil. Sobre o escudo a coroa de Príncipe da Casa Imperial do Brasil.


Armas de Sua Alteza o Príncipe Dom Alberto de Orléans e Bragança, Príncipe da Casa Imperial do Brasil, Príncipe do Sangue da França


Brasão das Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 24 estrelas de prata, e sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Duques de Orléans. Por diferença pessoal, um lambel de prata, de cinco pendentes, tendo no primeiro de sable, com um leão rompante d'ouro (armas do Palatinado), no segundo as Armas do Margraviado de Burgau, no terceiro as Armas da Francônia, no quarto o leão de Veldenz e no quinto as Armas da Casa de Wittelsbach Ao redor do escudo a banda da Imperial Ordem de Pedro I, Fundador do Império do Brasil. Sobre o escudo a coroa de Príncipe da Casa Imperial do Brasil.



"Ramo de Petrópolis"

Estes Príncipes do Sangue de França, Príncipes titulares de Orléans-Bragança, até o ano de 2020 não eram considerados como Príncipes da Casa Imperial do Brasil. Todavia, este posicionamento parece ter mudado naquele ano, quando através do livro "Genealogia da Casa Imperial do Brasil", cita-se que: 
"Os descendentes na linhagem varonil legítima do Príncipe Dom Pedro de Alcantara de Orleans e Bragança, que, em 1908, quando ainda era o Príncipe Imperial do Brasil, renunciou solenemente, por si e sua eventual descendência, aos seus direitos ao Trono e à Coroa do Brasil, são igualmente Príncipes e Princesas da Casa Imperial. A não inclusão deste ramo primogênito, mas sem direitos dinásticos, da Família Imperial Brasileira neste trabalho se deve única e exclusivamente ao fato de seus membros terem, sistematicamente, ao longo das décadas, falhado em manter a Chefia da Casa Imperial oficialmente informada de seus acontecimentos familiares, como casamentos e nascimentos." 

Desta forma citamos os ditos Príncipes de Orléans-Bragança:

Brasão de Armas de Sua Alteza o Príncipe Dom Pedro de Orléans e Bragança, Conde d'Eu, "Príncipe Titular de Orléans e Bragança" (ou "Príncipe de Orléans-Eu"), Príncipe do Sangue de França

Brasão das Armas Imperiais do Brasil, tendo em orla 20 estrelas de prata, e por diferença, um lambel de ouro de três pendentes. Sobre o abismo, um escudete com as Armas dos Condes d'Eu (de blau, três flores-de-lis d'ouro em 2-e-1, armas de França, tendo por diferença um lambel de goles de três pendentes, com três castelos d'ouro em cada pendente). Coroa de Príncipe de Sangue da França.


Armas de Sua Alteza o Príncipe Dom Pedro Tiago de Orléans e Bragança, Conde Herdeiro d'Eu, Príncipe do Sangue de França. 

Armas de seu pai, tendo por diferença, um crescente de goles aplicada ao pendente central do lambel de ouro. 


Os textos e desenhos são de Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Don Andrea III Gian Giacomo Teodoro Gonzaga Trivulzio Galli, Duque e 18º Príncipe e Duque de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico. Chefe da Casa Principesca e Ducal de Mesolcina. Proibida a utilização sem prévio consentimento por escrito da parte do autor. 

Para falar com Sua Alteza Sereníssima o Príncipe e Duque de Mesolcina, envie e-mail para o Secretariado Privado do Príncipe, através do e-mail mesolcina.it@gmail.com 

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Precisamos falar sobre a Casa Principesca de Saxe-Coburg-Koháry/ Wir müssen über das Fürstenhaus Sachsen-Coburg-Koháry sprechen/ We need to talk about the Princely House of Saxe-Coburg-Koháry/

Como o próprio título do presente artigo indica, precisamos falar a respeito da Casa Principesca de Saxe-Coburg-Koháry, o ramo Católico da Casa Ducal de Saxe-Coburg, que deu seus próprios ramos, que reinaram em Portugal, Bulgária e constituem o Ramo Saxe-Coburg-Bragança, do Império do Brasil.


