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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Sobre o título de Duque d'Alvito/ Sul titolo di Duca d'Alvito


Fiés Leitores do Corriere della Mesolcina, hoje gostaria de falar-lhes sobre um dos mais importantes e emblemáticos títulos de minha família: o de Conde-Duque d'Alvito.


O Condado d'Alvito foi criado em XIII em favor da família Cantelmo, família francesa, de suposta origem escocesa, estabelecida no Reino de Nápoles. O primeiro Conde d'Alvito foi Menappo I Cantelmo, de modo que o título de Conde d'Alvito foi criado no Pariato do Reino de Nápoles. O Condado d'Alvito permaneceu em hereditariedade na família Cantelmo até a morte de D. Pietro II Cantelmo, 8º Conde d'Alvito, quando o Feudo foi concedido a Goffredo Borgia, 9º Conde d'Alvito (filho natural, legitimado, do Papa Alexandre VI). Goffredo Borgia recebe Alvito do Rei da Nápoles, pelo seu casamento com Sancia de Aragão, Princesa de Nápoles, tanto que perde o direito ao mesmo com a morte da esposa.


Na sequência, o Condado d'Alvito é entregue a Don Pedro Navarro, El Salteador, dessa vez empossado pelo Rei Católico Fernando II, Rei de Aragão e de Nápoles. O título é assim novamente criado, em 1507, como um título no Pariato do Reino de Aragão


Pedro Navarro permanece pouco tempo como Conde d'Alvito, apenas entre 1507 a 1515, pois foi privado de seu Feudo por traição ao Rei. Na sequência, o Condado d'Alvito tanto os títulos de criação nos Pariatos de Nápoles e de Aragão (já agora dois títulos, passados juntos) é entregue à família Folch de Cardona, na pessoa de Raimundo Folch de Cardona-Anglesola, 11º Conde d'Alvito, Duque de Somma Bellpuig (no Pariato do Reino de Aragão), Barão de Bellpuig. O Condado d'Alvito permanece na família Folch de Cardona por quatro gerações. Em 1592 D. Antonio Folch de Cardona-Anglesola, 14º Conde d'Alvito, vende seus direitos Feudais a D. Matteo Taverna, Príncipe de Conca, 15º Conde d'Alvito (nos Pariatos de Nápoles e Aragão), que foi Conde por apenas três anos, pois em 1595 decide vender seu Feudo para Sua Alteza Sereníssima o Príncipe do Sangue D. Tolomeo I Galli (Dreux), Cardeal da Santa Madre Igreja.


Brasão dos Galli, da Varonia de Dreux-Beu, da Raça dos Reis da França, Condes-Duques d'Alvito, depois Príncipes e Duques de Mesolcina, por herança da Casa de Gonzaga Trivulzio


O Príncipe D. Tolomeo, Cardeal de Galli, pede ao Rei Felipe II de Espanha, que o confirme como 16º Conde d'Alvito, que o Rei Católico concorda, tanto passando o título de criação napolitana como o de criação aragonesa, e criando o título de Conde d'Alvito agora no novo Pariato do Reino da Espanha. Como pode-se ver, o Feudo d'Alvito, e seu título Condal, foram assim criados por diversos Reis, em três Pariatos diferentes, o Pariato do Reino de Nápoles, o Pariato do Reino de Aragão, e finalmente, o Parito do Reino da Espanha. Todavia, pelos serviços prestados pelo Cardeal-Príncipe Don Tolomeo I Galli à Monarquia Católica, o Rei Felipe III da Espanha concede ao mesmo o título de DUQUE D'ALVITO, título criado no Pariato do Reino da Espanha em 1596. Por ser o primeiro titular um Cardeal, o mesmo legou seu título, em testamento, a seu sobrinho, o Príncipe Don Tolomeo II Galli, Príncipe de Molise e de Sannio. 


Como Alvito era verdadeiramente uma entidade Feudal, o Condado d'Alvito foi preservado, tendo fronteiras quase que idênticas ao novo Ducado d'Alvito, e por esse mesmo motivo, foi decidido que seu Senhor Feudal levaria o título de Conde-Duque d'Alvito, por uma Decisão do Rei Felipe III de Espanha, em 1606, confirmando assim que o título ducal estava na Nobreza espanhola, e não então na napolitana. 


Pintura de Sua Alteza o Príncipe Don Tolomeo III Galli e Borromeo, 4º Conde-Duque d'Alvito e sua esposa, D. Ottavia Gonzaga Trivulzio e Grimaldi, Princesa de Mesolcina


Em 1713 o Reino de Nápoles passou do Rei da Espanha para o Sacro Imperador, em consequência dos Tratados de Utrecht. O Sacro Imperador Carlos VI recria o título de Duque d'Alvito, dessa vez como um título da Nobreza do Sacro Império Romano, concedendo o tratamento de Alteza Ducal ao Duque d'Alvito (Herzog von Alvito) Don Tolomeo IV Gonzaga Trivulzio Galli, 6º Duque e 21º Conde d'Alvito. O Sacro Imperador também criou o título subsidiário de Duque de Galli-Alvito, a ser herdado por toda a descendência masculina dos Duques d'Alvito, com o tratamento de Alteza.


Com a conquista dos Reinos de Nápoles e da Sicília pelo Infante D. Carlos de Bourbon-Espanha em 1738 (mais tarde Carlos III da Espanha), que assim tornou-se o Rei Carlo de Nápoles e da Sicília, o título de Duque d'Alvito, criado como um título no Pariato da Espanha, em 1596, depois criado novamente como o título do Sacro Império Romano-Germânico, em 1713, agora é novamente criado como um título no Pariato do Reino de Nápoles, em 1740, em favor de Don Francesco III Gonzaga Trivulzio Galli, 7º Duque e 22º Conde d'Alvito. 


