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quarta-feira, 31 de julho de 2024

Heráldica dos Duques de Lafões


Fiéis Leitores do Corriere della Mesolcina, hoje Sua Alteza Sereníssima o Príncipe D. Andrea Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Duque de Mesolcina, 18º Príncipe de Mesocco e do Sacro Império Romano, 21º Conde-Duque d'Alvito, irá vos falar sobre uma das mais queridas famílias de Portugal, a Casa de Lafões.


A Casa Ducal de Lafões, que tem o mesmo sangue da Casa de Mesolcina, ou seja, são Capetianos, descendentes diretos do Rei Hugo I, dito O Capeto, de França. 


A origem da Casa de Lafões se deu com o casamento do Infante de Portugal D. Miguel de Bragança (1699-1724) filho ilegítimo, depois legitimado Del-Rei D. Pedro II de Portugal, e a Princesa D. Luísa Casimira de Sousa Nassau e Ligne, filha do Príncipe Carlos José de Ligne e de sua esposa a Marquesa Mariana Luísa Francisca de Sousa Tavares e Mascarenhas da Silva, 2ª Marquesa de Arronches, 5ª Condessa de Miranda do Corvo e 29ª Senhora e Chefe da Casa de Sousa.


Do casamento do Infante D. Miguel de Bragança e D. Luísa de Sousa e Ligne nasceram dois varões, que foram:

1: D. Pedro Henrique de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, que foi criado 1º Duque de Lafões por El-Rei D. João V no mesmo dia de seu Batizado, em 17 de fevereiro de 1718.


O Ducado de Lafões foi criado de jure e herdade, ou seja, hereditário, e com Honras de Parente da Casa Real, no grau de Sobrinho Del-Rei. Posteriormente, com a morte do seu pai e de sua mãe, herdaria todas as propriedades paternas e todos os títulos maternos, entre os quais a Chefia da Casa dos Sousa. 


O 1º Duque de Lafões foi prometido em casamento a Rainha D. Maria I, para que assim a descendência desta mantivesse a Varonia Régia dos Capetianos de Portugal. Todavia, nos tempos Del-Rei D. José I, o seu primeiro-ministro Marquês de Pombal, querendo debilitar a nobreza, proibiu o casamento da futura rainha e o Duque de Lafões, proibindo que este mesmo viesse a se casar, morrendo sem descendência em 1761. 


Foi o brasão concedido aos titulares do Ducado e da Casa de Lafões um escudo partido: I as Armas do Reino de Portugal, II as Armas dos Sousa, que é esquartelado, I e IV de Portugal com a diferença de um filete em contrabanda, II e III de goles com uma quaderna de crescentes de prata.

Por serem os Duques de Lafões os chefes da Casa de Sousa, o timbre é o castelo dourado dos Sousa, mesmo que os Lafões tenham por varonia a de Bragança.

Muitas pessoas enganan-se ao supor que no I campo do escudo, Portugal pleno, levaria também um filete de preto em contrabanda, por ser o pai do 1º e 2º Duques o Infante D. Miguel, filho natural Del-Rei D. Pedro II, mas isso é um engano, pois os Duques de Lafões são filhos legítimos de D. Miguel e sua esposa a Princesa Luísa de Sousa e Ligne, que foi, por sinal, entitulada como Duquesa honorária de Lafões, já o Infante D. Miguel não recebeu o título de Duque de Lafões, tendo já o de Infante de Portugal com o tratamento de Alteza. Dessa forma o Ducado de Lafões não levou o filete de filhos naturais.  


Com a morte sem descendência do 1º Duque de Lafões, este foi sucedido, não só no Ducado, mas em todos os seus direitos, por seu irmão, o segundo filho do Infante D. Miguel de Bragança e da Princesa Luísa de Ligne, que foi:


2: D. João Carlos de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, 2º Duque de Lafões entre 1761 a 1806. O 2º Duque de Lafões casou-se com 1788 com D. Henriqueta Júlia de Lorena e Meneses, filha dos Marqueses de Marialva, título depois herdado pela Casa de Lafões a partir da 3ª Duquesa. 


Como D. João Carlos de Bragança, 2º Duque de Lafões, não teve descendência masculina, surgiu a questão de que a Casa Ducal de Lafões perderia a Varonia Régia dos Capetianos, a Raça da Flor-de-Lis. Para evitar isso, D. João Carlos buscou casar sua filha mais velha, e herdeira, D. Ana Maria José Domingos Francisca Júlia Senhorinha Mateus Joana Carlota de Bragança e Ligne Sousa Tavares Mascarenhas da Silva com o Marquês D. Sigismundo Caetano Álvares Pereira de Mello, que por ser o segundo filho do 5º Duque de Cadaval, tinha a varonia régia dos Bragança.  