Iniciaremos sobre o nome da Casa. Ao contrário do que muitos pensam, o nome da Dinastia não inclui o do Ducado de Gotha, uma vez que essa cidade-ducado, só passou ao Chefe da Casa de Coburg em 1826, quando Sua Alteza o Príncipe Ernesto III, Duque de Saxe-Coburg-Saafeld trocou a cidade de Saafeld pelo Ducado de Gotha, que governou, em União Pessoal, com o Ducado de Coburg, passou a intitular-se Príncipe Ernesto I, Duque de Saxe-Coburg e Gotha. Já a Casa de Saxe-Coburg-Koháry surgiu com o casamento de Sua Alteza o Príncipe Ferdinand Georg August, Príncipe de Saxe-Coburg-Saafeld, filho de Sua Alteza o Príncipe Franz, Duque de Saxe-Coburg-Saafeld, com a Princesa húngara Maria Antonia Gabriella von Koháry, filha de Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Ferenc Josef Koháry, Príncipe de Csábrág e de Szitnya, casam em 1815, ou seja, 11 anos antes da Casa Ducal de Saxe-Coburg-Saafeld tornar-se a Casa Ducal de Saxe-Coburg e Gotha. 


No contrato de casamento entre o Príncipe Ferdinand von Saxe-Coburg-Saafel e a Princesa Maria Antonia von Koháry, estabeleceu-se que o casal herdaria todos os bens da Casa de Koháry, desde que seus descendentes herdassem o nome e o brasão d'Armas dos Koháry, (uma vez que seu pai, o Príncipe Ferenc, não teve descendência masculina) por isso, a Casa chama-se Casa Principesca de Saxe-Coburg-Koháry e não Saxe-Coburg e Gotha Koháry, como algumas pessoas imaginam. 



Em 27 de junho de 1826, morre o Príncipe de Koháry, de Csábrág e de Szitnya, e seguindo os acordos matrimoniais, os títulos de Príncipe de Koháry, de Csábrág e de Szitnya passaram ao Príncipe Ferdinand von Saxe-Coburg-Saafeld, que assim passou a ser chamado de Sua Alteza o Príncipe Ferdinad von Saxe-Coburg-Koháry, Duque da Saxônia. 


Como o patrimônio da Casa de Saxe-Coburg-Koháry era tão grande (o maior do Reino da Hungria, com mais de 150 mil hectares, além de numerosos castelos e palácios), foi instituído um Fideicomisso Geral, que passou a ser levado pelos sucessivos Príncipes de Koháry, de Csábrág e de Szitnya. O Chefe da Casa, como todos os Príncipes de Saxe, leva o título de Duque da Saxônia, sendo que o Chefe da Casa Principesca passou a intitular-se como "Duque" de Saxe-Coburg-Koháry, enquanto todos os demais membros da Família levaram o título de Príncipes de Saxe-Coburg-Koháry.


Brasão dos Chefes da Casa


Foram, sucessivamente, os Chefes da Casa Principesca de Saxe-Coburg-Koháry:

1: Ferdinand von Saxe-Coburg-Koháry (1815-1851)

2: Dom Fernando II de Portugal von Saxe-Coburg-Koháry (1851), não permanece como Chefe da Casa

3: August Ludwig von Saxe-Coburg-Koháry (1851-1881)

4: Ferdinand Philipp von Saxe-Coburg-Koháry (1881-1921)

5: Dom Pedro Augusto de Bragança von Saxe-Coburg-Koháry (1921-1934)

6: Dom Rainier Maria José de Bragança von Saxe-Coburg-Koháry (1934-1945)

7: Dom João Henrique Frederico de Bragança von Saxe-Coburg-Koháry (1945-2010)

8:  Dom Philipp Josias Maria de Bragança von Saxe-Coburg-Koháry 

9: Philipp August Ferdinand von Saxe-Coburg-Koháry (2010-2014)

10: Maximiliano von Saxe-Coburg-Koháry (2014- até nossos dias)

o Príncipe Alexander Ernest von Saxe-Coburg-Koháry é o Herdeiro da Casa.