Como sabemos, o Reino de Nápoles e da Sicília foram reunidos e criado o Reino das Duas Sicílias, em 1816, criando-se assim um novo Pariato, o Pariato do Reino das Duas Sicílias, todavia, mantendo os dois pariatos anteriores, o Pariato de Nápoles e o Pariato da Sicília, para a Nobreza criada nesses dois Reinos, antes de 1816. 


Príncipe Don Tolomeo II Galli e Valle, 2º Conde-Duque d'Alvito


Em 1861 o Reino das Duas Sicílias foi conquistado a força de armas, e unido de modo bastante ilegal ao Reino da Sardenha, para criado o Reino da Itália, que teria em seu Trono monarcas da Casa de Savoia. Neste período, era o 30º Conde e 15º Duque d'Alvito, Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Don Angelo I Gonzaga Trivulzio Galli, Príncipe do Sacro Império Romano, Duque e Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império, Príncipe de Mesocco, que vivendo em Viena, permaneceu leal a Imperial Casa de Habsburgo, não reconhecendo a união forçada do Reino das Duas Sicílias ao Reino da Sardenha, para a criação do novo Reino da Itália.


Os Reis da Casa de Savoia passaram a recriar os títulos da Nobreza das terras conquistadas, cujos detentores não fossem apoiadores de sua causa, e os conceder a outras famílias, que tenham demonstrado "lealdade" aos novos Reis. A família Vera d'Aragona, legitimamente Príncipes de Caposele, título esse de criação sabauda, em 1899, receberam do Rei da Itália um título novo, o de Duques d'Alvito, no Pariato do Reino da Itália, título novo, criado em 1899.


Todavia, como os Reis da Casa de Savoia não possuem jurisdição sobre a Espanha, o título de Duque d'Alvito, criado em favor da Casa de Galli, no Pariato do Reino da Espanha, em 1596 e confirmado em 1606 naquele mesmo Pariato, bem como a concessão no Sacro Império, em 1713, bem como a nova criação do título de Duque d'Alvito, agora no Pariato do Reino de Nápoles, em 1740, permanecem válidas, e hereditárias na Casa de Gonzaga Trivulzio Galli, que nunca aceitou a criação do título em favor da família Vera d'Aragona, e nisso, foi auxiliado por Sua Alteza Real o Príncipe D. Alfonso de Bourbon-Duas Sicílias, Conde de Caserta, Chefe da Casa Real das Duas Sicílias, que enviou um protesto a Corte Sabauda pela nova criação do título de Duque d'Alvito, em 1904, pois considerou ilegal a criação de um novo título, com o predicado Alvito, enquando a Casa de Gonzaga Trivulzio Galli, detentora de dito predicado, continuava a existir.


O Príncipe e Cardeal D. Tolomeo I Galli e Vailati, 1º Conde-Duque d'Alvito (+1606)


Em nossos dias, com o advento da internet e das redes sociais, algumas pessoas podem pensar que haja algum tipo de "disputa" entre mim, o 18º Príncipe e Duque de Mesolcina e 36º Conde e 21º Duque d'Alvito (21º Conde-Duque d'Alvito) e os herdeiros da Casa Vera d'Aragona... não poderiam estar mais enganados! Somos bons amigos!


Entendemos que nossos títulos apenas compartilham o mesmo predicado, porém, são títulos completamente distintos, o que cabe a Casa de Gonzaga Trivulzio Galli, criado pelo Rei Felipe II, em 1596, e o que cabe a família Vera d'Aragona criado pelo Rei Umberto I da Itália em 1899.


Outros tantos títulos compartilharam o mesmo predicado, sem ter entre si relação alguma... como o de Marquês de Abrantes, por exemplo: é um título português criado pelo Rei João V em 1718, bem como é um título brasileiro, criado pelo Imperador Pedro II, em 1854, também é um título espanhol, criado pelo Rei Felipe IV em 1642 como um Ducado! Três títulos com o mesmo predicado (Abrantes), porém sem qualquer ligação um com o outro...


Outro caso é o título de Marquês de Viana... esse título foi criado pelo Rei João VI de Portugal, Brasil e Algarves em 1821, e é também um título espanhol criado pelo Rei Alfonso XII em 1875... 


Isso sem mencionarmos o famoso título de Duque de Berwick, título criado pelo Rei James II em 1687, no Pariato da Inglaterra, e foi recentemente criado um novo título de Duque de Berwick, dessa vez pelo Alfonso XII da Espanha, em 1882!


Dando esses exemplos deixamos claro a existência de dois títulos de Duque d'Alvito, um criado pelo Rei Felipe II da Espanha, em 1596, elevação do Condado d'Alvito, criado no século XIII, confirmado pelo Rei Felipe III da Espanha em 1606, novamente criado, dessa vez pelo Sacro Imperador Carlos VI, em 1713, e criado novamente, em 1740 pelo Rei da Nápoles Carlo (mais tarde Carlos III da Espanha), sempre na mesma família Gonzaga Trivulzio Galli e na mesma sucessão masculina, até nossos dias.


E outro, criado em 1899 em favor da família Vera d'Aragona, pelo Rei Umberto I de Savoia. 


Por:


Sua Alteza Sereníssima o 

Príncipe Don Andrea Giangiacomo Teodoro Gonzaga Trivulzio Galli

18º Príncipe e Duque de Mesolcina, 18º Príncipe de Mesocco e do Sacro Império Romano-Germânico, 21º Duque e 36º Conde d'Alvito, etc.


Escreva para o autor, e-mail: mesolcina.it@gmail.com