Foram então os 3º Duques de Lafões D. Ana Maria de Bragança e Ligne de Sousa Tavares da Silva e D. Sigismundo Caetano Álvares Pereira de Mello (de varonia Bragança). D. Sigismundo Caetano, pelo acordo matrimonial, não foi considerado apenas "duque consorte" de Lafões, como a Wikipedia e muitos na internet erram: foi mesmo considerado iux-uxoris, 3º Duque de Lafões junto de sua esposa. Foi no tempo da 3ª Duquesa da Lafões que o título de Marquês de Marialva, junto com todos os bens daquela Casa foram herdados pela Casa de Lafões.


Brasão do 3º Duque de Lafões, D. Sigismundo Caetano Álvares Pereira de Mello, aquelas de seu pai, o Duque de Cadaval, ou seja, de prata, uma aspa de goles com cinco escudetes de blau carregados de cinco besantes de prata postos em aspa (Bragança antigo), com a diferença de quatro cruzes de Pereira na aspa (Cadaval). Por timbre o 3º Duque de Lafões usou a timbre antigo dos Bragança.

Como D. Ana Maria de Bragança e Ligne de Sousa Tavares da Silva e D. Sigismundo Caetano Álvares Pereira de Mello tiveram apenas filhas mulheres, novamente surgiu a questão da possível perda da varonia real na Casa de Lafões. Para o evitar, casaram sua filha mais velha e herdeira, D. Maria Carlota de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, 4ª Duquesa de Lafões, que pelo acordo do matrimônio de seus pais, herdou o tratamento de Dona de seu pai, e o brasão e o sobrenome de sua mãe, além dos títulos todos da Casa de Lafões. 


D. Maria Carlota de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, futura 4ª Duquesa de Lafões, foi dada em casamento a D. Pedro João de Portugal e Castro (com varonia de Bragança), filho dos Marqueses de Valença e Condes de Vimioso, que também tinham a Real Varonia Capetiana da Casa de Bragança, de modo que o Sangue Real se mantivesse na Casa de Lafões. D. Maria Carlota de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, foi a 4ª Duquesa de Lafões entre 1851 a 1865, e tal qual ocorreu com seu pai, seu marido, D. Pedro João de Portugal e Castro foi iux uxoris, o 4º Duque de Lafões.


Brasão de Armas de D. Pedro João de Portugal e Castro, 4º Duque de Lafões, em direito de sua esposa, D. Maria Ana de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, 4ª Duquesa de Lafões. As armas são as de seu pai, o Marquês de Valença, que são de Bragança, ou seja, de prata, uma aspa de goles com cinco escudos de Portugal (Bragança), com a diferença de quatro cruzes de Pereira na aspa. Por timbre o 4º Duque de Lafões usou a timbre antigo dos Bragança.


Contudo existe um sério erro em alguns sites da internet, inclusive na Wikipedia, ao dizerem que D. Maria Ana não teria sido Duquesa de Lafões "apenas" teria sido 6ª Marquesa de Arronches, 34ª Senhora da Casa de Sousa, 10ª Condessa de Miranda do Corvo, Marquesa de Marialva, etc... e qual o motivo que dão para tentarem apagar o nome da 4ª Duquesa da Lafões da história? É simples, por ter ela sido educada em uma família legitimista, onde seu pai, o 3º Duque de Lafões lutou na Guerra dos dois Reis ao lado de D. Miguel I contra seu irmão, D. Pedro IV, a mesma opinião defendida pelo marido da 4ª Duquesa, D. Pedro João de Portugal, afirmam então que D. Maria Ana de Bragança não teria "se encartado" no título de Duquesa de Lafões... hora qual é a lógica dessa afirmativa?! Não seria o título ducal de Lafões em juro e herdade, ou seja, a sucessão a ela recaiu após a morte de sua mãe, da mesma forma que o título de Marquesa de Arronches, onde a mesma também não buscou os reis liberais para se encartar, mas mesmo assim sucedeu?! 


É certo e óbvio que D. Maria Ana de Bragança e Ligne de Sousa Mascarenhas da Silva foi a 4ª titular do Ducado de Lafões, juntamente com todos os demais títulos que a ela se atribuem por juro e herdade.