Nos últimos anos, porém, Sua Majestade o deposto Rei Simeão II de Saxe-Coburg-Koháry, deposto Rei da Bulgária, afirmou que o casamento do Príncipe Dom Philipp Josias Maria de Bragança von Saxe-Coburg-Koháry, com sua esposa, Sarah Aurélia Hálaz, realizado em 23 de abril de 1944 teria sido um casamento morganático, uma vez que, pela noiva não ser proveniente da Nobreza, violaria então as leis da Casa de Saxe-Coburg e Gotha. Porém, vamos aos fatos:


- Em 1944 o Chefe da Casa de Saxe-Coburg e Gotha era Sua Alteza o Príncipe Carl Eduard, Duque de Saxe-Coburg e Gotha, que permaneceu como Chefe da Casa Ducal até sua morte, em 1954. Para que o casamento do Príncipe de Saxe-Coburg-Koháry ter sido considerado morganático, teria de assim ter sido declarado, pelo Duque Carl Eduard, o que não aconteceu.


- Em 1971 o Príncipe Andreas, Príncipe Hereditário de Saxe-Coburg e Gotha, casou-se com a também plebeia Carin Dobelstein, e este casamento foi aceito como Dinástico pelo então Chefe da Casa Ducal, o Príncipe Friedrich Josias, esclarecendo o ponto de que, após a queda da Monarquia nos Ducados de Coburg e Gotha, em 1918, os Príncipes da Casa de Coburg não precisam manter casamento igualitário, para permanecerem dinastas. 


Brasão do Rei Simeão II da Bulgária
com a Grã-Cruz da Principesca e Ducal Ordem de Trivulzio


O ex Rei Simeão II da Bulgária tentou assim declarar que a nova "chefa da Casa" de Saxe-Coburg-Koháry seria a sua irmã! A princesa búlgara Maria Luísa, que passaria então a ser a "9º Princesa de Koháry". Isso é algo absolutamente impossível, e vamos aos fatos:


Os títulos de Príncipe de Koháry, de Csábrág e de Szitnya foram criados no ano de 1815 pelo Imperador Francisco II do Sacro Império Romano, em favor do então Conde Ferenc Koháry, um dos homens mais ricos da Hungria, para que assim a sua filha pudesse casar-se com o Príncipe Ferdinand von Saxe-Coburg-Saafeld. Assim, podemos ver que o título, criado em 1815, é um título de nobreza do Império Austríaco, e portanto, segue a lei sálica, em que uma mulher jamais poderá herdar.


Mesmo que o casamento do Príncipe Phillip Josias tivesse sido declarado morganático pelo Duque de Saxe-Coburg e Gotha (o que não foi), isso em nada implicaria um título principesco criado pelo Fons Honorum do Chefe da Casa Imperial da Áustria.


Caso Sua Majestade o ex Rei Simeão II da Bulgária queira criar um título de nobreza, mesmo que principesco, para a sua irmã, ele, como Fons Honorum, tem todo esse direito! Mesmo poderia recriar, como um título búlgaro, o título de "Princesa de Koháry" para sua irmã... O que o ex Rei Simeão II não tem direito, é o de chamar para si o Fons Honorum de um título austríaco, tentar regulamentar sua sucessão, e o pior, tentar mudar a lei sálica, para que sua irmã, de modo fraudulento, passe a usar um título, criado em 1815, e que não lhe cabe por direito.


Título de Príncipe ou Princesa de Koháry, como um título de nobreza da Casa Real da Bulgária

Brasão que pode ser atribuído a Princesa Maria Luísa da Bulgária, como Princesa búlgara de Koháry


Em 2015 o deposto Rei Simeão II da Bulgária criou o título de "`Princesa de Koháry" para sua irmã, nascida Princesa da Bulgária, que tornou-se Princesa de Leiningen, pelo seu casamento com Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Karl von Leiningen, segundo filho de Sua Alteza Sereníssima o Fürst Karl von Leiningen. Deste casamento nasceram dois filhos:

-S.A.S. o Príncipe Boris von Leingingen

-S.A.S. o Príncipe Hermann von Leiningen


Todavia, o casal divorciou-se em 1968, e a Princesa Maria Luísa da Bulgária casou-se novamente, desta vez com o plebeu Bronislaw Tomasz Andrzej Chrobok, e desse casamento nasceram mais dois filhos:

- Alexandra-Nadejda Chrobok

- Pawel Alastair Chrobok


Esses filhos, do segundo casamento da Princesa Maria Luísa da Bulgária, plebeus e sem o tratamento de Alteza Sereníssima, que os filhos de seu primeiro casamento herdaram, por via paterna, sempre foram uma situação desagradável para o ex Rei Simeão II da Bulgária. Para tentar sanar essa situação, o ex Rei criou, em 2015, por Decreto seu, o título de Princesa de Koháry (no decreto o ex Rei afirma que estaria cedendo para sua irmã a Chefia da Casa de Saxe-Coburg-Koháry, por ser esta sua irmã mais velha do que ele, e portanto estaria modificando as regras de sucessão de Saxe-Coburg-Koháry, da lei sálica para a primogenitura absoluta, coisa que, como vimos acima, é impossível para um título de criação austríaca, e não búlgara).


Os filhos da Princesa Maria Luisa da Bulgária também casaram, Alexandra casou-se com o português Jorge Raposo de Magalhães, e foram pais de:

- Louis Raposo de Magalhães;

- Jeanne Raposo de Magalhães; e 

- Clémentine Raposo de Magalhães.


Já Pawel Alastair Chrobok casou-se com Ariana Oliver Mas, sendo pais de

- Maya Chrobok

- Alexander-Ferdinander Chrobok


Não restam dúvidas de que esse novo título é um título búlgaro, de criação moderna, e não o original título que cabe ao Chefe da Casa Principesca de Saxe-Coburg-Koháry, pelos seguintes fatores:

1: Não segue os princípios da Lei Sálica;

2: Apesar de, aparentemente, ser herdado por qualquer herdeiro em potencial, por princípio de primogenitura absoluta, os Príncipes de Leiningen, do primeiro casamento da Princesa Maria Luísa da Bulgária, estão excluídos da sucessão ao título! Apenas o poderão herdar os filhos plebeus de seu segundo casamento!

3: O ex Rei Simeão II da Bulgária, é o Chefe da Casa Real da Bulgária, uma dinastia legítima, soberana e detentora de Fons Honorum, todavia, não é o Chefe da Casa Principesca de Saxe-Coburg-Koháry, mesmo com as falsas alegações de que o casamento do Príncipe Philipp Josias von Saxe-Coburg-Koháry, Duque da Saxônia, ter sido morganático. Não foi! E, se tivesse sido: o casamento da irmã do Rei Simeão II, não o foi?


Conclusão

Desta forma podemos concluir que atualmente existem dois títulos de Príncipe de Koháry, o primeiro, criado em 1815 no Império Austríaco, e que cabe a Sua Alteza o Príncipe Maximiliano von Saxe-Coburg-Koháry, Duque da Saxônia, Príncipe de Koháry, de Csábrág e de Szitnya, e outro, criado em 2015 pelo Chefe da Casa Real da Bulgária, e que caberia então a Princesa Maria Luísa da Bulgária


Sobre o título original, criado no Império da Áustria, em 1815, não resta dúvida, o próximo Príncipe de Koháry, de Csábrág e de Szitnya será Sua Alteza o Príncipe Alexander Ernest von Saxe-Coburg-Koháry, Príncipe de Saxe-Coburg e Gotha, Duque da Saxônia.

Porém, sobre o título criado em 2015, pelo ex Rei Simeão II da Bulgário, tudo são dúvidas... quem o herdará após a morte da atual "princesa"? Sua filha, pelo critério da primogenitura absoluta, da qual Simeão II diz-se favorável, ou seu filho homem? Em suma, o 3º príncipe (ou princesa) búlgaro de Koháry será o português Louis Raposo de Magalhães, ou o espanhol Alexander-Ferdinander Chrobok?