A 4ª Duquesa de Lafões foi sucedida por seu filho mais velho, D. Caetano Sigismundo de Bragança e Ligne Sousa Mascarenhas da Silva, 5º Duque de Lafões entre 1865 a 1927. O 5º Duque de Lafões abandonou o Palácio do Grilo como residência, e mandou construir um palacete novo, no qual mandou pintar suas armas pessoais no teto da sala de jantar, ao mesmo tempo que mandou fazer de pedra as grandes Armas dos Duques de Lafões (do 1º e do 2º Duques, que o 5º Duque retomou) no frontão da casa. Também mandou pintar as armas dos Ligne, de sua ilustre antepassada, a Princesa Luísa Casimira de Ligne, o brasão do Marquesado de Marialva, além do brasão de seu avô, o 3º Duque de Lafões (armas dos Cadaval). Este foi o brasão pessoal escolhido por D. Caetano Sigismundo de Bragança e Ligne Sousa Mascarenhas da Silva, 5º Duque de Lafões:


Escudo esquarelado: I e IV as Armas do Reino, II e III de blau com uma quaterna de crescentes de prata. 

Essas Armas do 5º Duque de Lafões chamam a atenção, pois, como Chefe da Casa de Sousa, poderia ter usado Sousa pleno, porém não o fez, com certeza, por essas armas já serem usadas pelos Duques de Palmela, da família Sousa Holstein, famosa por se porem ao lado de D. Pedro IV na "Guerra dos dois Reis", ao contrário dos Duques de Lafões e dos Duques de Cadaval, então D. Caetano Sigismundo não queria fazer alusão a qualquer "semelhança" com os Palmela em seu palacete. Outra razão pelo uso da cor azul no lugar do vermelho era por ser de fundo azul, com três flores-de-lis d'ouro, o brasão do Marquesado de Marialva, do qual era o titular. O 5º Duque foi casado com Leonor de Osete y del Alamo, tendo com ela quatro filhos (1 varão e 3 moças), sendo sucedido por seu único filho, D. Afonso. 


O 6º Duque de Lafões foi D. Afonso de Bragança e Ligne Sousa Mascarenhas da Silva, que foi o Duque entre 1927 a 1946, sendo que antes, havia recebido o título de Duque de Miranda do Corvo, até suceder seu pai como 6º Duque de Lafões. Esse título, uma elevação do Condado de Miranda do Corvo, passou a ser então utilizado como o título do herdeiro do Ducado de Lafões.



O 6º Duque parece ter retomado plenamente as Armas do Ducado de Lafões, ou seja, escudo partido: I as Armas de do Reino de Portugal, II as Armas dos Sousa, que é esquartelado, I e IV de Portugal com a diferença de um filete em contrabanda, II e III de goles com uma quaderna de crescentes de prata. Também foi o 6º Duque quem abandonou o uso do apelido composto de cinco partes: de Bragança e Ligne Sousa Mascarenhas da Silva, para usar tão somente o apelido de Bragança, que passou a sua descendência de seu casamento com D. Alice Cândida de Macedo, com quem teve sete filhos, sendo os três varões D. Lopo de Bragança, Duque de Miranda do Corvo, e mais tarde 7º Duque de Lafões; O Marquês honorário de Lafões D. Miguel Eduardo de Bragança; e D. Diogo de Bragança, encartado como Marquês de Marialva. 

O 7º Duque de Lafões (1946 a 2008), D. Lopo de Bragança casou-se com Maria José da Graça Focco Viana Salvação Barreto. Como o 7º Duque não teve descendência, foi sucedido por seu sobrinho, D. Afonso Caetano de Barros e Carvalhosa de Bragança, filho do Marquês D. Miguel Bernardo de Bragança e de sue esposa D. Maria da Assunção de Barros Carvalhosa, filha dos Viscondes de Santarém. D. Afonso Caetano foi o 8º Duque de Lafões entre 2008 a 2021. 

Os 8º Duques de Lafões, D. Afonso Caetano de Bragança e D. Maria de Barros Carvalhosa foram pais de D. Miguel Bernando de Casal Ribeiro Bravo de Bragança, nascido de 1982, e que é o 9º Duque de Lafões, bem como 4º Duque de Miranda do Corvo, 11º Marquês de Arronches, 14º Conde de Miranda, 10º Marquês de Marialva, 11º Conde de Cantanhede, 5º Conde de Cavaleiros e 11º Marquês de Arronches desde 2021. 


sexta-feira, 19 de julho de 2024

Casa de Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia

 Como muitos de vocês devem saber, Fiéis Leitores do Corriere della Mesolcina, a Romênia foi uma Monarquia hereditária entre os anos de 1862 até 1941, quando proclamou-se a república naquele país, com a deposição de Sua Majestade El-Rei Miguel I, último Rei dos Romenos (sim, Rei dos Romenos era o título oficial do Chefe de Estado do Reino da Romênia, e não "Rei da Romênia", como algumas pessoas erroneamente deduzem). 


A Dinastia Real romena foi a Casa Principesca de Hohenzollern-Sigmaringen, uma Casa Principesca alemã, que iniciou como uma Casa Condal, chegando ao posto de Príncipes do Sacro Império Romano-Germânico, e cujo um ramo, tornou-se mais tarde a Casa Real da Prússia. A Casa de Hohenzollern é uma Dinastia Católica, já seu ramo da Prússia é protestante, e o ramo romeno é ortodoxo. 


A ligação entre o Reino da Romênia é a Casa Principesca de Hohenzollern-Sigmaringen foi mais do que uma ligação dinástica, verdadeiramente uma ligação política, consagrada na Constituição Romena de 1862, que ditava que o Trono da Romênia seria hereditário seguindo os princípios da Lei sálica, ficando para sempre excluídas da sucessão as mulheres e sua descendência, e em caso da morte del-Rei Carlos I (primeiro Rei dos Romenos) sem descendência masculina, o Trono passaria a algum de seus irmãos ou sobrinhos, que permaneciam como Príncipes de Hohenzollern-Sigmaringen na Alemanha. 


Brasão de Sua Alteza o Fürst von Hohezollern, Chefe da Casa Principesca de Hohezollern-Sigmaringen

Como pode ser visto, a ligação entre o Reino da Romênia e a Casa Principesca de Hohenzollern-Sigmaringen não encerrou-se com a Coroação do então Príncipe Karl von Hohenzollern-Sigmaringen como Carlos I dos Romenos: no caso da morte do monarca romeno sem descendência masculina e legítima, o trono passaria a algum dos demais príncipes da Casa de Hohenzollern-Sigmaringen; e isso não manteve-se apenas como um teoria, isso realmente aconteceu em 1914, quando realmente El-Rei Carlos I faleceu sem ter descendência masculina, e foi chamado ao trono romeno o príncipe Ferdando von Hohenzollern-Sigmaringen, que reinou como Fernando I dos Romenos entre 1914 a a 1927.


Desta forma, o Rei dos Romenos não poderia simplesmente se "desvincular" da Casa Principesca alemã de Hohenzollern-Sigmaringen: a ela estava atrelada a sucessão dinástica da Romênia, e isso parecia inquestionável, até que no ano de 2011, o ex-Rei Miguel I dos Romenos, por meio de uma instrumento particular, buscou distanciar a sua Casa da Casa de Hohenzollern-Sigmaringen, pois não tendo filhos homens, decidiu que suas filha deveriam ser as herdeiras do Trono Romeno... todavia a Romênia é uma república desde 1941, e nem ao menos um ex-Rei pode modificar a linha de sucessão de seu antigo Reino, é necessário estar no Trono para, por vias legais (quer seja pela aprovação do Parlamento, que seja pela via de cada país) ter uma alteração nas leis sucessórias.



O ex-Rei Miguel I pode até não ter tido filhos, mas seu falecido pai, El-Rei Carlos II dos Romenos, teve mais filhos homens além de Miguel I, de modo que Miguel I tinha em 2011 um sobrinho, o Príncipe Paul-Philippe von Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia, filho do falecido Príncipe Carol Micea von Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia, filho do Rei Carlos II e de sua primeira esposa, Joanna Maria "Zizi" Lambrino. 


Muito tem-se discutido se o casamento do então Príncipe Herdeiro Carlos da Romênia com Zizi Lambrino, ocorrido em 1918 foi válido, mas disso não restam dúvidas: ambos eram solteiros, ambos de fé ortodoxa. O Rei Fernando I, pai de Carlos II, não aceitou o casamento do filho com Zizi Lambrino, descendente de uma família da nobreza bizantina e buscou anular o casamento do filho, todavia, não buscou, em momento algum, declarar como desiguais os descendentes do dito casamento! Quando Carlos II casou-se com a Princesa Helena da Grécia e Dinamarca (mãe del-Rei Miguel I), em 1921, o casamento religioso de Carlos II e Zizi Lambrino não havia sido declarado nulo pela igreja Ortodoxa! 


Desta forma quando, em 2011, o já ex-Rei Miguel I dos Romenos tentou romper com a Casa Principesca de Hohenzollern-Sigmaringen, designando suas filhas como suas sucessoras na Chefia da Casa Real Romena, o ato foi imediatamente contestado pelo Príncipe Paul-Philippe von Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia, que sendo casado, é pai do Príncipe Carol Ferdinando von Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia. Todavia, como não podemos alterar a tentativa do ex-Rei Miguel I, e sabendo que esse ato carece de total validade, haja vista que apenas após a Restauração da Monarquia, o Parlamento deveria avaliar se o novo Rei dos Romenos seria o Príncipe Paul-Philippe von Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia; S.A. o Fürst Karl von Hohenzollern-Sigmaringen (da Alemanha) ou realmente seria a Princesa Margareta, filha mais velha do Rei Miguel I, aqui iremos apenas expor aquilo que realmente cabe, de modo incontestável ao Príncipe Paul-Philippe: ser um Príncipe da Casa de Hohenzollern-Sigmaringen, da linha da Romênia. 


Na condição de Príncipe de Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia, este é o brasão que cabe ao Príncipe Paul-Philippe von Hohenzollern:

Grandes Armas do príncipe Paul-Philippe von Hohenzoller da Romênia

 

Pequenas Armas do Príncipe Paul-Philippe de Hohenzoller da Romênia


Os brasão acima, que sejam em Grandes Armas (com a águia "romena" no campo) ou em pequenas Armas, cabem a todos os descendentes masculinos do Rei Carlos II dos Romenos, que obviamente tenham nascido de casamento legítimo, e que, por isso mesmo, possuam a condição de Príncipes de Hohenzollern-Sigmaringen e do Sacro Império Romano, com o tratamento de Altezas Sereníssimas.


Devemos compreender que a Casa de Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia é um ramo da Casa Principesca de Hohenzollern-Sigmaringen, da qual lhe provém os títulos de Príncipe, com o tratamento de Alteza Sereníssima, e por isso mesmo, estão sujeitos a Sua Alteza o Fürst von Hohenzollern, Chefe da Casa Principesca de Hohenzollern-Sigmaringen. Se os Príncipes Hohenzollern-Sigmaringen da Romênia terão sucesso em um dia novamente terem o título de Príncipes da Romênia, com o tratamento de Altezas Reais, só a história irá dizer.


Por Sua Alteza o Príncipe D. Andrea III Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, Duque de Mesolcina, Príncipe de Trivulzio, de Mesocco e do Sacro Império Romano.

Acesse: www.trivulziogalli.com

sábado, 13 de julho de 2024

Papa Bento VI Trivulzio

 


Papa Bento VI Trivulzio, nascido Benedetto Teodoro, Conde de Trivulzio. Existem dúvidas sobre sua data de nascimento, sendo filho do Conde D. Hildebrand Teodoro Trivulzio, chamado de "O Germânico" (929-974), e de sua esposa Conradina da Saxônia, filha (possivelmente ilegítima) de Liudolf da Saxônia, Duque da Suábia.

 

Apesar de muitos erros sobre a identificação do Papa Bento VI Trivulzio, e alguns erros verdadeiramente grosseiros, como o da Wikipedia brasileira, que errando ao traduzir as crônicas do biógrafo Ricobardi di Ferrara, afirma que era o Papa Bento VI quem teria se chamado "Ricobadi di Ferrara", sendo que Ricobardi, como sabemos, viveu quase três séculos após a morte do Papa Trivulzio...

 

O pai de Bento VI Trivulzio, o Conde Hildebrand, filho mais velho de D. Ascânio I, primeiro Conde de Trivulzio, chamado de "O Longevo" (900 a 980), e, falecendo antes do pai, não sucedeu como II Conde de Trivulzio. O casamento de Hildebrand Trivulzio com sua prima Conradina da Saxônia (sendo ambos descendentes diretos do Imperador Henrique I, chamado de "O Passarinheiro"), aumentou a germanização deste, ao ponto de seu filho, Bento VI, ser por vezes dito como "germânico", como seu pai.

 

Antes de sua Eleição a Sé Petrina, Bento VI foi o Cardeal-Diácono da Diaconia de San Teodoro em Roma, e parece mesmo ter vivido com grande simplicidade e humildade de espírito, sendo considerado mesmo que levava uma vida eremítica, mesmo sendo Cardeal.

 

 

Brasão, desenhado com os padrões atuais, representando as Armas do Papa Bento VI Trivulzio

 

Muito pouco sabemos sobre o reinado do Papa Bento VI Trivulzio, apenas que foi Eleito para o Trono de Pedro após a morte do Papa João XIII (ou seja, em setembro de 972), porém Bento VI esperou pela Confirmação Imperial de sua Eleição pelo Sacro Imperador Otto I, dito "O Grande". Essa atitude valeu contra o Papa Bento VI Trivulzio a antipatia da nobreza romana, em especial de Crescenzio di Theodora, ancestral da família Crescenzi, que ansiava por ter um papa mais distante dos Imperadores. Mesmo assim, em 19 de janeiro de 973, após a Confirmação Imperial, Bento VI Trivulzio foi Consagrado e Coroado como o 134° Bispo de Roma e Papa da Santa Igreja Católica.

 

As Bulas assinadas por Sua Santidade o Papa Bento VI Trivulzio foram em sua maioria para confirmações de Privilégios de Mosteiros e Igrejas. A política eclesiástica de Bento VI Trivulzio seguiu os mesmos caminhos das elaboradas por seus predecessores Leão VIII e João XIII.

 

Em 7 de maio de 973, O Sacro Imperador Otto I morreu, e os romanos, que haviam tolerado mal a presença de outro papa imposto pelo Imperador, renovaram sua indignação com a influência imperial. Já no momento da nomeação a muito poderosa família Crescenzi, chefiada por Crescenzio, tinha apoiado vigorosamente um dos seus candidatos, Francone filho de Ferruccio. Durante mais de um ano a situação permaneceu tensa, mas em junho de 974, aproveitando o fato do novo Sacro Imperador Otto II estar ocupado em reprimir a turbulência interna na Alemanha, eclodiu uma insurreição em Roma que levou à captura e prisão do Papa Benedetto VI Trivulzio no Castel Sant'Angelo. Crescentius colocou Francone (como antipapa) no trono papal no lugar de Bento, com o nome de Bonifácio VII e logo o próprio Bento VI Trivulzio foi estrangulado na prisão por um padre chamado Stefano (que atuou como "longo braço" do antipapa Bonifácio VII), porém existe a possibilidade de Bento VI ter sido assassinado pelo próprio antipapa Bonifácio VII. O Anuário Pontifício tende a indicar o mês de julho como a data do fim do papado, devido à incerteza que cerca o destino do pontífice.

 

Litografia moderna, provavelmente do século XVIII, do Papa Bento VI Trivulzio, com o brasão d'Armas da Família Trivulzio acima do Pontífice

 

Apesar da aversão inicial do povo romano ao Papa Bento VI, o seu assassinato desencadeou o horror e a reação do povo, obrigando Franco a fugir para Constantinopla (em julho de 974) onde também levou o tesouro da Igreja, para o grande satisfação do Patriarca, enquanto Crescenzio teve que se retirar para um convento. Não há evidências de que tenha retornado à vida externa até sua morte, ocorrida no convento de Sant'Alessio em 984.

 

A história da Casa Trivulzio, entre os séculos XII e XVII fez um profundo silêncio sobre a existência de Bento VI, não sabemos o motivo para isso; muito provavelmente o fato da família Crescenzi ter aumentado em importância na política romana, ou, quem sabe a ligação entre o Papa Bento VI Trivulzio e o partido pró-império possivelmente dificultar que possíveis Cardeais da Casa Trivulzio fossem novamente Eleitos para o Trono de São Pedro (o que realmente não mais ocorreu até nossos dias). Todavia, hoje a Casa de Trivulzio relembra esse seu personagem histórico com muito orgulho.

 

Mesmo sem ter tido tempo de nomear qualquer Cardeal, após o Papa Bento VI Trivulzio surgiu uma grande tradição eclesiástica na Casa Trivulziana, tendo essa tido nada menos que seis Cardeais, sendo eles:

Cardeal Agostino I, Conde de Trivulzio, Arcebispo de Reggio e Bispo de Turim

Cardeal Antonio III, Conde de Trivulzio

Cardeal Scaramuccia I, Conde de Trivulzio e Conde de Melzo, Bispo de Como

Cardeal Scaramuccia II, Conde de Trivulzio, Bispo de Piacenza

Cardeal Antonio V, Conde de Trivulzio, Bispo de Toulon

Cardeal Giangiacomo Teodoro II, Príncipe e Duque de Mesolcina